sábado, 25 de maio de 2013

OS FELICIANOS FRANCESES E O ¨MARRIAGE GAY ¨



OS FELICIANOS FRANCESES
E   O   ¨MARRIAGE       GAY ¨
O Le Canard  Enchainé ,  semanário satírico francês que já anda no nonagésimo oitavo ano de existência, e que inspirou aqui o nosso Pasquim, de vida lamentavelmente bem mais curta, sapecou, na sua edição de quarta- feira, 22 de maio, a manchete de primeira página : ¨Hollande passe deux  jours avec Merkel: La couple franco-allemand n`est pas un marriage gay¨ .
Hollande, o tão desgastado presidente, dizem línguas  debochadas é tão priápico quanto fora o presidente Kennedy, ou seja, a qualquer hora, ou de noite ou do dia, passando uma saia ao lado ele está disposto a   introduzir-se no que ela recobre, sucessivas vezes, sem depor as armas. Já a  Merkel, alemã que nem usa saias,   é também  Ángela, mas,  nada angélica, até porque, no rascante idioma teutônico o Angela pronuncia-se Ánkela, e ela pisa tão duro quanto o prenome, que é  suave nas línguas latinas.  O Le  Canard Enchainé,    ( O Pato Acorrentado )  conhecendo a  renitente ojeriza dos franceses ao país com o qual já travaram tantas guerras,  e a antipatia que desperta a    líder alemã,   aproveitou a oportunidade da cúpula ( sem trocadilhos )  franco- alemã,   e,  fazendo rir para melhor castigar os costumes,  penetrou na guerra idiota que os ¨ felicianos¨ de lá fazem  contra a união gay.
Os franceses, parisienses principalmente, fizeram uma concessão ao riso, nesses tempos tão sem graça, mas a coisa não está mesmo para brincadeira.
Neste domingo, dia 26, a direita francesa que agrupa gente de todas as classes sociais, e tem  tradicionais raízes fincadas  na aristocracia,  no catolicismo, e no complexo financeiro-industrial militar, promete botar na rua muito mais gente do que na manifestação que levou 300 mil pessoas  aos Champs- Elisèes antes que a Corte Constitucional houvesse decidido a favor da legalidade do casamento gay,  e François Hollande , sem perder  tempo, transformou o reconhecimento da legalidade em lei da República.
   Recorrendo-se a um jocoso ditado popular se poderia indagar ¨Mas, afinal, o que tem o .... com as calças? ¨
Para a droite francesa, a direitona, como diria Rosalvo Alexandre, a Tradição Familia e Propriedade a nossa TFP,  que felizmente a pátina do tempo já fez desaparecer, seria um ramo disfarçado da esquerda insidiosa e especialista em artimanhas.
A direita francesa,   ainda chorosa e traumatizada com a degola de Luiz XVI e da sua mulher Maria Antonieta há mais de 200 anos, revela, em algumas ocasiões, um comportamento suicida,  preferindo assistir o desaparecimento da França a ter de fazer uma reciclagem das suas ensebadas concepções. Foi assim em junho de 1941, quando o comando militar formado por conservadores empedernidos,  cruzou os braços diante da invasão,  preferindo capitular desonrosamente a combater  ao lado do Front Populaire contra  as tropas nazistas, às quais se juntaria depois, sem sentir a humilhante condição de um país ocupado,  para ir  formar a Divisão Azul, e ajudar  Adolf Hitler  na invasão da União Soviética.
Quando  houve a independência da Argélia,  a direita francesa virou terrorista,  somente contra o presidente De Gaulle cometeu mais de dez atentados .
A França até hoje trata com recato, vergonha ou má vontade, essas feridas que doem na consciência nacional de um país que  homenageia os combatentes da resistência com  flores permanentemente renovadas, nos locais onde morreram lutando ou sendo executados, e prefere baixar uma cortina de silencio sobre os colaboracionistas, sobre os facinorosos traidores, o Marechal Phillipe Petain, o almirante  Darlan, e o irresponsável proxeneta Pierre Laval.
Com esse prontuário de traições e crimes,  o fascismo francês volta a bater às portas dos quarteis, onde generais começam a se manifestar contra o casamento gay,  contestando a lei da República,  e proclamando que sob o comando deles,  coronel não  dormirá com  sargento, nem capitã com   soldada. O impedimento seria apenas hierárquico ?  Se  general quiser frequentar a cama com  general,  seria diferente ?
Mas, afinal,  o que terá mesmo essa gente toda, bispos, arcebispos, deputados  pastores,   generais,  com o que fazem na cama homem com homem e mulher com mulher? A prática homossexual nas cavernas já era corriqueira, revelam pinturas rupestres, e continuará existindo  pelos tempos a fora, tendo como praticantes, também, e sem duvidas,  generais, almirantes,  brigadeiros, arcebispos, bispos, pastores, etecetera e tal.
Com o mundo cada vez mais livre de preconceitos, a direita perde terreno e discurso, e os oportunistas  que invadem a cena política também,  assim, nada melhor do que ir imiscuir-se na cama dos outros, como fazem por aqui o infeliz  raivoso Feliciano e seus patrocinadores do PSC e  toda aquela gente que se acredita dona da verdade e agita a Bíblia na mão, sem nunca ter prestado a devida atenção ao que falou o Homem de Nazaré.

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