AS SINGULARIDADES
DA TERRA BRASILEIRA
Viajantes
aventureiros, desbravadores , religiosos
ou cientistas curiosos, que desde a descoberta da Terra Brasilis,
começaram a nos visitar, percorrendo nossas costas, adentrando pelos rios,
varejando nossas montanhas e selvas,
escreveram, alguns deles, relatos que se tornaram famosos e circularam pelo
Velho Mundo. Eram descrições fabulosas. Hans
Staden, aventureiro
e arguto observador, no seu livro Duas Viagens ao Brasil, revelou ao mundo uma
das singularidades brasileiras que
assombrou a Europa: o festim de um banquete canibal,¨ onde a comida chega
pulando ¨, o prisioneiro levado aos
saltos, para ser abatido e devorado Um outro, André Thevet deu ao seu livro o título de Singularidades
da França Antártica, descrevendo a ocupação francesa em pequena área do Brasil.
Em todos esses escritores o que avultava nas suas obras eram, exatamente, as
singularidades daquela exótica terra,
dos gentios nus, as índias com ¨
suas vergonhas raspadinhas ¨ na
expressão do olhudo padre Caminha.
Essas ¨ singularidades
¨ se fazem presentes ao longo da nossa
História.
Difícil enumerá-las todas. Desde a descoberta por erro de
navegação, à independência feita no grito por um príncipe português erguendo,
quase ao mesmo tempo a espada e as calças, depois de mais um episódio culminante da diarréia que o
subjugava.
A República nasceu, da mesma forma singular proclamada por um
marechal monarquista, que tiraram da cama para colocá-lo na sela de um cavalo
republicano.
Um jovem que se transformou em presidente dizendo-se ¨
caçador de marajás ¨, agora senador
grisalho passeava nas ruas de Brasília
alternando-se ao volante de uma Ferrari vermelha, uma Lamborghini, prateada e um
esportivo Porche branco. Esse jovem que dizia ter ¨aquilo roxo ¨ fez, numa democracia, o que a revolução
comunista não conseguiu na Rússia:
igualou ricos a pobres da noite para o dia, deles seqüestrando todo o dinheiro
que possuíam. Façanha quase igual foi a do maranhense que saltou da ditadura
para ser presidente, ( rimou) com seus
igualmente amalucados planos, botando
nas ruas ¨os fiscais do Sarney ¨ que, tal como comissários soviéticos, se investiam no poder de fechar as portas de
supermercados, açougues, farmácias, e caçarem bois nos pastos.
A mais recente e dessa vez benfazeja singularidade nossa é
que o país da impunidade guarda agora na cadeia executivos de empresas que,
somadas, podem ultrapassar os dez por cento do PIB brasileiro, se, entre eles, forem
incluídos os diretores e gerentes da
saqueada PETROBRAS.
Ex-deputados e senadores também estão na cadeia, junto com
ex- ministros. Os dois presidentes do Senado e da Câmara , debaixo de investigação e com seus pertences levados
pela Policia Federal. Sobre o sinistro Eduardo Cunha já se diz que ele traçou
duas alternativas : ser candidato à Presidência da República ou ir parar na
cadeia.
Como se vê ,
singularidades não
nos faltam,
desde as ¨ vergonhas raspadinhas
¨ das jovens índias nuas, no passado, às
desvergonhas expostas e punidas no presente de tantos que vestem Prada.
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