sábado, 27 de outubro de 2012

O PODEROSO CHEFÃO E O SEU SENADOR CARA DE ANJO



O PODEROSO CHEFÃO  E  O
 SEU SENADOR CARA DE ANJO
O médico Petrônio Gomes aproveitou a oportunidade de um evento realizado na SOMESE – Sociedade Médica de Sergipe – para  fazer  o lançamento público da candidatura a governador de outro médico, o senador  Amorim.  A ocasião poderia não ser das mais propícias,  seria lícito, também,  discutir-se  a conveniência ou a sensatez do envolvimento de uma entidade de classe numa ainda distante disputa político-eleitoral, mas, o conceituado médico é um daqueles sergipanos que estariam a sonhar com a perspectiva de renovação política,   inquieto e inconformado   com a situação vivida pelo sistema de saúde pública. Petrônio imaginaria encontrar no médico  Amorim, o político  capaz  de liderar  um processo de mudança,  de  promover quase uma revolução administrativa, para  garantir o impecável funcionamento de hospitais e postos de saúde  da rede estadual.
O senador Amorim é a representação física do projeto de poder esquematizado e conduzido pelo seu irmão Edivan. Um projeto  construído a partir de um pesadíssimo jogo, que inclui  expedientes e métodos não exatamente afinados com a ideia de modernização da prática política. Seriam, digamos assim, métodos não convencionais. algo  assemelhado  às práticas mafiosas.  Mas o senador tem uma face quase angelical, é suave no trato, comedido nos gestos, bem preparado através de um inteligente marketing, para encarnar o que poderia ser entendido como mudança e renovação.
Agora, parece ter chegado o momento decisivo, o exato instante em que o senador terá de demonstrar que o seu rosto de anjo é, efetivamente, a  real expressão visível do seu comportamento e das suas concepções políticas, sobretudo, da responsabilidade social que deve ser inerente a todo homem público.
 Tramita na Assembleia em meio à  procrastinações e artifícios,  o pedido de autorização legislativa para que o governo do estado possa contrair empréstimo de 720 milhões de reais.  Trata-se de um programa amplo de estímulo ao crescimento econômico lançado pela presidente Dilma, o PROINVESTE. São quarenta bilhões de reais distribuídos exatamente com os estados que demonstraram eficiência na gestão financeira, e têm comprovada capacidade de endividamento. Dos 17 estados, 14 já encaminharam o pedido de liberação dos recursos, acompanhados da autorização legislativa, que rapidamente foi concedida.  Sergipe, mesmo que venha ainda a tornar-se habilitado a receber o empréstimo, já estaria num dos últimos lugares da fila, que só  anda  obedecendo  a minuciosos procedimentos burocráticos,   e estes,  levam alguns meses até estarem concluídos.
 Entre nós, todas as ações políticas estão coladas a um    calendário eleitoral que se concluirá em outubro de 2014. E para ele se voltam, exclusivamente, as atenções e as ações de um grupo que vem agindo com a famélica sofreguidão das alcateias.   Edivan, dono de 11 partidos, comanda o Legislativo através da submissa presidente Angélica Guimarães, e entendeu que o empréstimo seria prejudicial aos seus propósitos de tomada do poder.  O resto, as explicações que são feitas, as dúvidas que lançam sobre a capacidade de endividamento do estado, as exigências de ultima hora surgidas, tudo faz parte das manobras     ditadas  em consonância com a estratégia traçada  por Edivan.   Para ele, que  dá prosseguimento ao seu jogo bruto de selvageria politica, e só nele acredita, pouco importa se  obras fundamentais não forem realizadas, se bem mais de meio bilhão de reais deixarem   de circular,    gerando empregos e beneficiando empresas; se  Sergipe perder  rara oportunidade para estimular o crescimento da sua economia.
    Se os deputados impedirem que a economia de Sergipe venha a ser irrigada com o aporte de  uma soma tão expressiva de dinheiro,   cairá a máscara da maquiada cara de anjo,  e o irmão de Edivan  mostrará a face verdadeira  de cúmplice de uma traição ao povo sergipano. Ainda há tempo para que  o senador  troque   o discurso eleitoreiro,  afastando-- se da mediocridade,   das picuinhas e dos golpes rasteiros, para  cumprir o dever inerente a todo homem público responsável, honrando o mandato  de Senador da República que lhe foi conferido para defender os interesses de Sergipe.
É preciso que ele  afaste a obsessão de 2014, e entenda, entre outras coisas,  que os 720 milhões viabilizarão o Hospital do Câncer,  para o qual destinou uma verba que  foi  grande ajuda,  mas, que não cobrirá nem um terço do custo da obra. Se o empréstimo for negado,  cairá sobre o senador  Amorim a responsabilidade direta por não serem revitalizados os perímetros irrigados,   Califórnia,  Jabeberi, Ribeira, Dionísio Machado, e concluído o Jacaré- Curituba. O povo de Itabaiana, sua terra, nele passará a enxergar um inimigo disfarçado;  o povo do sertão saberá exatamente a quem dar o troco em 2014 ;  os jovens de Sergipe  não se conformarão, sabendo que 5 Escolas Profissionalizantes que demandam recursos da ordem de mais de 40 milhões,  não puderam ser construídas, porque os deputados não permitiram o empréstimo,  e que todos obedeceram   às ordens dos irmãos Amorim. O povo de Sergipe, assistindo já no próximo ano,  as obras que estarão em andamento na Bahia, em Alagoas, o turismo crescendo naqueles estados, mais indústrias  surgindo, e constatando que lá não houve empecilhos para a chegada dos recursos do PROINVESTE,  como  criaram  aqui os deputados, neles enxergará traidores, e  na cara de anjo do senador Amorim, apenas uma máscara de pura falsidade.
Como, depois disso, voltaria o senador e médico  Amorim a colocar os pés na SOMESE e lá ser festejado por um cidadão responsável e digno  como o médico  Petrônio Gomes ?

