VAMOS TER LUCRO COM
O DÓLAR NAS ALTURAS
A Europa está literalmente entupida de
turistas. Visitar em Paris o Museu do Louvre é uma cansativa jornada em meio a
uma multidão que se atropela, em frente à Mona Lisa forma uma barreira,
tão compacta, como a que fazem os jogadores de rugby. Andar pelas
vielas, ruas ou praças de Veneza, é quase uma corrida de obstáculos.
No Estoril, que já foi um balneário
quase sossegado, não há, no verão, um centímetro de praia disponível. O mesmo
acontece em todas as mais famosas praias européias.
Este ano quase um bilhão de turistas estarão
desembarcando em algum lugar do planeta. Deles, mais da metade na Europa, e
destes, metade somente na França, Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra.
Compreende-se, assim, porque entre os habitantes de Barcelona, Veneza, Madrid,
Paris, Roma, já existam muitos insatisfeitos que exigem das
autoridades medidas para limitar o fluxo de turistas.
A Torre Eiffel será visitada este ano por mais de 7
milhões de turistas, número aproximado ao total dos que chegam ao Brasil.
Até o afundar nesse buraco cavado pela
incompetência misturada com imprevidência e miopia política, os brasileiros
estavam entre os mais numerosos turistas e ávidos consumidores, preferentemente
na Flórida e em Nova Iorque. Agora, tudo acabou, o dólar subiu à alturas
inalcançáveis, e o euro pior ainda. A farra foi grande, e dela restou o amargo
desalento de hoje. Estávamos na trilha dos chineses, que torraram no
exterior, ano passado,cem bilhões de dólares, ou seja, metade do superávit da
sua vistosa balança comercial.
Para o brasileiro viajar ao exterior ficou muito
difícil, mas, para chineses, europeus, americanos, japoneses, vir ao
Brasil torna-se fácil, e seria, também, extremamente atrativo, caso não
estivéssemos a mostrar ao mundo coisas deploráveis, como os arrastões nas
praias do Rio. Mas, por outro lado, aqui não há terrorismo,
conflitos étnicos ou religiosos ( pelo menos por enquanto ) essas
coisas das quais o mundo anda repleto.
Seria agora, então, o momento exato
para que empresários e o poder público colocassem nas suas agendas
o assunto turismo. Aos empresários, caberia a ampliação urgente dos
equipamentos turísticos. Diante do governo há o desafio de oferecer
segurança, cidades limpas, estradas, pelo menos sem buracos, e, todos juntos,
contribuindo para que se crie uma mentalidade turística, capaz de evitar, por
exemplo, que nos nossos bares e restaurantes, e locais públicos, os
banheiros estejam imundos, além das lixeiras, atulhadas e tão
visíveis, as praias poluídas, os rios nojentos.
Não é tarefa fácil, mas, se resolvermos
enfrentá-la, ¨aliviaremos ¨ os europeus do ônus para eles
insuportável da invasão de turistas.
O turismo interno vai crescer vigorosamente, aliás
já está crescendo, e por aqui temos de nos cuidar. Na questão segurança não
andamos tão mal. Temos carência de equipamentos
turísticos em Aracaju, também no outro nosso segundo maior destino, que é
Canindé. A crise desencoraja, mas, as oportunidades que
surgem, aproveitadas a tempo, ajudarão a sair dela mais rapidamente.
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