segunda-feira, 17 de outubro de 2016

BOB DYLAN O NOBEL E UMA GERAÇÃO EM FESTA

BOB DYLAN O NOBEL E
UMA GERAÇÃO EM FESTA
No Brasil, os anos sessenta e setenta, fizeram uma geração movida por generosos sonhos deparar-se com a realidadecinzenta da supressão de direitos, da liberdade, e até da licença íntima para se manter sonhando.
A geração daquele tempo de tantas ditaduras ferozes, ouusando a focinheira de algum comedimento, tivera a visão de uma nova sociedade nascendo em Cuba, com a vitória dos guerrilheiros barbudos, e ouvia, baixinho, a rádio Havana, como se fosse um farol a anunciar o mundo novo. Passaram alguns anos, para que ficasse bem claroque não se muda a sociedade  encostando ¨ inimigos do povo ¨ a um muro para fuzilá-los.
E ficou a pergunta aguilhoante : Quais seriam mesmo os inimigos do povo, e quem os escolheria ?
Havia uma ansiosa busca de liberdade, de demolição de preconceitos emodelos estabelecidos, a busca da Justiça, o sonho da igualdade. Acontecia o Maio Parisiense, a Primavera de Praga,Woodstock, a marcha pelos Direitos  Civis liderada por Martin Luther King,  a luta de Mandela e do seu povo contra a vergonha do apartheid, a condenação ao matadouro do Vietnam.
 Havia uma agitação cultural criativa, filósofos se tornavam modismos, artistas, saídos das ruas,tomavam o lugar das celebridades, poesia e protestos se fazendo com música; mobilizando o povo, ampliando o espaço do diálogo, vitalizando os guetos onde se refugiava a liberdade oprimida.  A geração daqueles anos viveu tudo isso, amadureceu, ficou velha, embora aindaacreditando  na esperançosa utopia de um mundo novo, construindo-se em paz, onde alguém se dedicará a plantar a flor que as próximas gerações poderão colher, no cenário pacificado e límpido de uma terra amainada, e de um céu azul.
Bob Dylan foi o mais suave, vigoroso e abrangente menestrel desse tempo de ansiedades, revoltas, tragédias, opressão, libertação, razão, lucidez,  ódio, e amor sem as amarras  do preconceito.
Por isso, quando a Academia Sueca concede ao caipira country , o Premio Nobel de Literatura, toda a geração, de todo o mundo, que viveu aquele tempo em que a voz fanhosa dele, mandava que soprássemos ao vento, se sente regiamente homenageada.

Pena, que não tenhamos mais no Senado FederalEduardo Suplicy, para continuar quase recitando ,Blowing in the Wind. Mas ele irá lembrar  da poesia de Dylan, a poesia de um tempo,  na Câmara de Vereadores paulistana, estimulado pela força da decência cívica dos seus 300 mil votos.

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