JACKSON E O PRAGMATISMO
DA POLÍTICA
Na interinidade em que
se encontra Jackson Barreto defrontou-se com uma situação que exigia, para ser
enfrentada, uma equilibrada dose de sensibilidade política e coragem para tomar
decisões. Era preciso deixar bem claro que ele não usurpava atribuições
do
governador, apenas o substituía enquanto durassem os problemas de saúde enfrentados por Déda. Jackson evitou tomar decisões de maior amplitude enquanto entendeu que a conjuntura político-administrativa permitiria adiá-las. Mas a interinidade se foi alongando em virtude do tempo requerido para a cura do câncer, uma dolorosa batalha que Déda vem progressivamente vencendo. Já tendo deixado o hos pital, mas permanecendo em São Paulo aguardando ordens médicas para o retorno, tudo leva a crer que no máximo em 60 dias Déda reassuma o governo.
governador, apenas o substituía enquanto durassem os problemas de saúde enfrentados por Déda. Jackson evitou tomar decisões de maior amplitude enquanto entendeu que a conjuntura político-administrativa permitiria adiá-las. Mas a interinidade se foi alongando em virtude do tempo requerido para a cura do câncer, uma dolorosa batalha que Déda vem progressivamente vencendo. Já tendo deixado o hos pital, mas permanecendo em São Paulo aguardando ordens médicas para o retorno, tudo leva a crer que no máximo em 60 dias Déda reassuma o governo.
Com mais de dois meses
de interinidade, Jackson admitiu publicamente que o estado não poderia parar e
que era impossível governar sem ter maioria na Assembléia. Desde que
ocorreu em fevereiro do ano passado o inesperado e surpreendente rompimento com
o grupo do empresário-político Edivan Amorim, Déda passou a viver a
estressante situação, inédita em Sergipe, de um governo em minoria no
legislativo . No mesmo mês do rompimento Déda começou as
tratativas com o intuito de desatar o complicado cipoal de
ressentimentos e interesses políticos em choque, Ele tentava sair
das cordas numa luta que lhe estava sendo desvantajosa, e
que, pior ainda, engessava a administração.
Aconteceu a rejeição do
PROINVEST e, em setembro, Déda outra vez doente, teve de viajar a
São Paulo para submeter-se a sucessivas sessões de
quimioterapia. Apesar da intensidade do tratamento, nos intervalos
em Sergipe, Déda empenhou as energias que se tornavam escassas na
tentativa de convencer os deputados da maioria oposicionista
manipulada pelo político-empresário Edivan Amorim,. Tentava fazê-los
mudar de comportamento, procurando enxergar, antes das desavenças,
os interesses de Sergipe. Não foi fácil. Depois de muitas articulações,
longas conversas, uma batalha travada na mídia, apelos pessoais e emocionados
ao próprio Edivan, se fez a reformulação do projeto, corrigiu-se o erro
de não ter sido submetida antes aos deputados a proposta
inicial, e o PROINVEST reapresentado em 2013 foi
aprovado.
A estressante luta que
durou meses, agravou os problemas de saúde, e o governador teve de
permanecer hospitalizado em São Paulo.
Nesse ínterim as ruas
começaram a transmitir o recado que os governantes teriam de ouvir,
e também, rapidamente, providenciarem as respostas possíveis.
Jackson já começara a agir bem
antes, no sentido de assegurar a governabilidade. Retomou negociações com
categorias em greve, desfez o alongado mal-estar entre professores e
governo, aquietou ânimos, dialogou intensivamente
e ampliou contatos políticos que se tornavam indispensáveis e inadiáveis.
Ao mesmo tempo, manteve uma agenda cheia e concentrou-se na inauguração de
obras, visitou indústrias instaladas nos últimos anos com
incentivo do governo. Mostrava que o estado não parou, enquanto fazia
articulações bem sucedidas, q ue sinalizaram a possibilidade
concreta de reconquista da maioria perdida no Legislativo.
Sabendo-se como são
díspares, difusos, os interesses que compõem um parlamento, e ainda mais, no
caso da nossa Assembléia, sendo bem conhecidas as influencias externas que
sobre ela atuam, não é tarefa fácil a reconquista de uma maioria perdida.
Jackson passou a agir com absoluto pragmatismo, o mesmo que levou Lula a fazer
alianças e vencer duas eleições, a manter a base política do seu governo e,
até, mais recentemente, no caso da eleição paulistana, a visitar Paulo
Maluf, indo afagar-lhe o ego na sua mansão, para dele receber o
apoio que precisava para eleger Fernando Hadad. Lula antecipou-se à
visita que Jose Serra acabando as hesitações, já se dispunha a fazer. Somando
tudo e calculand o as perdas que poderiam ocorrer, Lula assegurou para o PT a
improvável vitoria na capital paulista.
Déda, para vencer
sucessivas eleições em Sergipe trocou a nitidez única da coloração
ideológica pela pragmática composição de tonalidades variadas. Na arte da
pintura a monocromia é desapreço à estética. Na
política, que é também arte, o predomínio de uma cor exclusiva é
desapreço à democracia.
A maioria na Assembleia é um
quadro que, sendo essencialmente democrático, terá de ser
pintado com uma diversidade de cores. Jackson vem usando pragmaticamente o seu
pincel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário