O BURACO DOS INFERNOS
Na Idade Média, tempos de tantos
pavores, de vida misturando-se a toda hora com a morte, de infindáveis penitencias para que a cada alma se abrissem as portas do paraíso,
havia, diante de todos, o desenho aterrorizante dos suplícios eternos do
inferno. Dante, ainda que ouvindo o suave rumorejar do Arno, que até às portas
de Florença corria entre bosques, mesmo assim, fez uma descrição tétrica do inferno, a começar pela sua soturna e
desesperançosa porta, ou seja, o próprio buraco onde se enfiaria o demônio.
A busca do Santo Graal, nas terras da Pelestina, desde então já martirizada,
gerou aquela loucura coletiva das Cruzadas, por isso, se deu pouco destaque nas
coisas do medievo, aqueles que se dedicaram à procurar a porta, ou o buraco que
daria acesso aos horrores dos domínios
de Satanás. De tanto procurarem chegaram á conclusão didática
de que cada cratera de um vulcão fumegante seria por onde entravam e saiam os demônios e por onde chegavam, numa
viagem sem volta, as almas condenadas.
Depois, nos tempos modernos, os homens
começaram a fabricar os seus próprios infernos, personalizados, aqueles lugares
onde impera a violência, o ódio, a carnificina, a desumanidade.
A Faixa de Gaza onde se consuma agora
um genocídio, foi o inferno que o Estado de Israel meticulosamente preparou com
requintes perversos para lá manter confinados milhões de desgraçados palestinos. O povo
judeu sabe muito bem o que significam esses infernos criados pelo ódio humano.
Como vítimas, 5 milhões desse laborioso povo foram exterminados nos infernos de
Hitler, o chamado holocausto. Os judeus sobreviveram, ganharam uma pátria, que
teria de ser dividida com os palestinos,
também seus antigos ocupantes. Pela força anexaram territórios, dividiram o
futuro Estado palestino em duas partes separadas, a Cisjordania e a Faixa de
Gaza. Na Cisjordania Israel continua a construir seus assentamentos e a parte palestina cada vez mais encolhe. Na
Faixa de Gaza não entra um pirulito sem ser inspecionado pela férrea segurança
de Israel. Imaginem uma faixa apertada
entre o mar e o deserto onde todos os espaços estão ocupados por edificações, e
ali ataca a máquina de guerra mias
sofisticada do mundo. Israel comete um
genocídio contra um povo heróico que
acostumou-se a viver martirizado. Morrer na Faixa de Gaza é uma forma de
libertação
Diz Israel que os palestinos fizeram
um arsenal de mais de dez mil foguetes. Esses foguetes são tão erráticos, tão
primitivos, que disparados até agora mais de 5 mil causaram apenas duas mortes.
Como imaginar que os palestinos consigam esses foguetes se ate a água que bebem
é minuciosamente examinada?
Há movimentos pacifistas dentro do
próprio Estado de Israel que lançam a suspeita de que a entrada desses aparatos
estaria sendo facilitada pelos próprios interessados em manter um clima
permanente de confronto, para assim ampliar os lucros e o poderio descontrolado
e assassino do complexo militar-industrial em que se transformou ao longo do
tempo o Estado judaico.
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