3 EPISÓDIOS HISTORICOS DA POLÍTICA SERGIPANA



  3 EPISÓDIOS HISTORICOS
   DA POLÍTICA SERGIPANA
Até sexta-feira dia 26 ,  com facilidade poderiam ser enumerados  dois grandes momentos históricos da política sergipana. O primeiro deles, no século passado, aconteceu no dia 28 de agosto de 1906, quando  o deputado federal Fausto  Cardoso,  eloquente e impetuoso tribuno, desafiou a força das armas clamando por liberdade, pela renovação dos nossos costumes políticos, e foi fuzilado na praça que hoje leva o seu nome. O segundo episódio a ser lembrado, ocorreria no mesmo século,  58 anos depois, na madrugada de 2 de abril de 1964. Acordado por militares que invadiram o palácio Olímpio Campos para prendê-lo, o governador Seixas Dória ao lado da mulher e dos dois filhos crianças que choravam,  com a força das ideias e da honra a fazer grande  sua diminuta estatura física , colocou-se diante dos seus algozes armados e lhes disse:  ¨Aqui entrei pela vontade livre do povo, saio pela força das armas, certo de que a História julgará a mim e aos senhores¨. Um dos militares, obediente à rigidez dos códigos da hierarquia, apesar do momento, perfilou-se e bateu continência ao governador  que ele ajudava a depor .
Na manhã de sexta-feira, 26, a Historia de Sergipe enriqueceu-se com   outro episódio,  marcado por dor, sofrimento e consciência cívica,   também protagonizado por um eloquente e impetuoso tribuno, o governador Marcelo Déda.
Há, mesmo com a distancia do tempo, um paralelo histórico permeando os dois momentos vividos pelos  tribunos, Fausto, e Déda.   Em 1906, Fausto estava convicto de que o seu repto, lançado em praça pública,  em frente à  tropa de armas em riste, poderia  custar-lhe a vida. Mas se dispôs ao sacrifício, por entender que era necessário, em primeiro lugar, honrar o  mandato, defender as suas ideias que se confrontavam com a mesquinharia corrupta de um governo retrógrado, que favorecia parentes e fazia negócios com os bens públicos.   Dia 26, Déda, superando as dores e os incômodos de uma quimioterapia, não foi a uma emissora de rádio para fazer desafios, mas,  com a força das suas convicções e a grandeza do seu exemplo de sacrifício pessoal  , pedir, e pedir com a veemência dos que esgrimem  argumentos da razão, que Sergipe não capitule diante da ambição desenfreada e do egoísmo mesquinho.  Ao fim de duas horas de discurso emocionado, quem carrega nas entranhas um câncer, e contra ele corajosamente luta, por mais que disfarçasse não conseguiria ocultar o cansaço, a voz sempre potente vez por outra lhe faltando. Os esforços daquela manhã poderão agravar  os efeitos colaterais inevitáveis do tratamento, valerão a  Déda mais reprimendas  dos seus médicos, mas, ele enxergava o futuro de Sergipe, os interesses maiores do povo que o elegeu, e, calar-se, seria  covardia moral incompatível com o comportamento de um homem público que poderá ter todos os defeitos, mas ninguém  nele enxergará  desonra ou  conivência com a traição ao povo.
Depois da fala de Déda, do apelo por ele feito para dividir com  seus opositores o sucesso pela obtenção do empréstimo de 720 milhões de reais, depois do convite feito ao senador  Amorim para irem juntos à Presidente Dilma celebrar o contrato;  depois de pedir que  os  políticos  não abandonem a velha tradição de unidade em face dos interesses de Sergipe;  depois de tudo isso,  se não for encontrada a fórmula capaz de separar o interesse público das ambições e das vantagens pessoais, Sergipe  teria então ingressado numa etapa  de retrocesso e degenerescência política, que estaria a exigir o sacrifício pessoal de muitos outros Fausto Cardoso

