terça-feira, 30 de agosto de 2011

A CANTANTE SANGALO E O SEU CAMAROTE PODRE

Ivete Sangalo fez muito, muito pior do que o motorista que atropela, fere ou mata e sai em disparada sem prestar socorro. No caso do camarote apodrecido que desabou, a cantora não foi apenas irresponsável, foi também desumana. Afinal, toda aquela gente que despencou ao chão, muitos ferindo-se gravemente, lá estava para ver e ouvir a cantora baiana que atrai multidões.  A senhora Sangalo era a responsável pela festa, era o centro de todas as atenções. Então, caberia a ela mais do que a qualquer outra pessoa, demonstrar pelo menos alguma preocupação com as vítimas do acidente, pelo qual diretamente não teve culpa, mas toda a estrutura, todos os camarotes foram armados para que houvesse plateia, gente que paga muito caro, para ouvir o repertório um tanto estridente de uma mulher bonita que usa os atributos do seu corpo, principalmente as tão decantadas pernas, como eficientes chamarizes. Daniela Mercury, que tem voz suavemente harmoniosa, corpo com todos os meneios da voluptuosidade afro-baiana, que é fina, educada, sensível, tem presença marcante em ações sociais, inclusive em Sergipe, não faz o mesmo sucesso da Ivete, que é pesadona nos gestos, vulgar nas manifestações, e agora revelou-se também, insensivelmente egoísta. Em São Paulo, enquanto pessoas tinham pernas, braços quebrados, traumatismos diversos, ela, indiferente, gritava que nada iria impedir o show, e continuou a cantar, a pular como se nada houvesse acontecido. Depois embolsou o exagerado cachê e postou no twitter: ¨A todos o meu carinho, o meu beijo.  A volúpia de ganhar mais e mais dinheiro é tão grande que Ivete nem  teve tempo de ir visitar os feridos nos hospitais, de  fazer-lhes algum gesto efetivo de solidariedade.
 Quem assiste diante dos olhos um camarote desabar com 3 mil pessoas em cima e continua pulando e cantando como se nada houvesse ocorrido, saberá o que vem a ser solidariedade?
Como se dizia antigamente: alguém assim terá coração?
¨The show must go on¨,  o show  deve continuar,  frase surgida na Broadway  que foi para os filmes de Holywood,  traduz um sentimento de responsabilidade  do artista com o seu público. É aquela imagem do palhaço chorando por dentro e com a face escancarando um contagiante riso, porque aqueles que assistem o show querem rir, divertir-se, e os dramas do palhaço não lhes dizem respeito.  Há toda uma literatura e um repertório operístico sobre esse tema que, no caso da senhora Sangalo foi subvertido. Enquanto muitos choravam, gemiam, e precisavam de socorro urgente, o show continuou para que a Sangalo alegre e sorridente continuasse movimentando a máquina de fazer dinheiro, se lixando para as vítimas do seu palanque podre.

O PSDB NO COLO DO DEM

A novela ainda está inconclusa. Resta a saída de Albano do PSDB que acontecerá no próximo ano. O ex-governador quis demonstrar que não seria fácil para o DEM retirar-lhe o comando do tucanato sergipano que ele exerce há mais de 15 anos. Ele não queria também faltar ao amigo Adierson Monteiro que desejava comandar o PSDB. Frustraram-se de certa forma as expectativas da cúpula do DEM que já tinha como certo o controle do PSDB com o ex-deputado Jose Carlos Machado a comandá-lo em Sergipe. Adierson, que é um homem correto, compromete-se a apoiar João Alves ano que vem para a Prefeitura de Aracaju, mas não irá conter a debandada do partido, de onde sairão a vereadora Mírian Ribeiro, outros como Valdoilson Leite, e seguramente Roberto Gois.  O deputado estadual Luiz Mitidieri e o prefeito de Estancia Ivan Leite já se abrigam em outras siglas. O partido está agora bem raquítico e a Adierson caberá a tarefa de reanimá-lo. Não será empreitada fácil. De qualquer forma, para os propósitos de João Alves, já está de bom tamanho um partido mesmo pequenininho. É que a dimensão nacional dos tucanos garante, nos estados, um bom espaço na televisão, e é isso o que ele mais quer. Adierson é um empresário bem sucedido e conceituado. Leva para a política o que pode ser grave defeito: tem boa fé.
 Por isso, ele, concessionário de transportes públicos municipais, quando anuncia o rompimento com o prefeito Edvaldo Nogueira que o DEM exige, deve estar ouvindo vozes experientes que o advertem: ¨Não esqueça das suas marinetes¨.

