sábado, 26 de setembro de 2015

EDUARDO CUNHA É O PRIMEIRO MINISTRO



EDUARDO CUNHA É O
PRIMEIRO  MINISTRO
 Dilma conseguiu não ser nem presidenta nem presidente.
Nem se sabe agora se temos mesmo um regime presidencialista, parlamentarista, nem mesmo se somos um Estado laico ou já nos teríamos transformado em algo parecido com uma teocracia-corporativa e, dela, o deputado Eduardo Cunha seria o mais poderoso aiatolá.  A dúvida seria se ele encarnaria melhor a figura do sacerdote supremo ou do  ¨capo de tutti capi ¨. Digamos porém que ele de fato estaria sendo uma espécie de primeiro ministro, enquanto a presidenta encolheu, e, encolheu tanto que correu a socorrer-se nos seus braços esquivos e pegajosos, que não  sustentam, e também não soltam, e nisso vai completando o seu propósito que é exatamente o de dessangrá-la para que o seu poder real de Primeiro Ministro fictício de um parlamentarismo inexistente, mais e mais se torne concreto, efetivo, e dele  faça o melhor instrumento para o atraso social  e político do país, e a expansão maior ainda das suas infinitas ambições pessoais.
Dilma se reduz, assim, a uma presidenta ou presidente,  que somente não é algo parecido com a rainha da Inglaterra porque,  diante da soberana que não manda em nada o Primeiro Ministro cumpre o protocolo, e a reverencia. Já o Eduardo Cunha não cospe em Dilma, talvez, porque entenda que estaria a desperdiçar saliva.
Cunha leu, na Câmara, o ritual a ser seguido caso se instale o processo de impeachment, mas, fez a ressalva de que não cabe a ele dizer se crimes supostamente cometidos em governos anteriores dariam motivação legal para um impeachment agora. Cunha parece com uma daqueles médicos assistentes dos carniceiros que torturavam presos políticos. Permitiam o ritual  da pancada   até um limite extremo, antes que o torturado apagasse de vez.
Cunha não quer matar Dilma, por um motivo muito simples:  Com Temer , ele não continuará sendo o Primeiro Ministro  de um presidente subjugado. Até porque, o vice, substituindo Dilma, logo se abrigaria numa sustentação bem mais ampla do que a do seu próprio partido, e a primeira aliança seria com o PSDB, depois, viriam o DEM, PSB, PPS, e tantos outros.
Por tudo isso, parece até que não seria apropriada a imagem de um Eduardo Cunha como um todo poderoso primeiro ministro, uma espécie de Marquês de Pombal
 a desfrutar das fraquezas e tibiezas do rei Dom Jose.
Quem poderia imaginar que uma presidente que quer ser presidenta, não seria nem uma coisa nem outra, e, eleita duas vezes pelo Partido dos Trabalhadores, com a sustentação de uma frente quase ampla de esquerda, dos movimentos sociais, chegaria à condição de náufraga, agarrada à corda traiçoeira a ela lançada pelo chantagista – mor  da República, por ele ameaçada.
Estamos mais próximos da imagem de uma tribo castigada pela infelicidade de ter muitos pajés, que fazem, cada um, as suas pajelanças, e absolutamente não se entendem. E nisso, a tribo toda se vê desamparada.  

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