O EXAGERO DO DEPUTADO



O EXAGERO DO DEPUTADO
 O tão jovem deputado Paulinho das Varzinhas, de quem se cobra, uma atuação menos apagada na Assembleia, poderá  estar magoado com os resultados da eleição em Laranjeiras, que lhe foram adversos, poderia até ter motivos para criticar os adversários vitoriosos, mas,  não precisaria marcar uma estreia na tribuna depois de tanto tempo de mandato, para produzir uma acusação que,  de tão leviana, ele próprio  já deve  estar arrependido.
Paulinho  acusou o empresário Marcos Franco de ser agiota, emprestando dinheiro ao candidato vitorioso em Laranjeiras, para depois, dele exigir o dobro.
 Seria o caso de perguntar-se ao próprio deputado Paulinho, quanto o ex-deputado Marcos Franco dele cobrou pelo apoio político que lhe deu antes na sua eleição.
 Uma acusação como essa feita ao empresário e homem público Marcos Franco, logo desqualifica o próprio acusador, até mesmo, porque, como tanto repete o tio de Marcos, o ex-governador Albano Franco: ¨Sergipe é muito pequeno e aqui todos se conhecem ¨.

DAS MALOCAS DO CRACK AO ESPORTE NO SANTA MARIA



DAS MALOCAS DO CRACK AO
 ESPORTE NO  SANTA  MARIA
 Quando  nos deparamos com as malocas onde se afundam  vítimas do crack, quando constatamos a decadência humana causada pela droga mais arrasadora e letal,  vendida a baixo preço, resta-nos, quase sempre, uma sensação de impotência e pessimismo.  O que seria de uma  sociedade onde a juventude é cada vez mais vulnerável às drogas, o álcool, entre elas?
Quem estiver a alimentar essa duvida e a deixar-se dominar pelo pessimismo, poderá deixar para trás esses sentimentos ao cruzar os portões da Escola de Esportes do Santa Maria.  Ali, quase 500 jovens a partir dos 7  anos  encontraram um suporte seguro para as suas vidas. Estão intensamente praticando esportes. Há 23 professores e instrutores ensinando artes marciais, futebol, vôlei, atletismo, basquete, num complexo esportivo dotado dos melhores equipamentos.  Há coisa mais importante: o carinho e a responsabilidade como são recebidos e tratados. E isso se constata na alegria que todos mostram na face, no comportamento educado que revelam. Muitos deles são filhos de presos que estão na penitenciária que fica no mesmo bairro. Algumas das famílias desses condenados vieram viver no bairro, habitando em favelas que agora estão sendo removidas.  Quando a meninada chega à  Escola há psicólogos, assistentes sociais, que passam a acompanhá-los, e também às suas famílias.  Não se  exige ,  esclarece o coordenador, professor Aquiles, que estejam frequentando a outra escola, a que ensina a ler e a escrever. Começam a praticar esportes, socializam-se, e depois todos são encaminhados para a busca do conhecimento. O outrora problemático bairro, foco de tantos e graves problemas sociais, começa a mudar, com iniciativas como  o Colégio  Modelo ,  uma conquista do Ministério Publico, a Escola de Esportes do governo do estado, as obras de urbanização que devolvem  dignidade humana a milhares de pessoas.
O Secretário do Esporte Maurício Pimentel, que lutou pela ideia e a viu nascer e revelar-se útil, visita todos os dias a escola de esportes, e sonha em levar modelos semelhantes a outros bairros de Aracaju e ao interior do estado.

