sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O VÍCIO NOSSO DE CADA DIA

O veneno é sempre doce, disse Raul Seixas. Compositor e intérprete genial, o jovem, destemperado nos seus arrojos, bem entendia de venenos, e das suas doçuras. Extasiado pelo ¨doce veneno¨, dele precocemente morreu.

Os vícios são os venenos sociais e da alma humana. Mas eles andam a nos seduzir, protegidos uns, pelo arcabouço legal da sociedade, outros, malsinados e escolhidos como inimigos letais. O consumismo é um vício, mas que movimenta a máquina da economia. Uma simples coca–cola, ou um hambúrguer, transformam-se em vícios. O álcool, o cigarro são outros em potencial, e o cigarro, talvez seja um dos mais corrosivos objetos de consumo humano. Mas a sociedade os tolera.

Na maconha, comprovadamente muito menos perniciosa do que o fumo, constata-se, que um dos seus elementos, o canabidiol, tem enorme potencial curativo, e já faz parte de medicamentos que a ciência tornou disponíveis. Breve, com a descriminalização da maconha em vários países, agora mais ainda em vários estados americanos, o que era vício deletério se transformará em rendoso negócio.

E nós por aqui enfiando a cabeça no buraco para não tratar com objetividade e sem preconceito ou hipocrisia do gravíssimo problema social da droga, ficamos a pagar à policia para ela correr atrás de maconheiro, quando se sabe que as drogas pesadas cada vez mais estão se espalhando, agora sob o formato de produtos químicos, consumidos desbragadamente pelas baladas da vida. 

Com todo o aparato repressor, os americanos não conseguiram ainda que os seus narizes fossem tapados, e eles deixassem de ser os maiores cheiradores de cocaína do mundo, seguidos, bem de perto, pelos brasileiros.

Existe algo de errado nessa forma de combater um problema de saúde pública através exclusivamente da repressão, que termina quase sempre a associar-se aos traficantes, senhores de um negócio irresistivelmente atrativo. No mundo, o terceiro em movimentação financeira.

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