EDIVAN AMORIM E O TRATOR DE EUVALDO DINIZ

Euvaldo Diniz foi um político que fez durante sua vida breve, meteórica carreira em Sergipe. Quando se pensava que ele fosse somente um empresário ousado, Euvaldo ingressou na política, mesmo sem o aval do padrinho poderoso, o líder udenista Leandro Maciel, Deu a si mesmo o título de arrojado e fez o que a principio todos pensavam fosse uma aventura inconsequente. Candidatou-se em 1958 a deputado federal. Ninguém mais o conteve. Euvaldo se comparava a um trator descendo sem freios a ladeira do Santo Antônio.  Prometeu botar um prego no sapato do presidente Juscelino caso ele lhe negasse qualquer dos pedidos que iria fazer-lhe.  Na primeira audiência ouviu de Juscelino: deputado, eu tenho o costume de tirar os sapatos por baixo da mesa, mas agora estou calçado, prevenindo-me contra o seu prego. A partir dali fizeram uma boa amizade, que se ampliou ao ministro Mário Pinotti, da Saúde, e então,  Euvaldo começou a  despertar a inveja em  todos os outros parlamentares sergipanos. Reeleito em 1962, aproximou-se de João Goulart, e seria Ministro da Indústria e Comércio caso não houvesse o golpe de 64. Euvaldo desfilou pela rua  João Pessoa na manhã  do dia primeiro de abril com uma metralhadora na mão e à frente de um grupo de trabalhadores, gritando a favor da legalidade. Consumada a quartelada, entrou na lista dos que seriam cassados, escapou, seduzindo um militar influente, que tinha atração irresistível por rebrilhantes brilhantes, de preferencia, com mais de cinco pontos. Mas isso já é outra estória.  Euvaldo  morreu aos 36 anos quando o avião da VASP  chocou-se, no mês de agosto de 64, com o pico do morro  da Caledônia em Nova Friburgo, Rio de Janeiro.
Entre o Euvaldo Diniz que rápido projetou-se e tornou-se influente político e o empresário e articulador Edivan Amorim, não há exatamente uma semelhança, apenas o fato de que saíram das atividades privadas para o ingresso na vida pública com total sucesso. Edivan nunca se fez candidato, apenas, constrói projetos políticos com a habilidade de um artesão que sabe manejar com o mais sensível e complexo dos materiais que é o humano.  Edivan ao contrário de Euvaldo, não desce ladeira na banguela, pelo contrário, usa competentemente o freio motor, e não pisa para acelerar ou desacelerar, prefere o piloto automático que regula para determinados períodos, na velocidade que lhe for conveniente. Assim, Amorim desenvolve uma incrível engenharia política que, segundo assinala Gilton Garcia, ex-governador  do Amapá e ex-deputado, agora seu mais recente aliado, faz desaparecerem antigas e arraigadas desavenças, quando, por exemplo, colocou do mesmo lado votando para senador no seu irmão Eduardo, lideranças políticas adversárias  radicais em  Itabaiana, a deputada Maria Mendonça,  seu irmão Jose Teles e o prefeito Luciano Bispo. 
Com essas proezas de harmonização dos contrários, e mais muito planejamento estratégico e uma tática aplicável a cada circunstância, Edivan assistiu crescer em torno dele uma engrenagem política nunca antes montada em Sergipe durante períodos democráticos. Gilton  enumera cifras da última eleição para demonstrar o¨ efeito Amorim¨ na política sergipana. O médico Eduardo, seu irmão, venceu a eleição para o Senado em 65 dos 74 municípios sergipanos, e em outros 5 ficou em segundo lugar,  disputando com 3 dos mais expressivos nomes da política sergipana, o senador e ex-governador, Antonio  Carlos Valadares, o segundo eleito;  o duas vezes ex-governador  e ex-senador Albano Franco, e o ex-deputado Jose Carlos Machado, candidato apoiado pelo ex-ministro e três vezes governador João Alves Filho.
Gilton Garcia depois de uma reunião em Brasília com o presidente nacional do PTB Roberto Jeferson, cedeu à presidência do partido em Sergipe para Edivan Amorim, e ficou sendo vice, enquanto um dos seus filhos será o presidente do diretório municipal de Aracaju.
Gilton está satisfeitíssimo. Lembra Tancredo, repetindo dele uma das frases preferidas: A matéria-prima da política é o diálogo. Ele quer ser candidato a deputado estadual em 2014. Sonha, depois de ocupar diversos cargos públicos, retornar ao convívio da Assembleia Legislativa, de onde saiu em 1968 pela força das baionetas que eram a sustentação única da ditadura.
Há notícias bastante confiáveis de que um acordo político já estaria alinhavado entre o senador Antonio Carlos Valadares e os irmãos Amorim.  Eles tricotaram durante jantar em Brasília.  O grupo apoiaria o deputado federal Valadares Filho candidato a prefeito de Aracaju.
 Em todos esses entendimentos, dizem os que deles participaram, Edivan tem deixado a certeza de que,  mantida a atual estrutura do grupo, o candidato ao Senado Federal só não será o governador Marcelo Déda se ele não quiser  disputar a eleição.

