NUM PAÍS
SEM MÉDICOS
SOBRA CORPORATIVISMO
Faltam
médicos no Brasil. Nem é preciso recorrer a dados estatísticos para que fique
demonstrada a carência, sentida e sofrida por quem vive em áreas rurais, ou em
pequenas cidades. Os médicos têm preferencia pelos grandes centros.
Para irem
aonde os médicos brasileiros não querem ir, estão chegando médicos
estrangeiros, de Portugal, da Espanha.
Só de Cuba serão 4 mil. Irão para as selvas encharcadas da amazônia, para as caatingas ressequidas do
nordeste, áreas inóspitas, destituídas de conforto, de infraestrutura, mas,
nessas áreas vivem seres humanos que precisam ser tratados como tal. O
corporativismo que existe em todas as profissões, e até num certo nível, deve
ser entendido como útil, no caso dos médicos é bem mais forte. Agora, as
entidades médicas se insurgem contra a entrada de médicos estrangeiros no
mercado que era reserva exclusiva dos nacionais. A questão a ser analisada é
que os estrangeiros não estão tirando emprego de ninguém, e irão atender às populações condenadas a viver tendo de recorrer aos préstimos nunca negados
de curandeiros e rezadores.
No Jornal
da Globo, de quarta-feira, dia 21, o apresentador William Waack, que é culto e
cosmopolita, mas não sabe por onde anda o Brasil real, dizia, indignado, que o
governo brasileiro estava cometendo a indignidade de financiar a ditadura
cubana, porque o salário de 10 mil reais será pago ao governo cubano que dele repassará uma parcela ao profissional, dentro das normas de igualdade salarial adotadas pelo regime
socialista, onde não existe um abismo entre o menor e o maior salário, como
aqui entre nós . Isso é problema deles, dos cubanos, e a nós o que deve
interessar é o abandono em que se encontram milhões de brasileiros que
necessitam de um médico para lhes atender, prescrever um medicamento, aliviar
suas dores, curar uma ferida, e para que isso seja feito não são necessárias
grandes instalações. O que não se pode dispensar é o médico, mas isso, o
corporativismo que se transforma em
indiferença ao sofrimento alheio, (coisa inadmissível em um médico ) agora tenta impedir.
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