ACHARAM A CAIXA –PRETA DE AMORIM ?
Todas
os mortos e todas as mortes sejam em quaisquer circunstancias devem ser
tratadas de uma só forma: Com sentimento
de respeito. Na manhã dessa sexta –feira, dia 25, os sergipanos foram surpreendidos com a
notícia de que um contador do negociante
político Edivan Amorim havia cometido suicídio. O Sr. Max Alves dos Santos
teria tido uma acalorada discussão com o patrão numa empresa de publicidade em
Aracaju. Na manhã de ontem deixou o seu
escritório na Rede Ilha, saiu um tanto sem rumo, tomou um táxi, pediu que o
levasse a Itabaiana. Lá chegando resolveu ir a Lagarto. Nas proximidades de Campo
do Brito sobre a imensa ponte pênsil que
cruza o Vaza Barris pediu que o motorista parasse. De cima a vista é
deslumbrante, o rio, quase um filete àquela hora da manhã prateado pelo sol,
serpenteia pela floresta densa a uns 100 metros
abaixo. Cenário fascinante para
qualquer forma de aventura humana, inclusive o cumprimento da tarefa de por fim
à própria vida. Muito se tem discutido sobre as motivações do suicídio. O
escritor franco-argelino Albert Camus, Prêmio Nobel de Literatura, enxergava no
gesto uma atitude épica, síntese
trágica da dialética da vida que flui , enquanto provoca na mente a corrosão inevitável do gesto
derradeiro.
Deixemos, contudo, os aspectos psíquicos ou filosóficos
que explicariam o ato do suicídio e passemos a interpretá-lo nas exatas
circunstancias em que ocorreu, com todos
os elementos fáticos e, principalmente, as pesadas suspeitas que envolvem a
morte do contador Max Alves dos Santos.
Justamente na semana que passou alguns jornais aracajuanos noticiaram que o
Ministério Público e a Polícia Federal estavam fazendo investigações para
desvendar o mistério do encolhimento microscópico do patrimônio que Edivan apresentou à Justiça Eleitoral. Para quem leva
vida de bilionário, soma tão exígua de
bens que não chegam a cem mil reais parecia mais uma gozação do negociante que
fazia pouco caso da inteligência de quem lida com fraude, peculato, sonegação
fiscal, formação de quadrilha ,
descaminhos, e coisas correlatas.
O episódio não pode ser minimizado,
tratado apenas como gesto de desespero pessoal de um cidadão. O Sr Edivan Amorim não é um cidadão qualquer, o suicídio
do seu contador tal a dimensão e as características especiais com as quais
lidava, há 20 anos, principalmente fazendo sumir pelo ralo enormes valores
tributáveis, é algo que deve interessar a todos os sergipanos que se preparam
para votar nas próximas eleições. O Sr Amorim se diz líder ou dono de 16
partidos políticos, vem armando, desde que se tornou genro do ex-governador e
atual prefeito de Aracaju João Alves Filho, um suspeitíssimo esquema de poder,
no qual, colocou como principal figurante político, o seu irmão o agora senador
Eduardo Amorim, candidato ao governo de Sergipe. A ligação é tão umbilical que
não se pode imaginar a existência política de Eduardo sem o suporte das
inúmeras transações efetuadas por Edivan. Tudo isso é tão forte que após a
noticia do suicídio, a assessoria do gabinete em Brasília do próprio senador,
emitiu uma estranhíssima nota , uma espécie de ato falho , na qual afirmava que
o contador não fazia parte da campanha eleitoral do candidato ao governo, e foi
mais adiante, atrevendo-se a dar um diagnóstico psíquico do contador,
assegurando que ele atravessava um sério período de depressão, e naquela manhã
teria uma consulta marcada com um psiquiatra.
O que teria o gabinete do nobre senador
Eduardo Amorim com negócios privados do seu irmão, e, mais ainda, o que
explicar sobre problemas psíquicos de um contador que para ele trabalhava ?
O
verdadeiro motivo da estranha ¨explicação ¨é que Eduardo como criatura não pode
desligar-se do criador Edivan.
O contador
era uma espécie de caixa-preta dos negócios de Edivan, e tudo isso não
pode ser omitido, ocultado, como fizeram as televisões e as principais
emissoras de rádio sobre o suicídio que não mereceu sequer um mínimo espaço de
noticia. Aliás, essa conivência de uma seleta parte das elites sergipanas em
relação às suspeitas que recaem sobre Edivan é algo assustador em termos de respeito à
opinião pública e à liberdade de expressão. Também desmoralizante, no que diz respeito à
credibilidade das próprias empresas. Mas, os efeitos mais graves sobre a
credibilidade e a integridade moral de tantos homens públicos hoje
comprometidos com Edivan Amorim, inclusive dois ex-governadores e uma Senadora da República, poderão ser para
eles desastrosos, bastando, para isso, que a partir do suicídio de Alex Alves o Ministério Público e a Polícia Federal
comecem a levantar a ponta da cortina que encobre
as
nebulosas transações de Edivan
Amorim, onde se incluiriam o controle dos DARF`s de prefeituras aliadas, e até
o monitoramento das finanças da Assembléia Legislativa. Custa a crer que pelo
menos dois desses ilustres personagens não tenham tido ouvidos para ouvir as gravíssimas advertências feitas em relação ao futuro de
Sergipe, pelo deputado federal Mendonça Prado , cujo sentimento de honra
pessoal ninguém põe em dúvida.
Por que não divulgam a carta do suicida que estaria em poder de um advogado da
Assembléia?
E, mais ainda, seria ela verdadeira,
ou forjada ?
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