UMA BARRAGEM QUE NINGUEM QUER

A CHESF está planejando a construção de uma barragem localizada entre os municípios de Poço Redondo (SE) e Pão de Açúcar, (AL). Seria a obra complementar projetada desde que foi construída a hidrelétrica de Xingó. A jusante da última das usinas do São Francisco, a barragem teria a finalidade de regular o fluxo do rio, armazenando água para evitar as enchentes quando o excesso de chuvas obriga Sobradinho, na Bahia, a abrir as comportas, causando  inundações no baixo São Francisco. Serviria também para gerar alguma energia, um potencial bem pequeno, aproximadamente um terço da capacidade de uma só das turbinas de Xingó. A primeira vista seria uma obra importante, necessária, mas, quando se avaliam os impactos ambientais que irá causar com a elevação do nível das águas desde o trecho que começa entre Canindé e Piranhas junto à hidrelétrica, aí então, a obra passa a ser alvo de muitos questionamentos. O deputado estadual por Alagoas Ignácio de Loyola já fez os cálculos dos impactos ambientais, incluindo a deterioração paisagística de uma cidade histórica como Piranhas, que teria de receber um enorme dique de proteção ao longo do rio para não ter sua parte baixa inundada. Contra a construção da barragem já se manifestam em conjunto os prefeitos de Piranhas Melina Freitas, de Canindé, Orlandinho Andrade, de Poço Redondo, Frei Enoque. Semana passada numa conversa em Canindé da qual participaram o desembargador alagoano  Washington Luiz, seu irmão, o deputado Ignácio Loyola e o Frei Enoque, este último chegou a dizer que embora houvesse a perspectiva de que o  seu município Poço Redondo,  viesse a receber alguns royalties, ele tranquilamente abriria mão desses recursos,  desde que naquele trecho  do baixo São Francisco não fossem  ainda mais agravados  os desequilíbrios ambientais que enfrenta desde quando ficou concluído o sistema de barragens  da CHESF.  Da reunião saiu também o esboço de uma frente das populações ribeirinhas contra a construção das projetadas centrais nucleares ao longo do São Francisco. Todos concordaram ser necessária uma analise sobre as alternativas de energias renováveis com foco preferencial na geração eólica, cujo custo agora torna economicamente viável os geradores acionados pelo vento. Os prefeitos e o deputado entendem que é preciso forçar logo uma definição, para que depois, com o crescimento da demanda de energia no nordeste a solução da usina atômica venha a ser empurrada goela abaixo como única alternativa possível para assegurar o suprimento  à região.