A HISTÓRIA E OS NOSSOS HEROIS TÃO ESQUECIDOS



A HISTÓRIA  E OS NOSSOS
HEROIS TÃO ESQUECIDOS
Seria impensável, um dia, ver-se o Arco do Triunfo em ruinas.  Da sua arcada monumental, desaparecidos os nomes das batalhas e dos generais napoleônicos, e no solo, apagada a chama  sobre o túmulo do soldado desconhecido, onde não mais haveria buquês de flores. Desprezadas as suas glórias ( infelizmente a História se faz em grande parte com esses épicos guerreiros ) a França também teria sucumbido.
 Cenário catastrófico, desses, retratados com a crueza e dramaticidade dos filmes de ficção.
Colocando os episódios nas suas devidas proporções, aqui em Aracaju já estaríamos a ver a  ficção catastrófica  transformar-se em realidade. Pais ainda jovem o Brasil felizmente, não seguiu o caminho  guerreiro do nosso contemporâneo do norte, os Estados Unidos. Pode ser que a explicação para isso esteja no subdesenvolvimento que nos acompanhou por tanto tempo,  impedindo que tivéssemos sobre o mundo uma visão imperialista. O nosso benfazejo pacifismo até nos fez retirar das páginas da nossa História episódios onde as armas foram decisivas, como no caso da independência de Portugal, atribuída, nos compêndios escolares, quase exclusivamente ao voluntarismo de Dom Pedro, traduzido naquele grito às margens do Ipiranga, tornado ainda mais dramático pela diarreia que atormentava  o príncipe  durante o  exaustivo cavalgar   do Rio a São Paulo.
Temos, aqui em Aracaju,  um monumento erguido  aos sergipanos que combateram e morreram na Segunda Guerra Mundial,  e aos  foram vítimas do torpedeamento de navios  de cabotagem por um submarino alemão ao largo das praias do sul sergipano e do norte baiano. Foram,  ao todo, mais de 600 mortos naquele episódio trágico de agosto de 1942, que  levou Getúlio Vargas a declarar, dias depois, a guerra contra o Eixo,  - Alemanha – Itália- Japão-. Se podem  existir guerras justas, aquela, da qual participamos, sendo o único país independente do hemisfério sul a enviar tropas ao  front europeu, foi, efetivamente, um conflito onde a justiça, a razão e , por paradoxal que seja, o humanismo, estavam do lado certo, aquele que escolhemos contra o totalitarismo nazi-fascista.
Pois então, o nosso monumento está em ruinas, deploravelmente abandonado, imundo; das suas paredes já caíram ou foram furtadas as placas de bronze onde estavam inscritos os nomes dos heróis. Para quem não sabe, o monumento fica exatamente no centro da Praça dos Expedicionários, em frente a também quase arruinada estação da antiga ferrovia Leste Brasileiro.
A Associação dos Ex- Combatentes nem mais existe, até  porque quase todos os seus integrantes já morreram. Assim, não há  mais o zelo  permanente, e a cobrança feita às autoridades pelos heróis de guerra, Capitão Juca Teófilo, Sargento Zacarias, Major Aloísio,  tenente Sizenando,  entre tantos outros que lutavam para que o sacrifício dos ¨pracinhas ¨ não fosse esquecido pelas gerações futuras.
 O monumento em ruinas é, também,  duplo atestado de desídia: revela  desprezo pela nossa História,  ao mesmo tempo,  indiferença aos que sofrem afundados na miséria. Ao pé do monumento, abrigando-se à sombra precária e fugidia do obelisco, uma família de pernambucanos vindos de Garanhuns,  armou uma desconjuntada barraca de papelão. Lá estão, pai bêbado, mãe desesperada, tentando alimentar uma meninazinha  de olhos azuis no rosto famélico e triste,  faz mais de 3 meses.
Bem que poderia nos dois meses que lhe faltam, o prefeito Edvaldo Nogueira iniciar uma obra emergencial de recuperação do monumento, antes disso, retirar e dar amparo à família que compõe o quadro duplo de miséria cívica e social. Sem duvidas, o próximo prefeito João Alves, concluirá com satisfação a obra. Se até lá isso não acontecer, o vereador eleito Max Prejuizo, que esteve visitando o que resta do monumento, garante que  pedirá a recuperação urgente daquele marco esquecido da nossa História.