sábado, 12 de janeiro de 2013

APRENDENDO COM O MST



 APRENDENDO COM O MST
 O Movimento dos Sem Terra com suas ocupações, suas brigadas um tanto agressivas exibindo foices e facões,   incendiando pneus pelas estradas  ou invadindo prédios públicos,  é  o cenário preferido pela mídia para  ser exibido nos seus noticiários, tudo,  invariavelmente, acompanhado de comentários negativos sobre as ações de um grupamento de indivíduos agindo à margem das leis. A opinião pública é, assim, diariamente  trabalhada para reagir a esses que desrespeitam os fundamentos do Estado Democrático de Direito.
O MST seria então um movimento de usurpadores,  de gente desocupada e anárquica, ( antes eram subversivos) que não respeita os sagrados direitos de propriedade . Estariam a perturbar a paz dos que há séculos se apoderaram das terras e das gentes, desde quando  a Nação se formava,  depois,  à sombra do Império cúmplice, da Velha República parceira,  indo além, até a revolução de 30, transformando o ímpeto mais atabalhoado do que modernizante dos ¨tenentes ¨ em   inação e condescendência.  Assim, foram sobrevivendo os  ¨coronéis ¨do latifúndio, e do atraso,  eternizando-se  a pobreza e o desemprego nos campos, onde não chegara a atualidade das leis trabalhistas, os mais comezinhos direitos. No Engenho Galileia, em Pernambuco, formou-se o embrião do que seria tocado à frente com o nome de Ligas Camponesas, de Francisco Julião. O golpe de 64,  identificou nos esfarrapados camponeses, inimigos perigosos que era preciso esmagar. Formaram-se as milícias   de  pistoleiros e agentes da repressão,  e surgiu um episódio ainda obscura da nossa História que a Comissão da Verdade precisa desvendar para que surja uma página esclarecedora sobre quem mandou e quem executou camponeses, no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, nos massapês do nordeste, onde senhores de engenho se fizeram, mais uma vez, senhores da vida e da morte. Faz 26 anos surgiu em Sergipe o MST. Quem agora fizer uma incursão pela história desse período, vai constatar avanços  sociais, transformações econômicas, que desfazem inteiramente aquela imagem que a mídia poderosa inculca na cabeça desavisada das pessoas. Os estudantes, os intelectuais, todos os interessados em modernizar Sergipe, têm muito a aprender com  a luta dos  Sem  Terra. No Congresso, o vigésimo sexto,  realizado semana passada, se fez um balanço  das ações , se fez, sobretudo,  um elenco de  ações já consolidadas,  de projetos em execução ou a executar, sobretudo, daqueles ligados à relação dos assentamentos com o meio ambiente, o combate ao uso indiscriminado dos venenos agrícolas, a recuperação das matas, a preservação das nascentes, a proteção aos rios,  a formação de quadros politizados e  tecnicamente qualificados, a erradicação do analfabetismo no interior daquilo que os  preconceituosos denominam de ¨Quadrado Burro ¨ ,numa alusão desprimorosa à geometria dos assentamentos.
João Daniel, Esmeraldo, Gileno, Careca, Dilma,   Vanessa,  e tantos outros dirigentes e militantes, deram aulas de organização, de ação política coerente, que deveriam ser analisados com maior atenção pelos doutorados ¨embieis¨,  que tratam de mercado, competitividade, políticas corporativas, buscando caminhos para a sobrevivência do capitalismo. Talvez, no MST, eles pudessem encontrar a síntese entre concepções que se chocam, até hoje sem remédio: a do livre mercado  fora de controle,  e a da estatização que vira as costas para a liberdade de iniciativa .

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