ESCRITORES SERGIPANOS EM DESTAQUE

O médico, escritor e poeta Marcelo Ribeiro, que quinta-feira última lançou o livro Cabral, Mário Cartas Abertas, vai receber dia 28 de Outubro um premio na Academia Brasileira de Letras, por outro livro que escreveu. Lá do Lado de Cá O País da Tropicália.  Com ele estará também na mesma data e no mesmo local recebendo mais um premio literário a escritora e historiadora Ana Medina, autora do primoroso livro A Ponte do Imperador. Mas o premio que lhe será concedido será por outro livro, Mário Cabral Vida e Obra. A União Brasileira dos Escritores criou os prêmios para exaltar o trabalho de escritores brasileiros, e os livros de Ana e Marcelo foram escolhidos entre muitos outros autores de diversos estados.
Ana Medina vai receber o Premio Hermes Fontes o que parece ser uma emblemática coincidência, porque Hermes é seu conterrâneo, os dois nascidos em Boquim, e Ana também escreveu uma biografia do chamado poeta da fonte da mata.
Marcelo Ribeiro vai receber o Prêmio Pixinguinha.
Vez por outra Sergipe faz jus ao um tanto presunçoso epíteto de Ninho das Águias. O presidente Gracho Cardoso para simbolizar essa qualidade sergipana de gestar águias, fez colocar estátuas estilizadas do falconídeo (seria falconídeo mesmo?) encimando em posição de alçar vôo, todas as obras que fez, e não foram poucas, de escolas a hospitais, de ginásios a cadeias públicas.  Tanto nas obras de Gracho há tanto tempo erigidas, como no nosso cenário intelectual, andam rareando as águias. Dai a importância de gente como Ana Medina e Marcelo Ribeiro, que nos recompõem uma coisa que se chama autoestima.
 PS - Sobre a nossa dúvida a respeito da família das águias, há uma  instigante frase em inglês simbolicamente igualando a todos na mesma ignorância que a Internet redime: If  God  doesn`t  answer  all your questions,  Google on it.

E MAILS RECEBIDOS

De  Wolney  Britto, um  técnico sempre atento às coisas do sertão, 
 Amigo Luiz Eduardo Costa,
Como sertanejo fico feliz quando vejo programas e projetos que vislumbram o desenvolvimento do Sertão Sergipano.
Louvo a ideia do prefeito Frei Enoque em levar para o sertão o Instituto Federal de Sergipe com envolvimento da CHESF, para instalação do curso de engenharia elétrica pretendendo transformar Poço Redondo num polo de conhecimento e energia renovável.
Com esses instrumentos Poço Redondo passará a ser visto e valorizado pelo conhecimento, fomentando tecnologias sustentáveis de real importância ao desenvolvimento do estado.
Conheço Frei Enoque desde os anos 70, quando ainda estudante de Medicina Veterinária, acompanhei sua trajetória na região ribeirinha do São Francisco, buscando construir um mundo mais justo em defesa dos menos favorecidos.
 Através da função pública que lhe foi concedida pela maioria dos munícipes de Poço Redondo elegendo-o Prefeito, a sua inquietude em levantar bandeiras de interesse do seu município buscando sempre alavancar projetos de geração de emprego e renda para uma melhor sustentabilidade da sua gente.
Nessa sequencia de benefícios que chegarão a Poço Redondo tenho plena confiança que o Prefeito Frei Enoque abraçará mais uma causa de grande importância para o município, quando se trata da cadeia produtiva do leite, melhorando a infraestrutura básica no que diz respeito ao escoamento da produção, principalmente das suas estradas vicinais, fortalecendo o serviço de atenção aos produtores com profissionais das ciências agrárias.

Saudações matutas,
Wolney Britto
Um veterinário sertanejo


Do tranquilo e fraterno José Campos,
Caro Luiz,
Da última vez que nos encontramos, brinquei com você, com relação à sua foto em Moscou, eu disse: parecia um cossaco. Falamos sobre o general Ivan Pavlichenko, cossaco que encantava a todos nas suas demonstrações, montado num belíssimo cavalo, aqui em Aracaju, creio, na década de 50.
Veja o poder do Google: digitei o nome do general e para minha surpresa encontrei-o em março de 1934, dirigindo Os Cossacos de Kuban, numa apresentação na A. A. Botucatense, com bailados russos e orquestra típica de balalaicas.
Tudo isso registrado no capítulo XL página 217, do livro Botucatu Antigamente, de Trajano Carlos Figueiredo Pupo.
Creio, se o amigo dispuser de tempo e acessar o Google fará (como sempre) um belíssimo artigo sobre o tema.
E veja mais uma surpresa naquele momento: A senhora Ritamaria Romeu Pavlichenko, esposa de Ivan Pavlichenko Filho, residente em Niteroi/RJ, reclamava da EMBRATEL que comprou um telefone em abril e até junho ainda não estava funcionando.
Não fiz contato ( tive vontade ) com a referida senhora, deixei para você.

