A
HISTÓRIA E OS NOSSOS
HEROIS
TÃO ESQUECIDOS
Seria
impensável, um dia, ver-se o Arco do Triunfo em ruinas. Da sua arcada monumental, desaparecidos os
nomes das batalhas e dos generais napoleônicos, e no solo, apagada a chama sobre o túmulo do soldado desconhecido, onde
não mais haveria buquês de flores. Desprezadas as suas glórias ( infelizmente a
História se faz em grande parte com esses épicos guerreiros ) a França também
teria sucumbido.
Cenário catastrófico, desses, retratados com a
crueza e dramaticidade dos filmes de ficção.
Colocando
os episódios nas suas devidas proporções, aqui em Aracaju já estaríamos a ver
a ficção catastrófica transformar-se em realidade. Pais ainda jovem
o Brasil felizmente, não seguiu o caminho
guerreiro do nosso contemporâneo do norte, os Estados Unidos. Pode ser
que a explicação para isso esteja no subdesenvolvimento que nos acompanhou por
tanto tempo, impedindo que tivéssemos
sobre o mundo uma visão imperialista. O nosso benfazejo pacifismo até nos fez
retirar das páginas da nossa História episódios onde as armas foram decisivas,
como no caso da independência de Portugal, atribuída, nos compêndios escolares,
quase exclusivamente ao voluntarismo de Dom Pedro, traduzido naquele grito às
margens do Ipiranga, tornado ainda mais dramático pela diarreia que
atormentava o príncipe durante o
exaustivo cavalgar do Rio a São
Paulo.
Temos,
aqui em Aracaju, um monumento
erguido aos sergipanos que combateram e
morreram na Segunda Guerra Mundial, e
aos foram vítimas do torpedeamento de
navios de cabotagem por um submarino
alemão ao largo das praias do sul sergipano e do norte baiano. Foram, ao todo, mais de 600 mortos naquele episódio
trágico de agosto de 1942, que levou
Getúlio Vargas a declarar, dias depois, a guerra contra o Eixo, - Alemanha – Itália- Japão-. Se podem existir guerras justas, aquela, da qual
participamos, sendo o único país independente do hemisfério sul a enviar tropas
ao front europeu, foi, efetivamente, um
conflito onde a justiça, a razão e , por paradoxal que seja, o humanismo,
estavam do lado certo, aquele que escolhemos contra o totalitarismo nazi-fascista.
Pois
então, o nosso monumento está em ruinas, deploravelmente abandonado, imundo;
das suas paredes já caíram ou foram furtadas as placas de bronze onde estavam
inscritos os nomes dos heróis. Para quem não sabe, o monumento fica exatamente
no centro da Praça dos Expedicionários, em frente a também quase arruinada
estação da antiga ferrovia Leste Brasileiro.
A
Associação dos Ex- Combatentes nem mais existe, até porque quase todos os seus integrantes já
morreram. Assim, não há mais o zelo permanente, e a cobrança feita às autoridades
pelos heróis de guerra, Capitão Juca Teófilo, Sargento Zacarias, Major
Aloísio, tenente Sizenando, entre tantos outros que lutavam para que o
sacrifício dos ¨pracinhas ¨ não fosse esquecido pelas gerações futuras.
O monumento em ruinas é, também, duplo atestado de desídia: revela desprezo pela nossa História, ao mesmo tempo, indiferença aos que sofrem afundados na
miséria. Ao pé do monumento, abrigando-se à sombra precária e fugidia do
obelisco, uma família de pernambucanos vindos de Garanhuns, armou uma desconjuntada barraca de papelão.
Lá estão, pai bêbado, mãe desesperada, tentando alimentar uma meninazinha de olhos azuis no rosto famélico e triste, faz mais de 3 meses.
Bem
que poderia nos dois meses que lhe faltam, o prefeito Edvaldo Nogueira iniciar
uma obra emergencial de recuperação do monumento, antes disso, retirar e dar
amparo à família que compõe o quadro duplo de miséria cívica e social. Sem
duvidas, o próximo prefeito João Alves, concluirá com satisfação a obra. Se até
lá isso não acontecer, o vereador eleito Max Prejuizo, que esteve visitando o
que resta do monumento, garante que
pedirá a recuperação urgente daquele marco esquecido da nossa História.
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