BRASIL OU PORTO RICO?
A grande mídia brasileira bem melhor se sentiria,
se, obtendo os lucros que aqui tão vastamente aufere, estivesse sediada
em Porto Rico. Na ilha que as canhoneiras da nascente poderosa marinha
Yankee anexou , dando-lhe, o status de ¨Estado Associado ¨
boa parte dos jornalistas das poderosas redes não teriam limites para
a idolatria em relação aos Estados Unidos. A cabeça deles não
está no Brasil, muito menos na América Latina, da qual guardam uma
indisfarçável ojeriza. Seria bom se a cabeça de jornalistas não se
prendessem exclusivamente aos países onde vivem, ultrapassassem
fronteiras e abarcassem o mundo. Assim, teriam uma visão mais detalhada e
abrangente do particular e do geral, estariam preparados para a
interpretação da realidade dos seus países em indispensável interconexão com a
realidade do mundo. Hoje, a influente
mídia faz marcha batida rumo ao tempo em que Assis
Chateaubriand, à frente da onda entreguista que caracterizava a imprensa
brasileira, dizia que era preciso doar o petróleo e todas as riquezas do
Brasil ao capital estrangeiro, porque ¨ o brasileiro era tão incapaz e
preguiçoso, que não dava descarga depois de usar a latrina.¨
Em Boston, dois estudantes contaminados pela
violência, que faz parte da cultura americana, fabricaram
explosivos, panelas de pressão, recheadas com pedaços de metal para
potencializar os efeitos letais. As organizações da direita
americana vivem a defender o uso indiscriminado de armas, e ensinam
na Internet como se fazem explosivos caseiros. Na semana em que aconteceu o atentado,
um canal de TV americana exibia as proezas de um maluco apresentado como
gênio, fabricando em casa armas de grosso calibre.
O maluco, chama a vovozinha, senhora de uns 90 anos, e
a ela entrega a arma, dizendo ser a melhor do
mundo; uma semiautomática , espingarda e fuzil, com dois canos lisos
calibre 12 e um outro justaposto, raiado, o fuzil. A velhinha
disparou os tiros da espingarda e do fuzil em um alvo com formato humano.
Depois, exultando como uma idiota senil, urrava : ¨ Estourei os miolos dele.¨
A mídia brasileira transformou em manchetes
sucessivas e assunto quase exclusivo, uma bomba caseira. Quando
Obama estava em Boston participando de um ato ecumênico pelas três
vitimas, a Globo News interrompeu a programação e entrou em cadeia com a CNN.
Um apresentador que traduzia o discurso de Obama, tinha a voz embargada,
quase chorava, coisa que em nenhum momento faz, quando diariamente
noticia as mortes, as chacinas nas favelas brasileiras. As vitimas
americanas são mais importantes do que as nossas, simples habitantes do
Terceiro Mundo. Logo, a Band News também entrou em cadeia com a CNN.
Assim ficaram durante quase uma hora. Enquanto isso, pelo mundo, a mídia
dava ao atentado em Boston o espaço exato que ele mereceria. A
TV-Espanha, fazia um noticiário dando destaque a um episodio local,
e indagando: ¨Quien se ocupa de las grietas de Bigue ? ¨. A pergunta era
dirigida ao poder público, que não tomara providencias para descobrir as causas
de fendas que se abriram em centenas de casas na pequena cidade de Bigue.
Depois, o noticiário tratava do caso ocorrido na China, uma ¨Niña
atrapada¨, ou seja, uma criança que ficou presa num buraco. A
francesa TVS Monde, exibia documentário intitulado Artisans
du Changement. Eexperiências inovadoras de sustentabilidade. A RAI
Italiana exibia o programa La Vitta in Diretta, episódios do cotidiano
das pessoas, e a Deutsche – Welle, alemã, mostrava modernos modelos
de automóveis.
Para a nossa colonizada grande mídia, importante mesmo é
o que acontece na Metrópole. Ainda que seja uma bombinha merreca, numa panela
de pressão.
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