EA AVIDEZ DO BANESE
Millor Fernandes, que também era Vão Gôgo, e Aparício Torelli
que também eraBarão de Itararé, fizeram,na época turbulenta em que viveram, o que de melhor existiu em humor inteligente, para, não só desatar o
riso, também, levando as pessoas a desacreditarem em mitos e engodos, sobretudo,
aqueles camuflados pela política, e agasalhados pelas instituições.
Torelli, que engordava marrecos e peixes na quietude do seu
sítio,era anarquista, uma espécie de Bakunin em vestes de anacoreta ,que fazia
das palavras as suas bombas de demolição.
Seu jornal A Manha, era alvo frequente da policia que o invadia,
depredava e espancava as pessoas.
Na porta do jornal ele
colocou o aviso: Entre Sem Bater.
Millor era,mais ainda, um criadorgenial de frases, e nelas,
resumia as agonias, as insatisfações ,
os dramas cotidianos das pessoas, das injustiças que permeiam a sociedade.
Fazendo rir, castigava os costumes, o ¨ridendocastigatmores
¨dos romanos.
Sobre o comportamento dos que comandam as corporações
financeiras escreveu Millor : ¨Banqueiro que tem escrúpulos em utilizar de
todos os processos para ganhar mais
dinheiro é um traidor da classe ¨.
No país dos juros imorais, indecentemente extorsivos, no país
onde a tolerância à prostituição do mercado financeiro enriquece cada vez mais
os seus posudosgigolôs, bancos podem exibir, impunemente , os lucros resultantes da agiotagem oficializada, isso, enquanto
desaba o resto da economia, aquela que
produz bens reais, e não apenas
papeis artificialmente multiplicados . Num país assim, cartões de crédito, cheques
especiais, podem render aos bancossomas
variando entre 360 a 460 por cento ao ano, e o pior: o governo é
conivente ou parceiro nesse crime impune que o Código Penal claramente
tipifica.
Os bancos oficiais não fogem dessa regra, até porque nenhum
dos seus dirigentes, embora apenas burocratas que se fazem banqueiros, não
escapam do mesmo procedimento usurário.
Fazem de tudo para que os outros autênticos banqueiros não os
considerem traidores da classe.
Pois não é, então, que o nosso tamboretesinho estatal,o
BANESE, ¨Orgulho dos Sergipanos ¨, resolveu meter antecipadamente a mão de gato
na parcela primeira do salário fracionado dos servidores que têm empréstimos consignados, assim, descumprindo
até a determinação que teria recebido para aguardar pelo resto do pagamento.
O BANESE, que
sobrevive pelo privilegio que tem de exercer o monopólio das contas do governo
do estado e dos seus servidores, seguindo, ao que parece, as leis apócrifas que
regem o comportamento do sistema financeiro, ignoraque os servidores sofrem as agruras de uma crise. Essa crise
que atinge a todos,evidentemente, nunca chegou aos bancos, que sofrem apenas de
uma crise, essa irremediável,
causada pelo medo que têm todos os financistas de virem a ser
considerados traidores da classe. Todos,
indistintamente, seguem o comportamento único da FEBRABAN, a poderosae
indiferenteentidade da banqueirada, que
se recusa a dar um tratamento digno aos
seus servidores, impedidos de compartilhar do mínimo do mínimo daqueles
lucros afrontosos que todos tão arrogantemente exibem, e sobre eles pagam
impostos ridículos, quando confrontados com o resto da economia produtiva e
decente.
Só uma observação: bancos multinacionais que aqui operam,
pagam aos seus trabalhadores brasileiros menos do que recebem os trabalhadores
em funções idênticas,empregados em suas agencias paraguaias.
Como os bancos elaboram as suas próprias regras, eles tudo
podem fazer , até submeter os clientes ao desconforto e aos prejuízos imensos
criados por uma greve justíssima dos bancários, humilhados e ofendidos, e
lutando por seus direitos sonegados.
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