sábado, 17 de setembro de 2016

A MORTE DE ¨ SANTO ¨ NAS ÁGUAS DO VELHO CHICO




 A MORTE DE ¨  SANTO  ¨ NAS
ÁGUAS DO VELHO   CHICO
O ator Domingos Montagner, revela-se agora, era um desses seres humanos bafejados pela rara, sutil e virtuosa arte de viver em harmonia. O século vinte acompanhou a trajetória sublime de um genial palhaço: Charles Chaplin. O ¨clown ¨completo e perfeito , que fez rir, chorar, e levou a comédia a abranger a tragédia de um tempo opresso de medos, destruição, e dúvidas atrozes sobre o destino da humanidade.
Chaplin fez, da figura do ¨clown ¨ por ele elaborada, um ideal perseguido pelos melhores ¨clowns ¨que o sucederam. O palhaço se tornou a imagem do bem, e os vemos a fazer o bem do riso alegre nos picadeiros, e o riso que ilumina a face de tristeza das crianças nos hospitais, despedindo-se da vida breve. Há, entre os que fazem a arte de representar aquela convicção de que o cômico poderá interpretar melhor a tragédia , mas o contrário não ocorre.
DomingosMontagner, o Santo da novela Velho Chico, era um palhaço, talvez por isso, tenha dado tanta consistência , tanta expressividade, a um homem  rústico que simbolizou a resistência, a força da superação da tragédia humana e telúrica do Velho Chico, um rio condenado à morte, e nesse rio,  o Santo escapou, na ficção, da morte,  e na realidade  as vezes cruel da vida, Domingos Montagner pelo Velho Chico foi levado.
A vida é fascinante, trágica, sorridente, triste, despreocupada, tensa, cruel, solidária. Por isso, é fantástica a aventura de viver.
Por isso,talvez o tempo da existência não conte tanto para os que, em curto tempo, assimilam a essência dessa aventura.
A tragédia suscitou uma controvérsia: haveria ou não advertências bem visíveis, segurança numa ¨prainha ¨tão frequentada e tão perigosa? Acontece que Domingos Montagner e Camila Pitanga saíram de um restaurante onde almoçaram e caminharam até um ponto afastado da ¨prainha ¨ onde há muitas pedras, e lá desceram ao rio, e começaram a nadar, e teriam tentado chegar até uma ilhota de pedras a uns duzentos metros. No local é bem visível a forte correnteza e também os torvelinhos,os ¨remansos ¨fortes que se formam acompanhando a descida das águas. O perigo é evidente, mas os atores talvez, por serem jovens e saberem nadar bem, não os temeram. A vida é sempre uma aventura.
Masum secretário municipal que acumula as tarefas do turismo, cultura, esporte e comunicação, seguramente destituído de inteligência , vocação ou sensibilidade para exercer qualquer uma delas, despertou a polemica ao dizer que os salva-vidas foram retirados do local quando iniciaram-se as obras da Orla, e que a responsabilidade estaria entre a empresa construtora e o estado que a construía, enquanto a prefeitura esperava a entrega da obra pela construtora.  O governo do estado prontamente distribuiu nota atribuindo a responsabilidade à Prefeitura, e com issocriou-se uma polemica nada saudável à imagem turística de Canindé, do Canion de Xingó, porque estendeu-se por toda a mídia.
 Tudo iniciado por quem deveria ter um mínimo de inteligência, tanto para expressar arealidade, a verdade, como para saber que turismo é uma atividade  que depende, substancialmente, da avaliação que fazem os turistas  do destino que escolhem.
Quem conhece alguma coisa além doslimites estreitos onde a ignorância os restringe, sabe, por exemplo, que em nenhuma praia, em nenhum balneário famoso pelo mundo existem salva-vidas, ou até simples advertências  nos locais além da área mais frequentada. Na Pedra do Arpoador junto às badaladíssimas Copacabana e Ipanema não há salva-vidas a postos, e ali morrem pessoas, por suicídio ou imprudência, porque o perigo é evidente. Em Balneário Camboriu, as extremidades da alongada praia se misturam com pontos acidentados, pedregosos, ali, poucas pessoas se aventuram a ir, e por isso não há  salva –vidas. Na praia de Maresias em São Paulo, na área frontal aos bares e restaurantes, banhistas e surfistastêm salva-vidas por perto, mas, logo adiante,nas duas direções, a praia  se vai  tornando deserta, e não há salva-vidas.
E se poderia listar uma alongada citação de praias ebalneários com as mesmas características.
Mas, infelizmente, bom senso , sensatez  e responsabilidade, não são, sempre, as características daqueles que mais deveriam cultivá-las.

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