AGOSTO DE GETÚLIO E DE DILMA ROUSSEF
Fez agora 62 anos. No dia 24 de agosto de 54, o presidente
Getúlio se matou com um tiro no peito. Dizia-se, que nos porões do Palácio do
Catete “corria um rio de lama”. A morte do major aviador Rubens Vaz, guarda-costas
de Carlos Lacerda, sublevou a Aeronáutica, que instalou a mazorca na “República do Galeão”. Sobre o presidente
choveram as infâmias e ele era um homem rigorosamente honesto. Foi ditador e
deposto, voltou à mesma estância gaucha que recebera de herança dos pais e com
seus negócios quase em estado de falência. Getúlio, era um Estadista, assim com
“E” maiúsculo. Morreu, e com a Carta Testamento, derrotou os seus inimigos e
revelou ao povo brasileiro as origens e os motivos verdadeiros da sublevação
golpista.
Em outro agosto, vota-se no Senado o impeachment de uma
presidente. Não há agitação nos quartéis, os militares subordinam-se ao poder
civil. O país está em calma, as instituições funcionam. Mas o “Senado é um
hospício”, disse quem a ele preside, o senador Calheiros, um homem cordato.
Há razão fática, constitucional, para o afastamento da
desastrosa presidente? Nenhuma. Há,
sim, nítida conspiração movida por ambições contrariadas, por interesses não
atendidos, juntos a uma massa enorme de indignação. Parte dela por preconceitos
ideológicos, porque o povo, de uma forma apenas atabalhoada, começou a sair da
senzala; outra, pela constatação dura e real de que o país se esfrangalhou.
Dilma não é Getúlio! Sem a grandeza de um estadista, ela
apenas sairá, depois de falar alguma coisa sem muito nexo, num Senado, ou num
“hospício”.
O que de pior existe na política brasileira botou a cabeça de
fora, a política se amesquinha e a palavra política começa a ser malsinada.
Isso é ruim. Sem política uma sociedade livre não sobrevive.
O que se pode desejar agora é que Temer incorpore à sua
habilidade política, também a estatura de um estadista e saiba ir além das
mesquinharias, dos interesses subalternos, da pura e repugnante canalhice que
invadiu a política e que o cerca.
O espaço da representação popular está sendo desconstruído
pelos que revelam desprezo pelas instituições democráticas e não enxergam a nobreza
da política. Por isso, apontam em
direção ao fascismo.
É bom que se pense naquelas palavras de Luiz Gonzaga Beluzzo
ao depor no Senado: “Me preocupo muito quando outros poderes não eletivos,
começam a se sobrepor aqueles legitimados pelo voto”.
O agosto de Getúlio foi fatídico e épico e percorrerá a
História.
O agosto de Dilma será apenas constrangedor e percorrerá o
caminho do esquecimento.
Em que mês foi mesmo que Collor caiu?
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