ACABOU A GREVE, E AGORA?
Finalmente os professores
encerram a greve obedecendo determinação
judicial. Depois de quase 50 dias de paralização, qual o resultado do movimento
?
Os alunos que ficaram tanto tempo
sem aulas ja sabem os prejuízos que terão com um ano letivo reduzido. Os
professores, sem duvidas, irão repor as aulas, tentarão recuperar o tempo
perdido ou desperdiçado, mas, como de vezes anteriores, já se sabe queesse
esforço não passará de um arremedo em que será fingido que o tempo foi
recuperado e os alunos sem outra alternativa
aceitarão a pantomima.
O ensino público que anda há
muito tempo ruim sobre as pernas frágeis
de um sistema trôpego, perde a cada dia
o que lhe resta de qualidade, e o
resultado de tudo isso é uma massa enorme de estudantes egressos do primeiro e
até do segundo grau, sem que consigam interpretar um texto, sem que estejam habilitados a escrever algumas linhas fazendo-se entendidos e obedecendo
minimamente às regras mais comezinhas da gramática. Nas ciências exatas o
desastre é bem maior.
Os professores, no Brasil,
desgraçadamente, sempre foram relegados a um desprezado segundo plano. Eles são,
entre todos os profissionais com nível superior, os que menos ganham, e essa é
uma situação absolutamente inadmissível.
São, por conseguinte, justas todas as reclamações que fazem os
integrantes do magistério, mas a greve não é, no caso especifico deles e de algumas outras
categorias profissionais, um instrumento adequado de luta, quando se estende
por tempo indeterminado. A sociedade não pode pagar o preço de uma omissão
antiga, por outro lado, nenhum governo por mais vontade que tenha, conseguirá
corrigir um erro que atravessou tempo, no espaço de um ou até de dois mandatos.
Há, diante dos professores
secularmente injustiçados, o desafio de descobrirem novas e até mais
contundentes formas de luta, desde que suas ações não recaiam sobre as costas
do estudante invariavelmente pobre, que não tem outra opção a não ser
frequentar as salas de aula das escolas públicas.
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