sexta-feira, 24 de outubro de 2014

NESTE DOMINGO O DUELO ENTRE A ESTEIRA E O SOFÁ



NESTE DOMINGO O DUELO
ENTRE A ESTEIRA E O SOFÁ
Alguém tem visto pelas feiras –livres  esteiras sendo vendidas? E o que é mesmo uma esteira?
O agrônomo  criador de gado guzerá Sérgio Santana de Menezes, ex-Secretário da Agricultura  lembrava, conversando com amigos sobre a eleição que se trava neste domingo, que a esteira foi desaparecendo há algum tempo,  mas, só nesses últimos anos  começou a ser substituída pela cama – box e pelo sofá. Para quem não sabe,  a esteira era  o colchão do pobre, uma  espécie de tecido feito com palha de junco entrelaçada por barbantes.     As esteiras acomodavam famílias inteiras que nunca souberam o que era uma cama. Nas feiras livres não faltavam vendedores  oferecendo-as a preço modesto.  Fáceis de transportar enroladas , eram também muito leves, e alguma maciez da palha amenizava  o extremo desconforto do corpo estendido em contato com a dureza do chão.
 Nas  frestas das esteiras se abrigavam os infectantes barbeiros , insetos  que espalhavam a  Doença de Chagas.
Não era apenas nos grotões perdidos do Brasil extenso que a enorme maioria da população paupérrima dormia sobre esteiras,  também  nas cidades onde proliferavam as miseráveis favelas, em  qualquer barraco  as esteiras  eram o simularco  possível de uma cama, de um colchão.
No início dessas  linhas  lembramos  da esteira e também da eleição deste domingo,  e alguém poderia questionar onde estaria o nexo suposto ou real entre o ato de votar e o de dormir sobre uma esteira.
Parece coisa desconexa, mas o fato é que o nexo, a relação,  realmente existe.
 Sobre a  esteira ,  um apetrecho de uso comunitário nas senzalas  dormiram sucessivas gerações de afro-brasileiros   que eram escravos,  e depois,  também de tantas outras de gente supostamente livre. Ninguém pode de fato ser livre dormindo sobre esteira, doente sobre esteira, roído de fome numa esteira.
Nas casas grandes  onde havia os alvos e alcochoados  leitos,  os que nele se refestelavam ou dormiam, não perdiam o sono  por causa de alguma sensação de culpa que poderiam sentir pela sorte dos infelizes. Aquele contraste indigno entre conforto  ou  luxo, bem junto à miséria e desgraça social,  era  a ferida inseparável da sociedade escravocrata. Veio a República, vieram as ¨novas repúblicas ¨, e a ferida permaneceu incurável, ou seja, ao pobre restava a inapelável condenação de dormir sobre esteiras.
Evoluimos ,  sem duvidas, principalmente a partir de Getúlio Vargas e Juscelino. O desenvolvimento econômico por si só gerou  novas oportunidades de trabalho e ascensão social,  mas a miséria persistia, a esteira de palha ainda servia como único leito possível para milhões de brasileiros.    
Agora,  como se pode facilmente constatar,  a esteira acabou, ninguém mais dela tem sequer vestígios. Mas isso não é a grande novidade. O que existe mesmo de novo é o sofá entrando na casa do pobre, casas que na sua maioria não são mais choupanas. E além do sofá há ainda a televisão com antena parabólica,  o celular, nos fundos  o tanquinho, na cozinha a geladeira, e tem mais o som , sem dispensar muitas vezes a cama-box. Há mais ainda : tem  moto ou  carro usado na frente da casa,  e nessa casa,  se estiver nos pontos mais remotos do Brasil,  chegou a  eletricidade, a luz, e foi tudo instalado sem custo, de graça.
 E quase nada disso existia há dez ou doze anos. Então, apesar de erros e enormes derrapagens éticas do PT e seus aliados,  houve um projeto social que se sobrepôs a tudo isso.  Quando se escuta um Armínio Fraga, (  economista sem grande patrimônio que de repente se tornou banqueiro) dizer que não sabe o que será feito com a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, o BNDES, e esse senhor é antecipadamente anunciado por Aécio como o seu Ministro da Fazenda, fica-se com a certeza de que hoje, neste domingo,  haverá o grande confronto entre os que querem mais sofás na casa do pobre e os que sempre souberam  que havia gente dormindo sobre esteiras,  gente pobre, e nada de concreto fizeram para que os infelizes delas se libertassem, e, muito menos, para que tivessem o direito  de trocar a esteira pelo sofá.