Um forte abraço,
Jose Campos

HOSPITAIS CHEIOS ATÉ PARA RICOS

No final dessa semana que findou, os hospitais de Aracaju não tinham vagas em apartamentos nem para que pudesse  pagar caro por eles. Estavam todos lotados. Não é só a rede pública que sofre com o congestionamento causado pela excessiva demanda. O problema há algum tempo já afeta também a rede particular, o que demonstra a necessidade de investimentos não só do setor público. Para a iniciativa privada, hospital é ainda um negócio atraente, todavia extremamente trabalhoso, sem dúvidas. Nem todos têm a coragem de um Wagner, que, aliás, chama-se Brav

ENGENHEIROS NO SERTÃO

Ganha adesões o projeto do Frei Enoque que quer criar uma faculdade de engenharia elétrica em Poço Redondo, fazendo parte do futuro campus do Instituto Federal de Educação que ali será instalado. O engenheiro elétrico Gustavo Braz coordenador do Pensar o Brasil em Sergipe, considera a faculdade um projeto plenamente viável e lembra a proximidade da usina de Xingó, além de toldo o complexo gerador da CHESF em Paulo Afonso. Gustavo cita cifras para provar que a demanda de engenheiros elétricos é hoje muito forte e que tende a crescer acompanhando o ritmo de expansão da economia brasileira. Ele também vê como viável o surgimento em Poço Redondo de um polo de tecnologias voltadas para a geração de energias alternativas. O prefeito Frei Enoque quer convencer a CHESF a financiar o curso de engenheiros elétricos, e para isso já teria recebido o apoio do governador Marcelo Déda e de quase toda a bancada federal sergipana.

A PREFEITURA, UM TRAMPOLIM

Talvez João Alves nem desejasse, mas a cúpula tucana antes de colocar o PSDB sergipano no seu colo, exigiu que ele, se eleito prefeito de Aracaju, tente em 2014 o salto maior para a conquista do quarto mandato. Isso seria imprescindível, porque o PSDB pretende ter palanque forte para a disputa da presidência acoplado à disputa pelo governo do estado.  Fica a constatação de que a eventual permanência de João na Prefeitura de Aracaju seria de algo em torno de apenas quinze meses, o que não lhe daria muito tempo para exibir um saldo de realizações. Com essa perspectiva de curta permanência, João entende que o seu vice não poderá ser outro a não ser o ex-deputado Jose Carlos Machado.  Se confirmar essa decisão, corre o risco, (caso as pesquisas não transmitam uma clara sinalização de vitória) de perder dois aliados importantes: o deputado Venâncio Fonseca do PP, líder da oposição na Assembleia, e também, quase com certeza, o deputado estadual do DEM Augusto Bezerra, que, ao lado de Venâncio forma uma combatente dupla de escudeiros, sempre atentos e altivos em defesa do ex-governador e na luta oposicionista.

GARIMPO A 4 MIL ANOS LUZ

Quem se habilita?  Há um planeta que não é muito grande, mas é formado por quintilhões de toneladas de diamante puro. Surgirão os garimpeiros do espaço? Há, todavia, um probleminha a resolver. O planetoide que orbita uma estrela morta, lá pelos ermos da galáxia que habitamos, fica a uma distancia que não é tão grande para os padrões do universo. Apenas a 4 mil anos luz aqui da terra. Levando-se em conta que a luz percorre cerca de 300 mil quilômetros por segundo, dá para se ter uma ideia do abismo que precisará ser vencido, até que o diamante planetário comece a ser garimpado.
Misturando-se o sonho, a volúpia da descoberta, a ânsia da cobiça e o brilho do astro, já se pode sugerir para ele um nome: Planeta Mulher.

