SE HOUVESSE
INTERNET EM 64
No começo da
noite de 31 de março para primeiro de abril de 64, já se sabia que tropas do exército rebeladas
em Minas Gerais , começavam a se deslocar para ocupar o Rio de
Janeiro, onde estava o presidente João Goulart. Brasília era a nova capital, mas no Rio o presidente ainda tinha
um Palácio, e parte da administração federal continuava funcionando na antiga capital .
Naquele tempo, em Aracaju, ao telefone muito mal se falava dentro da própria
cidade. Notícias do sul, só através de emissoras de rádio precariamente sintonizadas. Marcélio Bonfim deve ter ainda viva na memória a
lembrança do que foi a corrida de casa em casa dos companheiros, convocando a
todos para reunião no prédio da Leste
Brasileiro, onde se pensava em resistir. E nem chegavam a mais de 200. Quem
imaginaria naquele tempo as facilidades de comunicação que existiriam, quando
fossem inventados o celular e a Internet ?
O grande veículo de mobilização popular é,
hoje, indiscutivelmente a Internet, a maior arma contra as ditaduras, pode ser
também o melhor instrumento para a
revitalização das democracias. O historiador Erick Hobsbawn
que já está bem velhinho e cada vez mais lúcido, não tem muita simpatia pela
Internet, achando que as pessoas perdem demasiado tempo a trocar mensagens
bobas e inúteis nas redes sociais, mas, ele não desconhece que o ritmo da
Historia acelerou a partir da entrada em cena da Internet, embora ele próprio
não frequente as redes.
Quem liderou a
organização da marcha popular pelas ruas de Aracaju? A resposta é: ninguém, e todos. Todos os que começaram a trocar mensagens
sobre a mobilização para uma passeata, depois,
a fixação do dia e da hora, em seguida,
a convocação. Na manhã da quinta =feira, 32 mil
pessoas se diziam dispostas a ir às
ruas. Sem a Internet a manifestação que
juntou bem mais de 20 mil , dificilmente chegaria a mil manifestantes.
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