SUSPEITAS SOBRE UM JUIZ
E AS DERRAPADAS DE DILMA
De nada adianta agora para Dilma ou Lula colocarem sob
suspeita as ações do Juiz federal Sérgio Moro. Ele é, sem dúvidas, um homem
conservador, beirando o extremismo da intolerância com a esquerda e ,evidentemente,
com o PT, partido caído em desgraça, mas, que foi o símbolo maior da luta pelas
transformações sociais.
A nossa remanescente presidente, em mais uma atitude das
tantas desatinadas e infantis que vem cometendo, subverte as regras da convivência harmoniosa
entre os poderes, e desce da sua cadeira
de mandatária maior do país para abrir uma guerrinha particular contra um Juiz.
Lula, desastradamente, nas conversas particulares grampeadas
e divulgadas pelo Juiz Moro, afrontou as
instituições, usando a linguagem vulgar e chula de um arreeiro , e aí, quem iria para ¨ ajudar ¨, desajudou . No dia seguinte ao
tumulto que gerou, pela primeira vez na História da República, uma farra de
ações judiciais contra a competência exclusiva da presidente de nomear
ministros, vai Dilma inaugurar um conjunto
popular na Bahia e desanda a falar impropriedades, a acirrar os ânimos, num país que precisa mais
do que nunca ouvir a voz da sensatez.
Apesar de tudo o que de inoportuno e ofensivo falou,
supondo-se amparado pela privacidade, Lula, na concentração popular da Avenida
Paulista, teve a serenidade responsável de quem lida com emoções, e sabe que
poderá acirrá-las ou contê-las. Ele foi prudente, comedido, sensato, fez um
apelo ao entendimento, lembrou que a virtude maior da democracia é tornar
possível a convivência pacífica dos contrários.
Vem em seguida o Ministro Gilmar Mendes, personagem mais do
que suspeito quando se trata de julgar algo em que esteja envolvido Lula ou o
PT, e convalida uma liminar alegando que havia desvio de finalidade na nomeação
de Lula para Ministro Chefe da Casa Civil, o que se trata de algo subjetivo, e
com subjetividades não se faz a verdadeira justiça. Vai daí, torna às mãos do
Juiz Moro o destino de Lula, e não há
duvidas de que o Juiz decretará rapidamente a prisão preventiva do
ex-presidente.
Depois das manifestações desse sábado, com a participação
maciça das Centrais Sindicais, dos movimentos sociais, alguém, dotado de bom
senso, poderá imaginar que essas entidades, com poder para paralisar o país,
irão tolerar uma ação judicial posta sob o crivo de uma quase certeza de ter
caráter político ? Ainda mais com um processo de impeachment posto a andar com
a celeridade afrontosa que lhe imprime o presidente da Câmara, enquanto
retarda, protela e inventa subterfúgios para que não se faça o julgamento dele
próprio ? Pode o processo grave de afastamento de uma presidente ser comandado
por um notório desqualificado moral,
como é o deputado Eduardo Cunha ?
O país precisa de paz,
trabalho, entendimento, ha uma indignação
hoje ampla, geral e irrestrita. As ruas vêm sendo ocupada por pessoas indignadas das classes alta e média, mas os movimentos sociais já começaram
a tomar posições, numa ação contrária ao impeachment. Configura-se o prenúncio claro de que, a
perdurar essa situação, o confronto violento se tornará inevitável.
O Ministro Teori Zavaski, com a sua voz abalizada e a
autoridade dos justos, advertiu para a necessidade que tem o Juiz de agir com
isenção, sem se deixar contaminar por paixões políticas, de manter a discrição, de apenas falar nos
autos, e não se seduzir pelos holofotes da mídia. Quando um Juiz se transforma
em foco de conflitos políticos e sobre ele as opiniões se fazem acirradamente
controversas e divergentes, e chega a
pedir apoio da opinião publica para as suas ações, como fez Sérgio Moro, seria o instante exato para
uma instancia superior, no caso o STF, agir no sentido de restabelecer o clima
de serenidade, sem o qual os julgamentos
deslizam da segurança da imparcialidade para o inconformismo da
suspeita. Juízes apagam incêndios, não
os provocam.
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