domingo, 21 de agosto de 2011

A VEZ DOS BACANAS


Não são mais os pobres, os desolados países do terceiro mundo, que ameaçam o sossego da ordem mundial. A desordem vem lá de cima. Instalou-se, primeiro, na poderosa locomotiva do capitalismo que, há muito tempo deixou de alimentar suas fornalhas usando o próprio combustível e passou a rodar à custa  de artifícios que não resistem ao tempo. E ai descarrilou. Os Estados Unidos não vão agora, imediatamente à falência, mas o modelo do ¨american   way of life ¨ terá de ser  o  mais rápido possível abandonado e substituído por algo mais racional, menos dissipador de recursos.  Vai ser difícil, não será tarefa para Obama, mas se a direita de dentes arreganhados, se as ideias  esdrúxulas  da turma do ¨tea  party¨ seduzirem o  eleitorado e um novo Bush chegar à  Casa Branca, o colapso será mais rápido. Para sair do atoleiro onde se meteram, os americanos terão de se conformar em voltar para dentro das suas fronteiras, dando fim aos dispendiosos  tentáculos de poder bélico espalhados pelo mundo,  que lhes consomem trilhões. Terão de  rever toda a visão geopolítica de império, e acomodar-se dentro das próprias possibilidades, ou seja, arquivar o antiga ambição de hegemonia mundial. A debacle americana não resulta apenas do descontrole financeiro, das guerras de Bush, há também claros sinais de  final de uma era, e isso pode ser superficialmente constatado por quem andar pelas periferias das grandes metrópoles, Chicago, Detroit, Boston, e  deparar-se ali, com tantas desoladoras imagens de decadência e abandono, pobreza e desesperança ,  um resumo trágico da paralisia das instituições e  da desagregação social. Padecendo dessa enfermidade que tem amplo potencial para contaminar o mundo, os americanos  deveriam, em primeiro lugar, perder a costumeira empáfia.  Acabou-se o tempo em que por aqui chegavam banqueiros nos dando ordens, mandando que arrumássemos as coisas e fizéssemos o dever de casa. Chegaram a assumir o controle dos nossos cofres determinando em que poderíamos gastar, e quanto teríamos de reservar para garantir-lhes o recebimento líquido e certo dos seus créditos. Alguns desses empavonados fiscais das nossas debilitadas finanças falavam grosso, ignoravam as boas maneiras do trato diplomático e nos passavam duras e ameaçadoras reprimendas. Hoje, o Brasil preocupa-se com a segurança dos mais de duzentos bilhões em títulos que comprou  do governo americano, acreditando na decantada solidez da economia mais poderosa do mundo, que , descobre-se agora, sustenta-se artificialmente, endividando-se , esticando até onde resistir a adelgaçada corda de uma confiança que se  vai dissipando.
Um bilionário americano Warren Buffett, escreveu semana passada  revelador artigo  sob o título, Parem de Paparicar os Ricos. Ele mostra a calamidade fiscal  de um país onde bilionários quase não pagam impostos, e  dá um  esclarecedor exemplo: ele, um dos homens mais ricos do mundo  paga algo em torno de dezessete por cento do que ganha, já os trabalhadores que limpam  o seu  escritório, recolhem para o governo de trinta a quarenta  por cento dos seus salários que agora estão a encolher.
Obama não vai conseguir acabar com os privilégios concedidos por Bush.
Na Europa, no Japão, o tempo das vacas gordas definitivamente acabou.   Não é ainda o fim do mundo, mas a chamada sociedade afluente ficará como coisa do passado se não forem encontradas fórmulas para estabelecer um controle eficaz sobre a especulação financeira global, sobre a busca desenfreada do lucro, a lógica perversa de que só o crescimento econômico acelerado pode proporcionar bem estar social, enquanto o meio ambiente paga o preço e os recursos naturais se esgotam.  Essa maneira de criar riquezas poderá ainda revelar dinamismo em países como o Brasil, China, India,   Russia,  Canadá, Austrália, e  alguns  outros que começaram tardiamente a  revolução industrial , aquela que a Inglaterra inaugurou na segunda metade do  século dezoito. Com que dinheiro a Inglaterra com seus guetos  em chamas, poderá continuar   exibindo o poderio de uma  marinha de guerra no qual sustentou-se   enquanto dominou o mundo até  o final da Segunda  Grande Guerra em 1945 ?
Como Portugal, que era tão pobre  mesmo quando saqueava suas ricas colônias, apenas vendendo vinho, azeite e cortiça, começou a achar-se muito rico, até para fazer gastos  exagerados?
Perguntas assim podem ser transpostas para a Grécia, a Espanha, a Itália, também afundadas nas dívidas  que a irresponsabilidade mafiosa de um sistema financeiro devastador lhes permitiu que fizessem.
Chegou a hora dos bacanas, e eles, sem descobrirem soluções, vão também muito provavelmente nos arrastar no turbilhão da crise bem previsível que acabaram por fazer explodir.

