O ESTILO
¨ CARCARÁ ¨ DO
SINTESE E DA DEPUTADA
(1)
Quando a ditadura
ainda era envergonhada, sem exibir a face
despótica do Ato Institucional nº 5,
sobreviviam alguns resquícios de liberdade. Nas artes, principalmente na música, esboçavam-se
sutis protestos. Houve aquela canção de Geraldo Vandré: ¨ Caminhando ¨ , ou ¨ Prá Não Dizer que Não Falei de
Flores,¨ logo transformada em poético hino de inconformidade
e esperança. Houve aquela outra, de João do Valle, onde um bicho, o gavião Carcará, ave valente do sertão,
começou a simbolizar a dureza da resistência contra a adversidade, ou a
necessidade da luta.
Foi quando a voz adocicada de
Nara Leão e uma outra maviosa e marcial de Maria Betânia ouviram-se, e se fizeram repetidas: ¨ Carcará , Pega,
Mata, e Come ¨......
Em tempos de opressão,
a maldade exaltada pode servir como forma de
encorajamento dos fracos em atitude de desafio ao poder armado.
Quando , ressurgindo, ¨
raiou a liberdade no horizonte do Brasil,¨ como proclama o Hino da
Independência, a democracia, reconstituída, tornava possível o convívio
civilizado entre divergentes. Maniqueísmo,
ou seja, a atitude sectária, intolerante,
de quem se acha dono absoluto da verdade
e decide desconstruir tudo o que lhe
parecer contrário às suas concepções exclusivistas, ou aos seus interesses
particulares, é um comportamento incompatível com o conceito de democracia.
O SINTESE e a deputada
Ana Lúcia parecem adoradores do fanático
sacerdote persa, Maniqueu, cujo nome adjetivou-se para simbolizar as visões
opostas e inconciliáveis do Bem e do Mal. O bem era ele, o mal, aquilo que ele queria que fosse.
O SINTESE e Ana Lúcia, representam o Bem, o resto é o Mal,
segundo a concepção maniqueísta que os deforma.
Assim, justificam uma
greve interminável que destrói os projetos
de vida de 170 mil alunos da rede pública. Vem aí o Enem, nesta terça-feira acontece a Olimpíada da Matemática, e as
escolas estão fechadas. Os pais
reclamam, a sociedade protesta, lembra que escolas fechadas deixam alunos nas
ruas, onde estão os traficantes
conquistando ¨ fregueses ¨, que logo serão viciados, traficantes, em seguida vítimas da violência. De nada vale o
sentimento e as angústias coletivas ,
porque a ¨ verdade ¨ corporativa do SINTESE
e a ¨ verdade ¨ eleitoral da deputada
Ana Lúcia, representam o Bem. O resto
é, simples e desprezivelmente, o Mal.
Desde o Secretário da
Educação Martinho Bravo, até hoje, nunca
houve um só deles, ou um
governador, que não fossem vítimas do estilo
Carcará do SINTESE e da
deputada. É a pedagogia do cangaceirismo.
No discurso e na ação.
Luiz Antônio Barreto, intelectual
prolífico e semeador de cultura,
cuja memória Sergipe reverencia, foi Secretário da Educação no governo de Albano Franco. Colocou em prática
idéias que significavam mudanças . Desgostou
um sindicalismo que se nutre do
atraso e de concepções pseudo-modernizantes da educação. Do desgosto, surgiu o
ódio. Luiz Antonio foi vítima de uma
campanha sórdida, o estilo Carcará, ou o cangaceirismo- político-corporativo posto em prática. Das denuncias, todas
falsas, forjadas, maldosas, surgiram os processos. Foram 22, que pesaram sobre
alguém com a saúde fragilizada, e era
pobre, destituído de patrimônio, e se
via acusado de ter enriquecido roubando. Luiz foi absolvido, mas as seqüelas
permaneceram . Morreu prematuramente, atormentado pelo
constrangimento moral de que foi vítima. Jose Lima, professor altamente qualificado, ex-Reitor da UFS,
tentou corrigir mazelas. Foi crucificado. Contra ele desencadeou-se a fúria do
estilo carcará-cangaceiro. Denunciado, Jose Lima, homem rigorosamente ético, hoje presidente do Conselho Nacional de
Educação, respondeu a processos. Só
agora foi inteiramente inocentado, sendo comprovada a falsidade das denuncias.
Belivaldo Chagas,Secretário
da Educação, político habilidoso, homem correto, essencialmente conciliador e democrata, não
escapou do enxovalhamento habitual.
Quando Déda já estava desenganado, e disso todos sabiam, o SINTESE fez um ¨enterro simbólico ¨ do governador. A deputada Ana
Lúcia, duas vezes secretária de Déda, companheira de partido, participou daquele ato grotesco de
inimaginável crueldade e desrespeito a um ser humano. Depois, no ato final, infelizmente verdadeiro, também estava
presente Ana Lúcia. Houve quem
enxergasse uma furtiva lágrima na sua
face. O estilo Carcará – Cangaceiro- Maniqueista , também sabe ter duplicidade
de rostos. ( Continua no próximo domingo)
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