A HORA DO VENTO E DO SOL
Quando, no fim dos anos 40, acenderam-se as luzes da pequena cidade de
Paulo Afonso, num raio de trinta
quilômetros de onde se avistava a claridade subindo ao céu, muita gente na solidão dos ermos do Raso da
Catarina teve a certeza de que chegara a hora
do
Juizo Final. Noite virando dia era sinal certo de fim do mundo. A usina de
Paulo Afosno fazia o seu primeiro teste. Passaram dez, vinte, quarenta,
cinquenta anos , e as pessoas isoladas no meio das caatingas continuavam a
avistar luzes distantes das cidades que
se iam iluminando, mas, nas suas casas, a energia não chegava. Naquelas casas, na
virada do milenio, havia gente que nunca vira de perto uma lâmpada eletrica,
uma televisão. Foi somente a partir do governo Lula que
postes e fios chegaram às localidades mais
remotas, e as instalações completas em cada casa eram feitas sem cobrar nada. Em pouco tempo centenas de milhares de
famílias compravam rádios, televisões,
geladeiras, ferros elétricos, instalavam forrageiras elétricas, resfriadores de leite,
ordenhadeiras.
Por coisas assim é que o ex-
presidente, poderia ser lembrado, mas ele permitiu que se instalasse a bandalheira
sistémica que outros fizeram e fazem,
todavia, nuna escala bem menor, e, digamos assim, com mais ¨classe ¨. Sempre se
praticou, neste país, de forma ¨ profissionalizada e competente ¨ a tão entre nós arraigada arte de roubar, nome
que o padre Vieira, ainda no século dezessete, deu, a um dos seus mais célebres
sermões, pronunciado na Sé de Lisboa
para uma plateia formada pela nobreza de Portugal, que se apinhava nos cargos
públicos e praticava com destreza, e desvergonha,
aquela ¨arte ¨.
Mas
o tempo e a História dirão se Lula merecerá figurar naquele pódio de
presidentes extraordinários, onde até agora só dois estão : Juscelino Kubitschek e Getúlio
Vargas, ou, se ficará entre os esquecidos e execrados. Para ele não haverá meio
termo.
Voltemos ao início. A eletricidade chegou a todos os cantos
esquecidos, o consumo cresceu, com a rápida expansão da economia. Mas andavam
lentas as hidrelétricas, as maiores delas na área ambientalmente sensível da
amazônia. Moveram-se ecologistas, índios, e essas sempre suspeitas ONGs
estrangeiras, trabalhadores fizeram greves e depredações, e as obras andaram lentamente. As
hidrelétricas agora são a fio d`´agua, ou seja, não têm reservatórios com
grande capacidade de acumulação.
Depois do erro enorme que foi o lago
gigantesco inundando a floresta amazônica. quando
se construiu Balbina, existe o temor de que se repita o desastre. Mas as novas
hidrelétricas nas estiagens quase
param completamente. As usinas a
fio d`água são custosos paliativos, um desperdício insensato de recursos. Vai
ser dificil compatibilizar hidrelétricas no modelo antigo com as exigências
ambientais. Veio a longa estiagem , as
térmicas entraram em operação, e elas mais do que triplicam o custo da energia.
Se houvessemos dado maior atenção à
energia solar e éolica chegaríamos ao
modelo perfeito. As hidrelétricas não seriam exigidas para operar a plena carga
, e os reservatórios permaneceriam em níveis seguros. De nada adianta proteger o meio ambiente com as usinas a fio d`agua, enquanto as
térmicas funcionam lançando na atomosfera milhões de toneladas de carbono
.
O engenheiro elétrico e
empresário Ivan Leite, que comanda a SULGIPE , entende que
chegou o momento de acelerar a instalçao de usinas geradoras de energia renovável. A
SULGIPE vai entrar nesse caminho, para
nós novo, mas que países como a Alemanha , Espanha, e Portugal já o percorrem
faz muito tempo.
Ivan vai substituir o velho telhado
da Santa Cruz, uma tecelagem desativada,
por uma cobertura de células fotovoltaicas, Será a primeira experiencia em escala média com a
energia solar em Sergipe.
Há urgencia, precisamos recorrer ao
sol e aos ventos e montar um mix energético limpo.
Esta semana o governador em
exercício Belivaldo Chagas, dará sequencia a uma ideia de Jackson, que está em
férias, e vai reunir-se com os
Secretários Jeferson Passos, Chico Dantas,
e assessores, buscando uma fórmla para reduzir o imposto sobre equipamentos de geração de energias renováveis.
O que se pretente é deflagrar, em Sergipe, um processo virtuoso de
aproveitamento do sol e dos ventos, em pequenos projetos para geração própria
de energia, e em maior escala. como o que o engenheiro Ivan Leite agora inicia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário