A disputa eleitoral em Aracaju ficará marcada
pela troca de acusações. Os problemas da nossa capital ficaram de fora. De certa forma, guardadas as devidas
proporções, a renovação proposta por Valadares Filho foi algo que muito se
assemelha à “renovação” prometida pelo desembestado candidato Donald Trump. A parte doentia ou fanática do eleitorado
americano aderiu a ele.
Em Aracaju, não há nenhuma parte doentia do
eleitorado. A capital sergipana sempre destacou-se pela independência e
politização dos seus eleitores. Não corre o risco de deixar-se levar por
modelos fabricados em dispendiosos laboratórios de marketing eleitoral.
A marquetagem do candidato Edvaldo derrapou,
quando acusou o candidato Valadarezinho de ter crescido indevidamente o
patrimônio pessoal , desde que se tornou deputado. O revide veio pesado e grosseiro. A campanha
mergulhou num terreno movediço, onde a elegância ficou ausente.
Em princípio, é preciso reconhecer que nem
Valadarezinho nem Valadares pai são ladrões.
Edvaldo, vindo de família pobre de Pão de Açúcar,
e aqui tendo feito estudos e a carreira política, sem depender de papai, teve a
grande oportunidade para roubar, se fosse desprovido de escrúpulos, quando , por cinco anos, foi Prefeito de Aracaju. Não roubou, não houve escândalos na sua
administração.
Jackson, que não é candidato, e também não
será em 2018, apesar disso, é alvo de ataques, de quem, faz menos de seis meses, era aliado,
ocupava esperou apoio até a última hora.
Jackson também não é ladrão. Filho de
bodegueiro e professora, não teve pai poderoso para fazê-lo bem sucedido na carreira
política, que já se faz longa. Sergipe, como tanto repete Albano Franco, ¨é muito
pequeno, e aqui todos se conhecem¨. Sabe-se quase tudo sobre a trajetória e o
comportamento dos nossos homens públicos.
Partindo da premissa de que nenhum dos dois
candidatos é ladrão, torna-se desprezível qualquer investida marqueteira
tentando sugerir algemas para os seus pulsos.
Valadares Filho, ele, próprio, certamente
também, se for eleito, não irá roubar, todavia, pelos compromissos assumidos
com gente tão conhecida, e com prontuário bem visível, poderá ser induzido a
ter a mesma permissividade revelada no
decorrer dessa conturbada disputa política.
Assim, existem preocupações de outra ordem.
Valadarezinho não conduziu a sua campanha
como se esperaria de alguém que, pertencendo ao Partido Socialista Brasileiro, teria
algum legado de civilidade política, de convicções democráticas a preservar.
Sua campanha chafurdou no lôdo do radicalismo, da intolerância, e sobretudo naquela
falsidade de assumir posições que nunca
teve, de negar o passado bem recente ao lado de Lula, Dilma, do PT, e ocupando,
ele, o pai e seus amigos, posições importantes na República petista, que agora,
por oportunismo, renegam.
Valadarizinho tornou-se porta-voz de tudo o que é
intolerância. O capitulo final da campanha, com a participação virulenta e
indecente de um fóssil político chamado Silas Malafaia, foi a adesão deles, os
¨socialistas¨, a tudo o que ha de mais retrógrado, feio e indigno
no cenário marginal da politica brasileira. Censuraram o humor, a
criatividade artística, proibiram o riso e espalharam a raiva. Refugiaram-se no discurso repugnante do
rancoroso Malafaia.
Se Valadarizinho não teve nojo de Malafaia, e o fez aliado,
é possível, também, que não saiba manter a asséptica distância de gente tão
conhecida que agora o cerca, e sustenta sua candidatura, gente reincidente em
meter as mãos nos cofres públicos. Essa gente, embora respondendo a processos, já planeja ¨licitações ¨para o lixo, para
obras em geral, para alimentar uma rede de comunicação, ou fazer mais festas. Há
o risco real de ver-se, instalada na Prefeitura de Aracaju aquela mesma turma que
andou ludibriando bancos, escondendo frotas de caminhões, e participou das
trambicagens do hoje presidiário Eduardo Cunha. Nisso, reside a grande
diferença entre um e outro candidato.
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