sábado, 11 de julho de 2015

A HORA DO VENTO E DO SOL

 A HORA DO VENTO E DO SOL
Quando,  no fim dos anos 40,  acenderam-se as luzes da pequena cidade de Paulo Afonso,  num raio de trinta quilômetros de onde se avistava a claridade subindo ao céu,  muita gente na solidão dos ermos do Raso da Catarina teve a certeza de que chegara a hora
  do Juizo Final. Noite virando dia era sinal certo de fim do mundo. A usina   de Paulo Afosno fazia o seu primeiro teste. Passaram dez, vinte, quarenta, cinquenta anos , e as pessoas isoladas no meio das caatingas continuavam a avistar  luzes distantes das cidades que se iam iluminando, mas,  nas suas casas,  a energia não chegava. Naquelas casas, na virada do milenio, havia gente que nunca vira de perto uma lâmpada eletrica, uma televisão. Foi somente a partir do governo Lula que
 postes e fios chegaram às localidades mais remotas,  e as instalações completas  em cada casa eram feitas sem cobrar nada.  Em pouco tempo centenas de milhares de famílias  compravam rádios, televisões, geladeiras,  ferros elétricos, instalavam  forrageiras elétricas, resfriadores de leite, ordenhadeiras.
 Por coisas assim  é que o   ex- presidente, poderia ser lembrado, mas  ele permitiu que se instalasse a bandalheira sistémica que  outros fizeram e fazem, todavia, nuna escala bem menor, e,  digamos assim, com mais ¨classe ¨. Sempre se praticou, neste país,  de forma  ¨ profissionalizada e competente ¨  a tão entre nós arraigada arte de roubar,   nome que o padre Vieira, ainda no século dezessete, deu, a um dos seus mais célebres sermões,  pronunciado na Sé de Lisboa para uma plateia formada pela nobreza de Portugal, que se apinhava nos cargos públicos e praticava com destreza,   e desvergonha, aquela ¨arte ¨.
Mas  o tempo e a História dirão se Lula merecerá figurar naquele pódio de presidentes extraordinários, onde até agora só dois  estão : Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas, ou, se ficará entre os esquecidos e execrados. Para ele não haverá meio termo.
 Voltemos ao início.  A eletricidade chegou a todos os cantos esquecidos, o consumo cresceu, com a rápida expansão da economia. Mas andavam lentas as hidrelétricas, as maiores delas na área ambientalmente sensível da amazônia. Moveram-se ecologistas, índios, e essas sempre suspeitas ONGs estrangeiras, trabalhadores fizeram greves e depredações,  e as obras andaram lentamente. As hidrelétricas agora são a fio d`´agua, ou seja, não têm reservatórios com grande  capacidade de acumulação. Depois  do erro enorme que foi o lago gigantesco inundando a floresta amazônica.   quando se construiu Balbina, existe o temor de que se repita o desastre. Mas as novas hidrelétricas   nas estiagens  quase  param completamente.  As usinas a fio d`água são custosos paliativos, um desperdício insensato de recursos. Vai ser dificil compatibilizar hidrelétricas no modelo antigo com as exigências ambientais. Veio  a longa estiagem , as térmicas entraram em operação, e elas mais do que triplicam o custo da energia.
Se houvessemos dado maior atenção à energia solar e éolica  chegaríamos ao modelo perfeito. As hidrelétricas não seriam exigidas para operar a plena carga , e os reservatórios permaneceriam em níveis seguros.  De nada adianta proteger o meio ambiente  com as usinas a fio d`agua, enquanto as térmicas funcionam  lançando  na atomosfera milhões de toneladas de carbono .
O engenheiro elétrico e empresário  Ivan Leite,  que comanda a SULGIPE ,  entende que  chegou o momento de acelerar a instalçao de  usinas geradoras de energia renovável. A SULGIPE vai entrar nesse caminho,  para nós novo, mas que países como a Alemanha , Espanha, e Portugal já o percorrem faz muito tempo.
Ivan vai substituir o velho telhado da  Santa Cruz, uma tecelagem desativada,  por uma  cobertura de células fotovoltaicas, Será  a primeira experiencia em escala média com a energia solar em Sergipe.
Há urgencia, precisamos recorrer ao sol e aos ventos  e  montar um mix energético limpo.

Esta semana o governador em exercício Belivaldo Chagas, dará sequencia a uma ideia de Jackson, que está em férias,  e vai reunir-se com os Secretários Jeferson Passos, Chico Dantas,  e assessores, buscando uma fórmla para reduzir o imposto sobre  equipamentos de geração de energias renováveis. O que se pretente é deflagrar, em Sergipe, um processo virtuoso de aproveitamento do sol e dos ventos, em pequenos projetos para geração própria de energia, e em maior escala. como o que o engenheiro Ivan Leite agora inicia.

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