sábado, 21 de fevereiro de 2015

O BRASIL DA ENXADA MALSINAVA A INDÚSTRIA



O BRASIL DA   ENXADA
 MALSINAVA  A INDÚSTRIA
 Os  grandes fazendeiros, gente extremamente conservadora que plantava café, ao lado dos senhores de engenho nordestinos,  mandavam para representá-los  no Congresso Nacional os senadores e deputados ,  que topavam ouvir qualquer discurso, menos  daqueles  que no Império falavam em Abolição ou República.  Depois, deposto o imperador,  lembravam da necessidade de modernizar o Brasil, e entendiam que isso não poderia acontecer sem a industrialização. Para a oligarquia rural, sugerir que se instalassem fábricas no país significava quase a mesma coisa que defender a idéia  estúpida e malsã  da reforma agrária.
Havia, ao lado do conservadorismo rural, uma elite pensante que se dedicava a cantar as virtudes e as vantagens do Brasil como  um ¨ país  essencialmente agrícola ¨. Isso era motivo de extremado orgulho . Para que ser uma Bélgica, uma Inglaterra, ou França,  Alemanha ? Se aqui se instalassem fábricas, logo se formariam os contingentes proletários,  e com eles viriam os sindicatos e as ideologias  devastadoras da religião, da propriedade, das nossas melhores tradições. Com operários se organizando, exigindo, fazendo greves, teríamos a desordem propagada pelo socialismo, pelo anarquismo, pestes que andavam a ameaçar a estabilidade das monarquias européias. O Brasil rural, acomodado, tranqüilo, sem agitações políticas, sem povaréu paralisando fábricas, mas produzindo muito café, açúcar,  carne, leite, couros, produtos fáceis de exportar, seria o modelo perfeito de um país que tinha enormes espaços de terra fértil onde plantar e colher. Aqui, poderia se concretizar a utopia, a sociedade perfeita, embora servindo apenas para a satisfação de uma reduzida elite de proprietários.
Atravessamos o tempo , conseguimos fazer grandes avanços econômicos,   e ultimamente sociais, mas não nos livramos totalmente do preconceito contra a industrialização, preconceito, ou o que seria pior, incapacidade para fazê-la. Seria apenas uma resistência passadista que nos sobra, ou o resultado  de uma educação capengante que nos condena a não crescer tecnologicamente , a produzir café para que italianos, suíços, americanos, a ele agreguem valor, sofisticando o produto, esnobando na qualidade,na criatividade no marketing? Por aqui mesmo de criação  brasileira so  temos o simplório cafezinho. Mas as empresas multinacionais faturam com o cappucino,  o latte, o expresso, o ristretto, o macchiato, e há muito mais ainda: o Irish Coffe, Brandy Coffe,  Calypso Coffe, Gaelic Coffe, esses, resultado da mistura do  café com bebidas alcoólicas,   oferecendo atrativos que seduzem paladares pelo mundo todo. E aqui, temos o cafezinho, no máximo a média, café, pão e manteiga.
 Carros,  produzimos muitos, mas todos os modelos nos chegam de fora, aqui os repetimos e os montamos.  A Coréia, a China, a Índia, a Rússia, criaram modelos resultantes da  competência tecnológica que dominam.
Somos o maior exportador de ferro do mundo  e estamos a importar trilhos  da China para as nossas  ferrovias , trilhos feitos com o minério de ferro brasileiro  de excelente qualidade,  que aqui deveria ser industrializado.
Teria sido melhor mesmo  se ficássemos apenas a plantar batatas ?

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