segunda-feira, 29 de julho de 2013

JACKSON E O PRAGMATISMO DA POLÍTICA



 JACKSON E O PRAGMATISMO DA POLÍTICA
 Na interinidade em que se encontra Jackson Barreto defrontou-se com uma situação que exigia, para ser enfrentada, uma equilibrada dose de sensibilidade política e coragem para tomar decisões.  Era preciso deixar bem claro que ele não usurpava atribuições do
governador,  apenas o substituía  enquanto durassem os problemas de saúde enfrentados por Déda. Jackson evitou tomar decisões de maior  amplitude enquanto entendeu que a conjuntura político-administrativa permitiria adiá-las.  Mas a interinidade se foi alongando em  virtude do tempo requerido para a cura do câncer, uma dolorosa batalha que Déda vem progressivamente vencendo. Já  tendo deixado o hos pital, mas permanecendo em São Paulo aguardando ordens médicas para o retorno, tudo leva a crer que no máximo em 60 dias Déda reassuma  o governo.
 Com mais de dois meses de interinidade, Jackson admitiu publicamente que o estado não poderia parar e que era impossível governar sem ter maioria na Assembléia.  Desde que ocorreu em fevereiro do ano passado o inesperado e surpreendente rompimento com o grupo do empresário-político Edivan Amorim,  Déda passou  a viver a estressante situação, inédita em Sergipe, de um governo em minoria no legislativo .  No mesmo mês do rompimento Déda   começou as tratativas com o intuito de  desatar  o complicado cipoal de  ressentimentos   e interesses políticos em choque, Ele tentava sair das cordas  numa luta que lhe estava sendo  desvantajosa,  e que, pior ainda, engessava a administração.
 Aconteceu a rejeição do PROINVEST e, em setembro,  Déda  outra vez doente, teve de viajar a São Paulo para submeter-se a   sucessivas sessões de quimioterapia.  Apesar da intensidade do tratamento, nos intervalos  em Sergipe, Déda  empenhou as energias que se tornavam escassas na tentativa de  convencer os deputados da maioria oposicionista  manipulada pelo político-empresário Edivan Amorim,. Tentava fazê-los   mudar de comportamento, procurando enxergar, antes das desavenças, os interesses de Sergipe. Não foi fácil. Depois de muitas  articulações, longas conversas, uma  batalha travada na mídia, apelos pessoais e emocionados   ao próprio Edivan, se fez a reformulação do projeto, corrigiu-se o erro  de não ter sido submetida antes aos   deputados a proposta inicial,  e o PROINVEST  reapresentado em 2013 foi aprovado.  
 A estressante luta que durou meses, agravou os problemas de saúde, e o governador teve de permanecer  hospitalizado em São Paulo. 
Nesse ínterim  as ruas começaram a transmitir o  recado que os governantes  teriam de ouvir, e também,  rapidamente,  providenciarem  as respostas possíveis.
Jackson já começara a agir bem antes,  no sentido de assegurar a governabilidade. Retomou negociações com categorias em greve, desfez o alongado mal-estar  entre professores e governo,   aquietou  ânimos, dialogou intensivamente  e  ampliou contatos políticos que se tornavam indispensáveis e inadiáveis. Ao mesmo tempo, manteve uma agenda cheia e concentrou-se na inauguração de obras,  visitou indústrias   instaladas nos últimos anos com incentivo do governo. Mostrava que o estado não parou, enquanto fazia  articulações bem sucedidas,  q ue  sinalizaram a possibilidade concreta  de reconquista da maioria perdida no Legislativo. 
 Sabendo-se como são díspares, difusos, os interesses que compõem um parlamento, e ainda mais, no caso da nossa Assembléia, sendo bem conhecidas as influencias externas que sobre ela atuam, não é tarefa fácil  a reconquista de uma maioria perdida. Jackson passou a agir com absoluto pragmatismo, o mesmo que levou Lula a fazer alianças e vencer duas eleições, a manter a base política do seu governo e, até, mais recentemente, no caso da eleição paulistana, a visitar Paulo Maluf,  indo afagar-lhe o ego na sua mansão, para dele  receber o apoio que precisava para  eleger Fernando Hadad. Lula antecipou-se à  visita que Jose Serra acabando as hesitações, já se dispunha a fazer. Somando tudo e calculand o as perdas que poderiam ocorrer, Lula assegurou para o PT a improvável vitoria na capital paulista.
Déda,  para vencer sucessivas eleições em Sergipe  trocou a nitidez  única da coloração ideológica  pela pragmática composição de tonalidades variadas. Na arte da pintura  a monocromia    é desapreço à estética. Na política, que é também arte, o predomínio  de uma cor exclusiva  é desapreço à democracia.
A maioria na Assembleia é um quadro  que,  sendo essencialmente democrático,  terá de ser pintado com uma diversidade de cores. Jackson vem usando pragmaticamente o seu pincel.

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