Ele se chama Feliciano. Não faz muito tempo tornou-se
tristemente conhecido. Era um deputado apagado e um pastor sem brilho. Então, resolveu urrar proclamando aos quatro ventos
as sandices que o desqualificam, primeiro, como cristão, depois, como representante do
povo paulista na Câmara Federal. Sandices não são raridades no nosso parlamento. Câmara e Senado aviltaram-se pela
proliferação de representantes aos quais
faltam requisitos que antes eram
considerados indispensáveis, para que um
cidadão se fizesse portador de um
mandato eletivo. Mas, se o povo os elege, paciência, e que não nos falte jamais a indispensável
crença na democracia. Com efeito, é preciso acreditar, e muito, nos valores intrínsecos à concepção
democrática, para que não nos deixemos
contaminar pela indignação, e comecemos
a ter deploráveis visões nostálgicas sobre aqueles tempos em que o general Newton Cruz andava de rebenque na mão
ameaçadoramente percorrendo as dependências do Congresso Nacional.
É preciso crer , e crer convictamente, na capacidade que tem o regime democrático
para revigorar-se e promover as
periódicas auto- limpezas, quando a
consciência de cada eleitor se transforma em indignação coletiva. É
indispensável uma imensa dose de
esperança para suportar a
ignomínia de uma Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, ainda presidida pelo repugnante deputado
Feliciano. Todavia, não basta a
esperança. A cidadania aviltada exige
que o repúdio se transforme em protesto permanente, invadindo as redes sociais,
os espaços democráticos da mídia, as ruas, onde o clamor popular, quando é ouvido, serve
como remédio infalível para a correção
de equívocos, até, de afrontas.
Feliciano, presidindo uma comissão de direitos
humanos, é atestado de desprezo ao povo brasileiro, assinado pelos que, em hora desastrada, o escolheram para comandá-la. Manifestações agressivas de homofobia, revelam, quase sempre, graves distúrbios psicóticos consequência de irresolvida enrustição, mas, o deputado e pastor Feliciano, que costuma em tom guerreiro
disseminar os seus preconceitos, os seus
ódios irracionais, tem mais outras contas a ajustar com a sociedade e com a
lei.
Os afrodescendentes, coitados, segundo o
energúmeno, são amaldiçoados, daí porque, sobre o grande continente chovem
todas as desgraças. O vírus da Aids, do Ebola, a fome, a mais degradante
miséria , tudo isso, seria consequência da maldição divina, que, segundo Feliciano, abrangeria, além
dos negros, também judeus e muçulmanos. Quem
diz tão estúpida e desumana
asneira, criminosamente racista e
sectária, preside uma Comissão de Direitos Humanos.
Um partido que se intitula social
cristão, não deveria ter em seus quadros
quem poderá ser tudo, menos um seguidor
de Cristo. Em boa hora, o líder do PSC, deputado André Moura, já enxergou a enrascada
onde se meteu ao apoiar Feliciano , e dá
claros sinais de que quer vê-lo fora da comissão. O partido deveria ir além, e,
em busca de uma sintonia com a dignidade ferida dos brasileiros, tratar logo de
livrar-se das cafajestadas do sinistro
deputado.
O
desastroso parlamentar, na condição de pastor, esteve em Canindé do São Francisco. A visita causou na sociedade uma sensação de pasmo e
de revolta. Seria recomendável incluir
como palestrante em evento religioso, um homem- bomba, intolerante e agressivo, que por onde passa gera atritos e espalha ociosidades?