sábado, 13 de dezembro de 2014

O TORTURADOR E O CANIBAL

O TORTURADOR E O CANIBAL
Nas sociedades primitivas o canibalismo era uma prática tolerada e até incluída como parte dos ritos  que faziam parte dos costumes,  inclusive com algumas características sagradas. As tribos brasileiras que praticavam a antropofagia acreditavam que as qualidades  dos devorados seriam incorporadas naqueles que os transformavam em alimento. Após um combate  os guerreiros da tribo vencedora,  fazendo prisioneiros, os levavam para as suas malocas.  Ali, eram tratados com muita deferência, postos a comer do bom e do melhor . Deviam engordar para o banquete em que seriam servidos. Os prisioneiros jamais pensariam em fugir, porque, no ritual que  fazia parte das suas tradições eles deveriam, com altivez e até satisfação, se      deixar conduzir ao sacrifício.Os que iriam abatê- los com um certeiro golpe de tacape na cabeça se comportavam como  guerreiros vencedores que tinham um código de honra,   sanção moral religiosamente obedecida, por isso, os guerreiros vencidos teriam de ser tratados com dignidade.
Eles eram canibais,  jamais se prestariam à prática da tortura, algo absolutamente inconcebível na  instintiva moral dos povos selvagens.
Nas sociedades primitivas onde o homo-sapiens  estava mais próximo dos seus ancestrais desinteligentes,  o germe da perversidade ainda não contaminara aquela nova espécie que começava a povoar o planeta.
O tempo foi passando, e o homem ,   misturando a perversidade que já incorporara aos seus hábitos com a intolerância de convicções religiosas ou políticas, fez, do carrasco e do torturador  os meios legítimos que justificavam os fins,  ou mesmo, abriam aos ímpios, as portas do paraíso.  A morte na  fogueira,  como a entendia o bispo inquisidor Torquemada   era um ato transcendente de piedosa caridade.
  George W Bush no auge da sua desatinada ¨guerra ao terror ¨ transformou as suas prisões   pelo mundo  em laboratórios  de tortura, e nelas todas as formas de causar  dor e  desespero foram testadas. Ninguém imaginaria que os militares e agentes  secretos da nação mais rica e poderosa do planeta, pudessem chegar ao requinte perversamente hediondo de encapsular um ser humano numa caixa apertada, onde havia marimbondos, abelhas, formigas carnívoras, e escorpiões.
Tudo isso em nome da defesa da civilização, dos direitos humanos, da democracia e da liberdade.

 E também, mais ainda, para salvar e preservar as nossas tradições cristãs.

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