OS
TRES JEGUES DE GRACHO CARDOSO
Em
Gracho Cardoso houve um jegue, infeliz jumento,
animal irracional todavia absolutamente inofensivo, vítima indefesa de
dois homo sapiens, um deles
bestialmente cruel, o outro, descuidadamente alheio a uma barbaridade da
qual se tornou cúmplice. Considerando-se
que o jegue é um animal incapaz de fazer uso da razão, e, por conseguinte , fora do plano em que se estabelecem os valores
morais, no revoltante episódio, haveria mais dois jegues: o torturador, Celso Ferreira, e o prefeito do município, Cassinho da Quixabeira.
Desses
três ¨ jumentos¨ que desgraçadamente se juntaram no revoltante
episódio , um, não mais existe, aquele
que morreu em consequência dos ferimentos
causados por outro, depois amparado pelo terceiro, que entrou em cena para minimizar a gravidade
do crime.
Dos
dois outros, o criminoso e o seu protetor, é que se deve tratar agora.
Celso Ferreira, o energúmeno que amarrou o
jegue ao automóvel e saiu a arrastá-lo pelas estradas, terá de ser transformado
em réu. Já o prefeito Cassinho da Quixabeira, execrado agora pela opinião pública, da mesma forma que
Celso, o torturador a quem resolveu proteger, exorbitando das suas atribuições, terá de aprender que prefeito não deve entrar em
delegacias de polícia para constranger autoridades policiais, apenas, atendendo
ao apelo de algum eleitor eventualmente detido, poderia, no máximo, designar um
advogado para assisti-lo.
Enquanto isso, o policial que se deixou influenciar
pelo prefeito terá de repassar, diligentemente, item por item, o conjunto das
suas atribuições, para saber que erra e até prevarica, quando despreza os procedimentos legais
colocando em seu lugar uma solicitude indevida a quem extrapola limites do
cargo que exerce, seja ele prefeito, ou qualquer outro useiro e vezeiro em
carteiradas.
Vindo
a sentar-se no banco dos réus, o
mentecapto algoz de jumento
acabará por ser condenado a uma pena sócio-educativa, algo que contribua para
diminuir a vastidão da sua estupidez e ignorância.
Assim, nos atrevemos a sugerir ao magistrado
que aplicará a pena:
Caso o ¨jumentofóbico ¨ saiba ler, que seja
posto a decorar toda a legislação brasileira sobre proteção aos animais, Depois, com a lição na ponta da língua, que se
ponha a repeti-la de cor para os mais
variados públicos, inclusive em feiras livres, e usando uma camiseta onde em letras
garrafais esteja escrito: ¨ O jumento é
nosso irmão.¨ Tudo devidamente
acompanhado pelo som da música de Luiz Gonzaga, exaltando os jeguinhos, e até lembrando que Jesus andou montado em um
deles.
Mas, se o indigitado torturador de jegues, Celso Ferreira, não souber ler, que se matricule num desses cursos de
alfabetização para adultos, e comece a
aprender a soletrar a frase: ¨ Maltratar animais é crime ¨.
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