sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A BATALHA DE STALINGRADO E O ¨GENERAL¨ JACKSON BARRETO

A Batalha de Stalingrado foi a mais decisiva da Segunda Grande Guerra. A cidade não era apenas um local estratégico, era emblemática. Além do significado do próprio nome, o bastião fortalecido às margens do Volga marcava o ponto crucial, que se ultrapassado, abriria o caminho para os alemães chegarem aos grandes campos de petróleo, às infindáveis planícies férteis da Rússia.  Depois, seria fácil cruzar os Urais, avançar pelas estepes e chegar às praias da Sibéria asiática para fazer uma junção estratégica com os aliados japoneses. Hitler consolidaria o domínio da Europa, apressaria o projeto da bomba atômica, e se tornaria imbatível. A luta pela posse de Estalingrado, a valentia dos seus defensores, tornou-se sinônimo da resistência ao avanço do nazi-fascismo.

Durante a campanha eleitoral em Aracaju, um jornalista que gosta de fazer imagens assim grandiosas, associando o presente à episódios da História, riscou um panorama certamente exagerado, mas, bem acentuando as ressalvas: ¨essa disputa pela Prefeitura de Aracaju guardadas as devidas proporções, é  como se fosse uma batalha de Stalingrado¨. Pois bem, então, mal começava a noite de domingo, dia 2, quando os primeiros resultados da eleição foram divulgados, o jornalista telefonou para um amigo e disse- lhe: ¨Jackson é o general da nossa Batalha de Stalingrado¨.

Vencer a maior coalizão política já formada em Aracaju, parecia mesmo uma tarefa impossível. Parodiando a colunista Thaís Bezerra, diríamos que de A até Z, todas as elites políticas, e também facções (isso no sentido mesmo de agremiações delituosas) se juntaram, colocando à frente do camuflado projeto um jovem que poderia até alimentar ideias novas, mas, ficou prematuramente envelhecido, por conta do proposito consciente ou inconscientemente a representar. 

A Prefeitura de Aracaju, ou, mais especificamente, os seus recursos, os seus meios, seriam colocados à disposição de um projeto de poder individualizado, personalista, e em certos aspectos nitidamente patrimonialista. Para que se faça essa constatação basta que se verifique a biografia, ou o prontuário dos que, não podendo nele colocar a própria cara, buscaram uma face mais aceitável, e que tivesse a necessária esperteza política para esconder muito bem aquela parte dos seus mal embuçados apoiadores.

O ¨general¨ que venceu a batalha impossível, certamente, com sensibilidade política, irá retirar dela algumas indispensáveis lições, que assim poderiam ser resumidas: Reconhecer que o resultado duramente alcançado, as circunstancias difíceis do momento, não deixam margem para grandes euforias. Admitir que existe enorme insatisfação na sociedade, (os votos nulos e brancos revelam) impondo, assim, urgente readequação no governo, que chega aos dois anos assolado pela devastadora crise nacional.

Por fim, feitas essas óbvias constatações, e ultrapassada a fase dos desabafos naturais diante da carga exagerada de ofensas sofridas, o ¨general¨ da nossa Stalingrado, que se fez imbatível pelo carisma que ainda conserva, e pela sagacidade de farejador dos sentimentos populares, terá de  manter nos seus pés as sandálias da humildade,  e abrir um caminho de  pacificação dos espíritos, fazendo, da vitória, o instante da descoberta  de que Sergipe nada ganha  com  o radicalismo contaminando a nossa forma de fazer política. Deixando bem claros, todavia, os sentimentos que já expressou, de que, entendimento a favor de Sergipe não se pode confundir com projeto político idêntico.

Depois de vencida a nossa batalha de Estalingrado, ou simplesmente de Aracaju mesmo, que tentem, o ¨general¨ vencedor, e os ¨coronéis¨ derrotados, hastear as suas bandeiras brancas, simbolizando que  há o interesse público a ser preservado.

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