Não são novas as insatisfações nas policias, não é novidade a greve de policiais. Tanto se fala em segurança pública e pouco se faz para realmente construí-la. Há projetos dormitando no Congresso, há propostas indefinidamente em análise, há ideias nunca colocadas em prática.
Nesse clima de muita conversa e diminutas ações, se vai também empurrando com a barriga, em muitos estados, o grave problema da baixíssima remuneração que a tropa percebe. Sabia-se, tanto na Bahia como no Rio de Janeiro , como se sabe em São Paulo, em Minas Gerais, que a soldadesca e a oficialidade das PMs estão inconformados com os salários reduzidos. No Rio de Janeiro onde a polícia é mais exigida para os confrontos frequentes com a bandidagem, um soldado sobrevive com miseráveis salários. Trata-se de uma situação que desafia o tempo. A defasagem salarial acumulou-se tanto, que se torna agora impossível resolver a curto prazo um velhíssimo problema. Nunca se tratou de elaborar um plano consistente de recuperação salarial, de se estabelecer, nacionalmente, um plano estratégico de segurança pública, que requer, de inicio, a existência de policiais dignamente remunerados. Tramita na Câmara desde 2008 a famosa PEC-300, aquela que criaria um piso salarial único para todas as polícias. Em torno da proposta se tem feito muita demagogia e excessivo palavrório, uns a defendem para execução imediata, mas, falam sem a responsabilidade de gerir os cofres. Outros, presos aos compromissos com o governo, que enfrenta as limitações de recursos, preferem protelar. Melhor seria a apresentação rápida de um plano exequível a médio prazo para a questão salarial, em seguida, o esboço de uma estratégia nacional de segurança. Não será com policiais quase amotinados ou com uma diminuta Força Nacional e o recurso extremo às forças armadas, que por sinal também não ganham o que merecem, que se irá solucionar o cada vez mais grave problema da insegurança, da violência que chega aos níveis de uma guerra civil. Basta o numero de assassinatos na Bahia nesses últimos dias com a polícia rebelada, para que se tenha a assustadora dimensão do imbróglio.
Empurrando-se assim com a barriga, chegará o dia em que um soldado amotinado dirá a quem for prendê-lo em nome da lei: - eu transgrido a lei porque meus filhos estão passando fome.
E ai, quem terá autoridade para prendê-lo ?
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