sábado, 29 de setembro de 2012

COSTA CAVALCANTI E MARCOS PRADO DIAS



COSTA CAVALCANTI E
MARCOS PRADO DIAS
Foram-se, no decorrer da semana finda,  dois sergipanos que deixaram  boas e dignificantes marcas na sua passagem pela vida.  Jose Costa Cavalcanti, Procurador de Justiça aposentado, e o médico Marcos Prado Dias  no mesmo horário,  baixaram às singelas sepulturas da Colina da Saudade. Para os companheiros dos tempos acadêmicos, Costa Cavalcanti era o benquisto e sempre festejado Patá. Distante das querelas  que dividiam ideologicamente os universitários naquela virada dos anos cinquenta  entrando pelos tumultuosos sessenta, Patá    sempre  recomendava comedimento e distancia do radicalismo. Mas era participante, de acordo com sua forma pacífica de encarar a vida.  Foi presidente da  União dos Estudantes Universitários, entidade muito presente na luta  política daquele período. Foi sucedido pelo estudante de Economia Juarez Alves Costa, que o levou para a militância na JUC, a Juventude Universitária Católica, criada pelo Padre Luciano Duarte, que tinha posições de esquerda, todavia , claramente distantes do comunismo.  Famoso por ser um bom garfo, certa vez,  numa olimpiada universitária em Niteroi,   Patá,  integrando a representação dos ¨atletas¨ sergipanos,     soube que Eduardo Cabral e Guido Azevedo haviam   encontrando um restaurante português na praia de Icaraí, que fazia uma belíssima bacalhoada, e para lá foi,  acompanhado de um séquito  formado por verdadeiros atletas do garfo. Depois de saciar-se com a bacalhoada,  Patá resolveu pedir um  ¨¨rosito  de camarão ¨. Demorou a explicar ao garçom ,  até que ele descobriu:  o prato  pedido era um risoto de camarão.  Dez, vinte, trinta, quarenta anos depois, os colegas daquela festiva comilança,  quando  encontravam   o Delegado de Policia,  o Promotor,  o Procurador de Justiça,  José Costa Cavalcanti, sempre o saudavam acrescentando a pergunta : E o ¨rosito , ¨ Patá ?¨
 Quando delegado, Costa Cavalcanti descobriu uma fórmula eficiente para amenizar conflitos e evitar reincidências. Fazia os litigantes assinarem um Termo do  Bem Viver, onde se comprometiam a conviver harmoniosamente, sem  ameaças, discussões ou violências. Durante a  assinatura  precedida de uma certa solenidade, o Delegado advertia: ¨ Se vocês não cumprirem o que assinaram e voltarem aqui, é cadeia certa, e por muito tempo. ¨
Poucos retornavam, e  casais briguentos  sempre se reconciliavam.
Costa Cavalcanti em vida espalhou  em todos os cargos que exerceu e nos exemplos pessoais, um benigno sentimento de amizade e harmonia.
O médico Marcos Prado Dias bem mais jovem do que Costa Cavalcanti, talvez tenha tido a vida abreviada pela torturante sensação de um ato de improbidade administrativa que não cometeu, e a ele foi imputado. Para um homem  que nunca fez do dinheiro a meta da sua vida, e que sempre se dedicou muito mais ao coletivo do que ao interesse pessoal, sempre participante e solidário, deve ter sido uma torturante sensação a espera  de uma ação reparadora, com o esclarecimento definitivo dos fatos, das circunstancias, e nelas surgissem as digitais dos verdadeiros responsáveis.
 Na fala de despedida feita pelo  médico e intelectual Eduardo  Conde Garcia, a vida cristalina e útil de Marcos Prado Dias,  foi primorosamente descrita.
A sua memória não será sequer tisnada, porque,  como diz repetidamente o ex-governador Albano Franco: ¨Sergipe é pequeno e aqui todos se conhecem¨.
E todos sabiam quem era,  e como agia o médico e cidadão  Marcos Prado Dias.

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