HIPOCRISIAS, HIPOCRISIAS
Uma lei que criminalizaria o Caixa-2 e
ao mesmo tempo anistiaria os que o fizeram, ou dele se beneficiaram,
sorrateiramente apresentada na Câmara, foi duramente combatida por diversos
parlamentares, e na confusão criada só restou a alternativa da retirada da
matéria em pauta.
A mídia, que agora virou farol
moralisteiro a apontar o porto da virtude, logo desancou o projeto, e alguns
deputados começaram a aparecer indignados, denunciando a manobra, aliás
errada e inepta, pela maneira como foi conduzida.
No íntimo de cada um,o sentimento é
outro, todavia, têm medo de externá-lo, temendo o linchamento da opinião
pública, agora trabalhada para crer que o único mal a afetar o Brasil é a
corrupção, e que só uma Lava – Jato espalhada por todo o país conseguiria
corrigí-lo .
Não há um só politico no Brasil que um
dia, no sôfregocorre -corre das campanhas eleitorais, não tenha recorrido
a algum empresário, pedindo-lhe socorro. E nenhum deles perguntou seo
dinheiro ofertado resultaria do hoje tão satanizado Caixa – 2.
Esse era um procedimento reconhecido e
aceito, pelo menos nas rodas do mundo político, onde aliados e
adversários conversavam sobre suas fontes de financiamento.
Não são somente políticos que buscam
apoios empresariais, o político, pelas contingencias, faz disso uma prática
corriqueira,todavia, não divulgada, já outros setores, como associações de
magistrados ou de procuradores ou promotores, vez por outra tornavam público
eventos dos quais participavam com o apoio de empresas X ou Y, e esses casos
compreendiam patrocínios para eventos, viagens, ou iniciativas das próprias
associações ou grupos de magistrados, e promotores de Justiça. E quem
poderia assegurar que o dinheiro gasto em tais eventos estaria estritamente
dentro das normas contábeis, com plena obediência às regras do nosso sistema tributário
? Ou que as empresas patrocinadoras fariam tudo por mero altruísmo ?
A Rede Globo promove todo ano o prêmio
INOVARE, que é um reconhecimento de boas iniciativas na área dos operadores do
Direito que contribuam para a eficácia maior da Justiça. Se amanhã se descobrir
que os recursos utilizados teriam passado por uma triangulação em paraísos
fiscais, magistrados e procurador e ssofreriam constrangimentos ?
Não se quer aqui afirmar que o meio
político venha a ser um jardim florido e primaveril, onde florescem todas as
virtudes, seria uma bruta ingenuidade, ou estupidez, imaginar-se tal panorama.
Ninguém, a não ser parceiros do mesmo
crime, dirá que na PETROBRAS, nos Fundos de Pensão, nada mais ocorreu
além do financiamento para campanhas eleitorais. A realidade espantosa da
roubalheira efetuada não permite tal desconhecimento do que é óbvio e ululante.
O que não se pode é festejar a
hipocrisia.
Se na nova lei que se pretende fazer
criminalizando o Caixa -2 houver efeito retroativo, não se fará mais nada neste
país a não ser assistir o espetáculo televisivo de todos os políticos indo
parar na cadeia. E só iriam os políticos ?
Nenhum comentário:
Postar um comentário