sábado, 25 de janeiro de 2014

O QUE FAZER COM O CAMINHO DE FERRO



O QUE FAZER COM O CAMINHO DE FERRO
¨Caminhos de ferro,¨ eram assim chamadas  nos dois séculos passados as ferrovias pioneiras. Sergipe tinha um desses caminhos de ferro. Corria de norte ao sul, desde as margens do São Francisco, em Propriá,  atravessando ao sul, o Rio     Real, em demanda de Salvador,     cruzando território   baiano. O nosso  ¨Caminho de Ferro¨ era tortuoso, fazia inúmeras voltas para driblar acidentes geográficos, ou, ir de encontro a interesses  dos chefes políticos interioranos. Quem tem mais de 60 anos poderá até ter tido  a boa sensação de tomar um trem na Estação que ficava no Mercado Municipal, mais ou menos onde é hoje a Praça de Eventos, isso, pelas 16 horas, viajando com certo conforto, se fosse passageiro do Estrela do Norte, que tinha cabine, dormitório e restaurante.  Chegava-se a Salvador no dia seguinte por volta das 7 da manhã. Eram cerca de  15 horas para percorrer uns 300 quilometros, ou seja, uma velocidade média de pouco mais de 20 quilometros-hora.  Isso,  num trem considerado moderno, tracionado por locomotiva a óleo. Antes, o Maria Fumaça levava mais tempo, demorava-se nas sucessivas estações para receber água e lenha,  e descerem  e subirem passageiros e cargas. Na Europa nos Estados Unidos os trens ainda não eram  bala, mas, já corriam a mais de 120 por hora.
 O trem era  quase o único meio de transporte eficiente entre diversos municípios, e ligação principal entre o interior e Aracaju.  O  de passageiros desapareceu daqui no começo dos anos 60. Continuaram os cargueiros, depois operando apenas no  transporte  do petróleo, de combustíveis e da amônia e ureia produzidas pela Fafen, em Laranjeiras. O derradeiro desses trens deixou de circular faz mais de 10 anos.   Por outro lado, sumiu também, quase completamente, a navegação de  cabotagem. A exclusividade antieconômica do transporte via rodoviária,   é um tiro de morte nas nossas pretensões de melhorar o ineficiente desempenho da economia.
 Trata-se agora, de construir novos  ¨caminhos de ferro ¨, recuperar a malha  que o tempo quase sucateou, como é o caso dos  270  quilômetros de  ferrovias no território sergipano, número até considerável ,  em face do nosso tamanho exíguo e o descaso brasileiro em relação ao transporte ferroviário. Poderíamos ter muito mais estradas de ferro, caso houvesse sido concluída aquela, projetada  para ligar Aracaju, ( porto mais próximo ) ao local  onde se construía a usina hidrelétrica de Paulo Afonso.  O leito e as pontes onde seriam assentados os trilhos, ficaram prontos até  próximo de Simão Dias. Alí a construção parou. Aquela linha férrea, ja no sertão baiano, à altura de Jeremoabo,  se bifurcaria para ligar-se,  na estação de Queimadas, com a ferrovia que vinha de Salvador, e, em outro ponto, com  a linha projetada para interligar a capital baiana a Juazeiro. Completar-se-ia assim uma ligação por trens, importância estratégica para Aracaju, na condição de porto marítimo  mais próximo  de Juazeiro,  da hoje  florescente Petrolina, e de Paulo Afonso. Tudo empacou na displicência e na falta de verba, mais na displicência, com certeza. Agora, a ideia de fazer ressurgir o transporte ferroviário é  imprescindível, e em Aracaju chegam representantes da Agencia Nacional de Transportes Terrestres,  a ANTT. Eles querem, inicialmente, ouvir a comunidade para saber o que  imaginam que poderá  ser feito com os trilhos da antiga Leste Brasileiro, privatizada, surgindo como  Ferrovia Centro  Atlântica.  Aqui , nada   fez e agora devolve à União a  ferrovia imprestável.
As primeiras ideias voltam-se  para a mobilidade urbana, porque a linha corta Aracaju ao meio e liga a capital com o entorno onde estão cidades como São Cristovão e  Nossa Senhora do Socorro. Os trilhos são ingleses,  muito bons, ainda intactos, ao contrário daqueles , chineses, que agora importamos, depois de mandar para lá o nosso minério de ferro. Os trilhos são mesmo  péssimos,   entortam, quebram, ruins, como quase tudo o que a China nos manda, de automóveis a bugigangas de curtíssima duração, ou contendo materiais tóxicos como no caso das  toneladas de bijuterias letais que foram apreendidas.
O problema é que a bitola é estreita, não comporta trens capazes de alcançar alta velocidade. Mas estaríamos bem servidos se por aquelas linhas trafegassem  comboios com velocidade em torno dos 60 quilometros.  Isso, o Veículo Leve Sobre Trilhos, o VLT,  já consegue fazer com a utilização de tecnologias bem sucedidas. O VLT, relembramos, foi  proposta apresentada em 2012 pelo então candidato a prefeito,  o deputado federal Valadares Filho. Com os trilhos da ferrovia Atlântica que agora  ficam desimpedidos,  o assunto VLT poderia voltar a entrar em pauta.

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