Tanto amaldiçoaram, tanto lançaram condenações sobre o mangue da Treze de Julho que a mais bela mancha verde da cidade, a mais povoada de vida, perde a sua exuberância e vai morrendo. Já existe, pelo lado voltado à curva do Iate Clube, uma extensa mancha escura formada pelas centenas de árvores que morreram. E a mancha se vai ampliando, assim, de uma forma inesperada e rápida. Parece mesmo coisa de ¨olho grosso ¨ daqueles olhares de seca pimenteira. O mangue, antes tão vistosamente verde, vai descolorindo, tornando-se cinzento. Brevemente, sem espaço, as aves começarão a forçada migração. Perde-se assim uma peculiaridade que ali a cidade orgulhosamente deveria sempre apresentar: a simbiose quase perfeita entre a mansidão da natureza e a selva urbana. Fortalece-se, então, a ideia sinistra que alguns acalentam, que seria o aterro completo do manguezal, para, sobre o cemitério de árvores, fazer construir uma bem asfaltada e cimentada área de lazer. Enquanto vai se acelerando o desaparecimento daquele mangue mais vistoso, um outro que nunca deixou de ser raquítico, o do Tramandaí, volta a dar sinais de enfraquecimento. As árvores se desfolham, muitas já secaram completamente. Volta a acontecer o que há quase dois anos atrás a Prefeitura de Aracaju evitou, desassoreando canais e fazendo a maré outra vez entrar pelo mangue, a ele levando nutrientes e possibilitando-lhe a vida. Pode ser que também o mangue da Treze de Julho esteja a necessitar de algo semelhante. O prefeito Edvaldo Nogueira que marca este final do seu mandato com boas ações voltadas para a ecologia, poderia assumir a responsabilidade de salvar o mangue, se isso ainda for possível. Poderá ser útil, também, convocar um benzedor para que ele venha esparzir sobre a mancha verde ( que felizmente não é aquela mortífera do Palmeiras) as suas orações salvadoras, capazes de afastar o olho grosso.
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