QUANDO ELEITORES FICAM DO OUTRO LADO DA RUA



QUANDO ELEITORES FICAM
DO  OUTRO LADO DA  RUA
Quando o PSB sergipano fez, na Associação dos Agrônomos,  um ato público de apoio a Aécio Neves, no auditório que não é tão grande estavam pessoas que  na sua maioria foram levadas pelo PSC dos derrotados irmãos Amorim, do DEM e do PSDB. Integrantes mesmo do PSB eram muito poucos. De todos os prefeitos do PSB, que seriam dez, só um compareceu ao ato, foi Eduardo Marques de Pinhão. Eduardo é um civilizadíssimo conservador,  político que tem  formação intelectual e ideológica que nada o aproxima do  socialismo.   Filiou-se ao PSB  como tantos outros, menos por afinidade ideológica e, muito mais, por lealdade ao velho amigo  senador Valadares, de quem foi assessor  na Secretaria da Educação no governo Augusto Franco. Eduardo sempre votou no lado oposto à esquerda,  e sua presença ali era uma demonstração da sua coerência política, mas, tendo votado em Jackson Barreto e lhe garantido  larga margem de votos em Pinhão, Eduardo fez, no seu discurso, a ressalva de que continuava ao lado do governador reeleito e  somente naquele episódio não o seguia. Apenas um curioso detalhe: Quando Maluf foi candidato à presidência da República Eduardo ainda não se decidira em quem votar. Três dias antes da eleição ligou para o candidato e comunicou-lhe que iria votar nele. Pinhão,  com reduzido eleitorado, votou quase todo em Maluf, e foi o único município brasileiro  fora de São Paulo onde o polemico  ( e bota polemico nisso ) presidenciável paulista,  conseguiu  ter maioria de votos.
Uma  outra curiosidade a registrar , por sinal repleta de sinalizações,  motivos, e também conseqüências:  Havia um  numeroso aglomerado de militantes  do outro lado, e não era apenas   do  lado oposto da rua. Aquela pequena distancia ,   muito além  do que o simples espaço físico,    marcava  claras e talvez permanentes divergências. Do outro lado ficavam os que faziam uma  entusiasmada manifestação a favor de Dilma. Todos eles foram eleitores do senador Antonio  Carlos Valadares nos dois últimos mandatos por ele conquistados.
 O sempre comedido  sensato senador, ao que se diz, influenciado pelo presidente estadual do PSB, o agrônomo Paulo Viana, que é também seu conselheiro político, teria optado por Aécio, quando, a depender do deputado federal reeleito Valadares Filho e  mais ainda do vice governador eleito Belivaldo Chagas, teria permanecido no mesmo grupo que integrava desde que aproximou-se de Marcelo Déda,  ajudou fortemente duas vezes  a elegê-lo governador,  assumindo, ao mesmo tempo,  compromissos com uma política de transformações sociais  ao lado de Lula e de Dilma. Paulo Viana participou de todos esses episódios, foi Secretário da Agricultura de Déda e mais recentemente, nomeado por Dilma, ocupou a superintendência da CODEVASF . Com apoio do senador Valadares,   que era aliado de Dilma,  permaneceu no cargo, vencendo a disputa com o grupo  dos Amorins, cujo representante  em Brasília o senador Eduardo,  na ocasião também  aliado de Dilma, exigiu, sem sucesso, a direção da CODEDVASF em meio a  uma chuva de pesadas acusações ao senador Valadares  e ao seu grupo,  desfechadas pela  Rede Ilha, de Edivan Amorim.
Esses episódios muito recentes eram relembrados por quem estava  segurando bandeiras de Dilma vendo, do outro lado, o senador  em quem votaram , envolvido pelas bandeiras de Aécio, agitadas pelos partidários do PSC, DEM e PSDB, exatamente o grupo político que ele, Valadares, ajudou a derrotar, por sinal fragorosamente em Sergipe, quando reelegeu-se Jackson Barreto.

O PALANQUE DA REDE GLOBO ENGASGOU COM AS PESQUISAS



  O PALANQUE DA REDE  GLOBO
ENGASGOU COM AS PESQUISAS
O palanque para Aécio armado pela Rede Globo se não desabou, pelo menos engasgou no dia exato, quinta-feira, 23, em que as pesquisas mostravam Dilma com 8 pontos na frente, (IBOPE) e 6 pontos,  (DATAFOLHA) e veio a notícia de que o desemprego, 4,9 %, atingia o seu ponto mais baixo desde 2002 . Havia mais dados mostrando a recuperação da indústria, a inflação contida,  tudo exatamente na direção inversa do clima de pessimismo e quase pânico artificialmente criado pelo mercado financeiro especulador e a mídia a serviço dele. A Globo acionou o derradeiro dispositivo para sustar a tendência do eleitorado   rejeitando o candidato  que tem o apoio entusiasmado das elites rancorosas e retrógradas. A Globo mais uma vez jogou ao lixo a responsabilidade ética com a informação e passou a fabricar a noticia absurdamente manipulada. A Globo faz o jornalismo fake,  ou seja, semelhante ao que se vende nas feiras ¨paraguaias ¨.

