quinta-feira, 31 de maio de 2012

O VENTO QUE FAZ A LUZ

O VENTO QUE FAZ A LUZ

É possível gerar luz com o vento,  para iluminar cidades, fazer correr a energia pelos fios e mover máquinas ?  Perfeitamente. Isso estará acontecendo em Sergipe a partir do próximo julho. Não se trata de um processo novo, usinas eólicas já existem faz algum tempo em vários países do mundo, e aqui mesmo no Brasil.  Em Fortaleza,  onde são intensos e permanentes os ventos,  tomou-se a iniciativa pioneira de  instalar algumas torres encimadas por cata-ventos,  e o porto passou a ser alimentado com aquela energia nova. Hoje,  multiplicam-se projetos em todo o Ceará, no Rio Grande do Norte,  em quase todo o nordeste. E Sergipe recebe agora um portentoso investimento para  a instalação de uma usina eólica  que se coloca entre as maiores do país. O processo é simples, o vento move as  enormes pás colocadas a uma altura de cem metros,  e elas  até  giram lentamente, mas  um sistema de engrenagens faz com que, no interior daquelas formas bojudas,  geradores rodem em alta velocidade e produzam a energia. E aí alguém logicamente perguntará: - E quando falta o vento?  A resposta é simples: quando não há vento as pás deixam de girar e cessa a produção de energia.  Cessa e ninguém sentirá consequências,  porque as usinas eólicas integram um sistema de geração onde entram as hidrelétricas, preponderantes aqui no Brasil,  e as usinas térmicas.  Na hora em  que o vento para,  o sistema,  que é interligado, aciona compensações,   em nosso caso,  as turbinas de  Xingó  recebem mais água e rodam  rápidas, evitando colapsos. Por enquanto, a participação da geração eólica é mínima  e não substitui  significativamente as hidrelétricas ou térmicas, mas a inclusão  na matriz energética   de mais usinas eólicas complementará o sistema, evitando futuros apagões. Isso porque,   enquanto trabalham,  as eólicas economizam  a água  nos reservatórios das hidrelétricas, que  podem operar com menor potência.
Sergipe entra nesse mundo da geração de energia de forma privilegiada. Aqui está localizada a grande  usina hidrelétrica de Xingó,  produzimos petróleo, gás, etanol, biodiesel ainda em pequena escala, e já temos o primeiro parque eólico, com boas perspectivas de novos investimentos na área. Na medida em que se ampliarem os parques eólicos, estaremos mais distantes da maldição de uma usina nuclear, aqui, ou nas vizinhanças, com a vantagem inigualável de que a eólica é uma forma de energia absolutamente limpa.
O governador Marcelo Déda,  que montou uma bem sucedida estratégia para captar o investimento e derrubar os obstáculos burocráticos, comemorava a chegada de mais uma turbina vindo da China, e  desembarcando em nosso porto. Depois, quase debaixo das enormes pás da primeira torre já erguida,   recheando sempre sua poderosa oratória com literatura e poesia, foi buscar inspiração em Miguel de Cervantes, no episódio em que o ¨fidalgo da triste figura , Dom Quixote de  La  Mancha,  de lança em riste, põe a trotar o seu lerdo  Rocinante  e investe contra moinhos de vento, não ouvindo as admoestações  do   simplório e cético escudeiro, Sancho Pança,  convicto de que  os moinhos de vento eram ameaçadores monstros,  que até poderiam ameaçar  o sossego da  casta donzela Dulcineia de Toboso,  a quem devotou os seus feitos de cavaleiro andante. Deu-se mal o cavaleiro, chocando-se com uma das pás do moinho e  desabando, do sonho, e do cavalo.
Déda disse que ali, entre os coqueiros da Barra dos Coqueiros, não havia enganos, as torres estavam instaladas, a energia seria gerada, e  abria-se, com um investimento aproximado  de cem milhões de dólares, uma nova fase que ele garantira,  de geração da energia limpa, enquanto lutava, também, pela consolidação de uma política limpa.
Vale a pena, num fim de semana, tomar o carro e ir com a família ver as torres da usina eólica. Basta  cruzar a ponte da  Barra,  ir  em direção à Atalaia Nova, e no cruzamento que leva a Pirambu   seguir pela esquerda, pela já duplicada estrada até o porto, ultrapassar o acesso ao porto,  continuar seguindo em direção a Pirambu.  Logo adiante, no terreno da CODISE que fora destinado ao Polo Cloroquímico  que não vingou,  já podem ser avistadas as primeiras torres de um total de vinte e três que serão erguidas.
 

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