O TORTURADOR E O CANIBAL
Nas sociedades primitivas o canibalismo era uma prática
tolerada e até incluída como parte dos ritos
que faziam parte dos costumes,
inclusive com algumas características sagradas. As tribos brasileiras
que praticavam a antropofagia acreditavam que as qualidades dos devorados seriam incorporadas naqueles que
os transformavam em alimento. Após um combate
os guerreiros da tribo vencedora,
fazendo prisioneiros, os levavam para as suas malocas. Ali, eram tratados com muita deferência,
postos a comer do bom e do melhor . Deviam engordar para o banquete em que
seriam servidos. Os prisioneiros jamais pensariam em fugir, porque, no ritual
que fazia parte das suas tradições eles
deveriam, com altivez e até satisfação, se
deixar conduzir ao sacrifício.Os
que iriam abatê- los com um certeiro golpe de tacape na cabeça se comportavam
como guerreiros vencedores que tinham um
código de honra, sanção moral religiosamente obedecida, por
isso, os guerreiros vencidos teriam de ser tratados com dignidade.
Eles eram canibais, jamais se prestariam à prática da tortura,
algo absolutamente inconcebível na instintiva
moral dos povos selvagens.
Nas sociedades primitivas onde o homo-sapiens estava mais próximo dos seus ancestrais
desinteligentes, o germe da perversidade
ainda não contaminara aquela nova espécie que começava a povoar o planeta.
O tempo foi passando, e o homem , misturando a perversidade que já incorporara
aos seus hábitos com a intolerância de convicções religiosas ou políticas, fez,
do carrasco e do torturador os meios
legítimos que justificavam os fins, ou
mesmo, abriam aos ímpios, as portas do paraíso.
A morte na fogueira, como a entendia o bispo inquisidor Torquemada era um ato transcendente de piedosa caridade.
George W Bush no auge
da sua desatinada ¨guerra ao terror ¨ transformou as suas prisões pelo
mundo em laboratórios de tortura, e nelas todas as formas de
causar dor e desespero foram testadas. Ninguém imaginaria
que os militares e agentes secretos da
nação mais rica e poderosa do planeta, pudessem chegar ao requinte perversamente
hediondo de encapsular um ser humano numa caixa apertada, onde havia
marimbondos, abelhas, formigas carnívoras, e escorpiões.
Tudo isso em nome da defesa da civilização, dos direitos
humanos, da democracia e da liberdade.
E também, mais ainda,
para salvar e preservar as nossas tradições cristãs.
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