segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O PARQUE DA CIDADE E A ARQUITETA CANDIDATA



O PARQUE DA CIDADE E A ARQUITETA CANDIDATA
O capitalismo não pode existir sem mercado. Melhor dizendo, não há economia sem mercado.
Mas afinal o que vem a ser exatamente o mercado?
Prescindindo das complicações do economês, basta que recorramos a um clássico da economia, ao referencial Adam Smith, em A Riqueza das Nações, onde, numa concisa simplicidade, quase assim ele escreveu: “O Mercado é onde o campo e a cidade se encontram para comprar, vender e trocar.”
No fundo da Idade Média, surgiram, fora dos muros das cidades as feiras livres, ou os mercados. Quem estava dentro dos muros levava o que tecia, o que forjava, a sua artesania, a sua indústria. Os de fora traziam o cereal, a fruta, as carnes. O feudalismo perdendo a auto-suficiência ia dando lugar ao capitalismo, o regime da livre iniciativa, que assim se definia, até deixar-se submergir na onipotência do mercado, e entronizar o capital especulativo.
Numa entrevista à iluminada Folha da Praia, a arquiteta e urbanista Ana Libório denuncia a prevalência do capital especulativo, que conduz a  desvirtuada  ocupação do solo  nesta nossa  capital onde inexiste um Plano Diretor. O lucro prepondera sobre a racionalidade. E a nossa cidade se vai deteriorando, os pobres sendo jogados cada vez mais para muito longe. A idéia de uma cidade humana e equidosamente estruturada, se esvai na indiferença conivente. Ana Libório é candidata a vereadora de Aracaju, e não precisaria dizer mais nada para merecer o voto livre do aracajuano além da entrevista aos argutos jornalistas da Folha praiana. Ela defende a cidade que queremos, onde haja o poder público e a iniciativa privada, mas, sem a contaminação dos vícios especulativos de um mercado libertino.
 O Parque da Cidade, criado onde havia uma lixeira, quando João Alves foi prefeito biônico, (1975-1979) aproveita as elevações do Morro do Urubú, onde ainda restava uma nesga da Mata Atlântica, a sumida floresta umbrosa que recobria todo o litoral brasileiro.
O Parque tem sofrido várias agressões. Foi reduzido, invadido, apesar de ser uma área de reserva natural, que deveria ser intocada.
O jornalista Claudio Nunes no altivo Blog que alimenta, com matérias tantas vezes relacionadas ao interesse público, denunciou mais uma agressão ao Parque da Cidade. Tratores derrubaram a vegetação de uma área situada no lado leste do Morro, depois, aplainaram o terreno.  
Assim, um imprescindível patrimônio natural da cidade, se transformaria, pela malcheirosa alquimia especulativa em um valor de mercado, e tudo estaria plenamente justificado.
O terreno afetado, poderá até ser uma área privada, contígua ao Parque, é isso que se deveria de imediato esclarecer. Se assim não for, como justificar tratores desmatando e aplainando um terreno em área de reserva?
O Procurador de Justiça Eduardo Mattos, respeitado ambientalista, distribuiu nota onde diz serem falsas as informações de que, na condição de Secretário Ambiental da Prefeitura de Aracaju, teria autorizado a ocupação. Mas o Parque, repetimos, é área de reserva, e pertence ao estado.
Suspeita-se que o objetivo seria criar, na vertente leste do Morro do Urubú, um condomínio de luxo, coisa improvável, porque ali é periferia.  Casebres feitos por invasores pobres foram demolidos com tratores que estariam prestando serviços a invasores ricos?
 Seria a lógica perversa do capital que tudo pode, mais uma vez, desconstruindo a idéia possível de uma cidade planejada para todos os seus habitantes.
No caso, o essencial agora seria delimitar toda a área do Parque, e também rigorosamente mantê-la íntegra.

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