sábado, 22 de outubro de 2016

EM DEFESA DA VAQUEJADA

Quando Jânio Quadros entre um porre e outro resolveu proibir a briga de galos e o biquiní, os galistas, que não eram poucos, argumentaram fracamente em defesa daquele coisa ridícula: dois bichos de pena se estraçalhando numa rinha rodeada de espectadores fazendo apostas e gritando como loucos. Já o biquíni, interditado, gerou bem humorados protestos, e provocações de ousadas mulheres, que foram desafiar a determinação moralisteira de um hipócrita demagogo, exibindo cada vez mais os corpos, numa progressão fascinante rumo a uma nudez inconclusa.

As mulheres resistiram, venceram, e o biquíni sumário tornou-se a marca da ousadia voluptuosa das brasileiras. Já os galistas, reprovados e mofinos, se conformaram em sobreviver como contraventores, escondendo seus combatentes e os levando a torneios frequentados por poucos aficionados, entre eles o publicitário Duda Mendonça.

Já a vaquejada é coisa bem mais ampla, é esporte ou lazer, arraigado e forte no nordeste, e em torno da qual gravita um mundo de negócios lucrativos e geradores de empregos.

Na Espanha quiseram proibir a tourada, uma tradição tão antiga quanto a própria velha Castela. O balé desafiador do esguio toureiro esquivando-se com a sua capa e espada da fúria do desassossegado miura, é a metáfora do sangue borbolejante do irredentismo espanhol.

A tourada, ou “a arte de Cuchares”, denominação  que homenageia um grande toureiro, existe há quase mil anos e em todo esse tempo sofreu proibições, sempre revogadas. Uma bula do papa Pio V proibiu a “corrida”. O povo ficou descontente, os nobres que organizavam as fiestas, foram ao rei Filipe II pedir a sua intervenção, e ele perguntou-lhes: O que proibiu o Papa? Os nobres responderam: Proibiu a corrida dos touros. Então, disse Filipe, não contrariemos Sua Santidade,  vamos por para correr as vacas.

O filósofo Ortega y Gasset disse que não se pode compreender a Espanha, sem que se tenha pleno conhecimento da história das touradas.

Ousamos então dizer: Não se pode compreender melhor a alma nordestina sem que se tenha um conhecimento da corrida de mourão, da pega de boi no mato, do mourejar da vaqueirama.
O nordeste se organiza em defesa da vaquejada.  Por esses dias estarão muitos em Brasília pedindo aos senadores e deputados que regulamentem a vaquejada, que a tornem  legal e garantida,  desde que se exijam  os cuidados indispensáveis com os animais.

Por aqui há também muita movimentação. O deputado Jairo de Glória, defendendo a vaquejada tem percorrido o sertão, se manifestado na Assembleia. A deputada Sílvia Fontes, organizou um concorrido evento na Assembleia. Não vamos nos conformar com o preconceito e a discriminação.

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