O SUSPEITO ENDEUSAMENTO DE UM PERIGOSO MATADOR



O SUSPEITO ENDEUSAMENTO
DE UM PERIGOSO MATADOR
No programa A Hora da Verdade de George Magalhães o secretário de segurança pública adjunto João Batista,  e a delegada geral  da Polícia Civil Katarina Feitosa, ocuparam  um longo espaço procurando esclarecer a atuação da polícia  que teve como conseqüência a morte de Jose Augusto Aurelino Batista, o Zé Augusto. Ele era um pistoleiro que foi assalariado para matar menores considerados meliantes, e logo assumiu a identidade de  ¨justiceiro ¨. Talvez uma das piores deformações de uma comunidade aconteça quando alguns decidem substituir a Justiça e passam a promover a ¨ chacina cívica ¨ daqueles  considerados bandidos, assim,  a ¨limpeza social ¨ ficaria plenamente justificada, e tanto os financiadores como os que alugam-se para matar   estariam a fazer um bom trabalho,  preenchendo o vácuo deixado pelas instituições. Enquanto os delegados João Batista e Kátia Feitosa faziam seus esclarecimentos  entrou no ar a deputada estadual Ana Lúcia, pessoa sobre a qual não podem recair suspeitas de ser desatenta em relação aos direitos humanos. Ela revelou então o tamanho da periculosidade de Zé Augusto,  e as ramificações que ele mantinha com  grupos políticos ou econômicos dando sobrevida ao  antigo   ¨Sindicato do Crime ¨, que tinha como sindicalizados  gente poderosa  infiltrando-se na Polícia, na Justiça, e mandando representantes aos parlamentos.  Foi por isso que Zé Augusto, morto, se viu alçado à condição de vítima e quase herói, tendo direito a uma necropsia feita por  especialistas vindos de Brasília e mais um numeroso acompanhamento de pessoas contristadas, e  revoltadas também com a ação da Polícia. Ana Lúcia revelou que foi ameaçada de morte caso fosse fazer campanha em Poço Verde, onde o  Juiz e o Promotor ameaçados, deslocavam-se com proteção policial, mas não se acovardaram e acionaram a policia para a captura do pistoleiro. Ze´Augusto  já fora preso outras vezes.   Sempre deixando a prisão em pouco tempo, no interregno entre uma cadeia e outra ia acionando o gatilho da sua Ponto-40, a mesma arma com a qual enfrentou os  policiais antes de  ser morto.
É preciso agora um olhar mais cuidadoso sobre tudo o que aconteceu em Poço Verde e os possíveis desdobramentos do episódio. Zé Augusto tinha comparsas que se mostram dispostos a vingá-lo.

PORQUE ROBERTO AMARAL DEIXOU A DIREÇÃO DO PSB



PORQUE ROBERTO AMARAL
DEIXOU A DIREÇÃO DO PSB
¨O PSB decidiu abraçar o atraso ,  jogou  no lixo o legado dos seus fundadores e renunciou ao seu futuro¨.  Quem diz isso é um socialista histórico, o ex-presidente nacional do partido, Roberto Amaral. Numa entrevista à   Carta Capital desta semana Roberto Amaral revela sua enorme decepção com  os acontecimentos que levaram o PSB a apoiar Aécio, sintoma já evidenciado enquanto  a candidatura de Marina se dissolvia por incompetência própria e  cresciam as reservas contra ela dentro do  PSB , cujo núcleo, hoje preponderante,  que conhece socialismo apenas de nome,  tramava a guinada rumo ao neoliberalismo de Aécio, ou seja,  o  contrário do que o PSB deveria representar. Quando perguntado sobre o que representa o apoio do PSB à candidatura de Aécio, Roberto Amaral disse: ¨Repudiar o passado e renunciar ao futuro. No lugar de construir um socialismo libertário, democrático e contemporâneo, o PSB optou por abraçar o passado, o atraso representado pela social – democracia de direita. Um revival da tragédia do neoliberalismo de FHC sob o comando de mãos mais incompetentes.¨