O QUE TEM O LOBO DA
FÁBULA COM O RIO TIETÊ
Pode parecer estranho o título . O que teria o lobo, animal selvagem , carnívoro, com um rio paulista?
E por quê, ainda
mais,onde entrariam o Tietê e o lobo que
seria personagem de uma fábula?
O predador que povoa o imaginário
dos povos europeus, enriquece a
literatura, o folclore, até a música e a pintura, invariavelmente figurando
como expressão do mal e da sagacidade malévola e traiçoeira.
Nas historias infantis o lobo surge com freqüência. O lobo até engoliu
Chapeuzinho Vermelho e a vovozinha dela. Teriam as duas permanecido nas
entranhas do bicho, não fora a providencial aparição de um destemido caçador
que, após matar a fera cortou-lhe a barriga, e dela retirou vivas a menina e a velha.
La Fontaine que escrevia para
crianças e produzia também folhetins pornográficos, revelou todo o cinismo e a desfaçatez
malévola do lobo no episódio em que a fera bebia num regato e abaixo estava um
indefeso cordeirinho. O potente animal
se disse furioso porque o outro,um vizinho fraquinho, estava a sujar a água que ele bebia. De nada
adiantaram as balbuciadas tentativas do
cordeirinho para aliviar a fúria lupina que
logo acabou por devorá-lo.
Os romanos, que tinham sua origem
em Rômulo e Remo os dois, amamentados por uma loba, nem por isso anistiaram a
espécie, e ate criaram o aforisma: O homem é o lobo do homem.
Nada melhor para caracterizar a
autofagia da espécie humana do que essa crise de água que agora São Paulo vive.
Além da imprevidência que relegou a água e os rios ao esquecimento, a cidade cresce e suas fontes de
abastecimento continuam as mesmas há mais de 40 anos. Acrescente-se a isso o
instinto predador do próprio homem, que
transformou num enorme esgoto o rio
Tietê, justamente o que atravessa a megalópole
ameaçada de ficar sem gota de
água.
É a velha estória do lobo
corrente acima emporcalhando a água dos que a bebem abaixo, indefesos, e ainda transformados em culpados e punidos.
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