O CENTENÁRIO DE UM HOMEM EXEMPLAR


Lauro de Britto Porto estendeu tanto sua longevidade que, esperava-se, fosse possível fazer com ele em vida, a grande festa sergipana do seu centenário. Teria sido um belo momento vê-lo  tentando conter a emoção  para falar, sapiente e tranquilo, sobre o tempo alongado de uma vida edificante. Não foi possível aquela festa, mas, uma solenidade organizada com o carinho dos colegas médicos e da família, tornou-se o momento  destacado de lembrança e homenagem a um homem que  se poderia singelamente definir como exemplar.
Um dos seus mais dedicados sobrinhos, o advogado Carlos Rodrigues Porto da Cruz, escreveu um artigo no Jornal da Cidade que foi uma sucinta e abrangente biografia do tio que ele tanto reverenciava. Depois do artigo de Carlos, pouco se terá a dizer sobre a capacidade de  Lauro para construir afetos e amizades duradouras, mas, um aspecto talvez pouco destacado da personalidade do médico, do humanista, do intelectual Lauro Porto, tenha sido um filosófico distanciamento das seduções do poder. Logo ele, filho de político poderoso no seu tempo, o coronel Chico Porto, logo ele, dotado de uma inata sensibilidade política e rara capacidade de tecer relacionamentos, logo ele,  sempre tão lembrado para  candidatar-se a tantos cargos eletivos, desde o governo, ao Senado, à Câmara Federal , a vice –governança;   tendo a seu favor todas essas circunstancias tão  estimulantes,  preferiu sempre o tranquilo exercício da sua medicina, a presença ativa nas causas sociais,  o trabalho devotado para ajudar a manter de pé a grande fundação hospitalar criada por Augusto Leite, tudo isso sem necessitar do pedestal do poder.
O ex-governador Lourival Baptista   falava com admiração e respeito sobre a desambição de Lauro, de quem era fraterno amigo,  querendo fazer um contraste  nos momentos em que se via cercado por tanta gente em busca de cargos, influencia e prestígio. Carlos Cruz, que foi  muito jovem assessor de Lourival, deve tê-lo ouvido até lamentar  que Lauro,  com todas as qualidades que possuía, não  se mostrasse disposto ao exercício de cargos públicos. Mas ele não se distanciava da política, tinha uma forma peculiar de exercê-la, mesmo filiado à UDN, nâo deixava de dirimir odiosidades num cenário de tantas disputas, as vezes turbulentas, procurando orientar,  mostrando com equilíbrio e espirito público os caminhos mais justos que deveriam ser trilhados a tantos que recorriam aos seus conselhos.  Casado com a senhora Maria Aurélia, Lauro teve cinco filhos:  Francisco Eduardo, prematuramente falecido, Laura, engenheira elétrica, Roberto, desembargador, Patricia, economista, e Maria Aurélia, médica e professora da UFS.
   Durante a solenidade da noite de quarta-feira última, falaram  o presidente da Academia Sergipana de Medicina, Fedro de Menezes Portugal, Jeferson  Ávila, pela Sociedade Sergipana de Laringologia, Fábio Ribas, pela Sociedade Sergipana de Oftalmologia,  Josué Passos Subrinho pela UFS, o médico Thomaz  Porto Cruz, sobrinho de Lauro, e agradecendo em nome da família, a engenheira Laura Porto.
Um livro sobre Lauro Porto que mereceu os cuidados da família, de tantos médicos e intelectuais como o Dr. Petrônio Gomes, está sendo distribuído. Contem entrevistas, artigos escritos  quando Lauro fez oitenta anos, por Carmelita Fontes, Luiz Antonio Barreto, Jose Lima Santana, Thomaz Cruz, Carlos Cruz, Eduardo Cruz, Manoel Cabral Machado, Osmário Santos, João Oliva Alves , Mario Ursulino,  Petronio Gomes,  Jeferson Sampaio D`Avila,  e uma homenagem dos filhos , nora, genros e netos.

UM ARTIGO DE LAURO PORTO


Em 1992,  quando faleceu no Rio de Janeiro o advogado  e militante comunista sergipano Sinval Palmeira, Lauro Porto escreveu  no semanário O QUÊ, um artigo intitulado ERAM QUATRO, relembrando velhos companheiros dos tempos acadêmicos em Salvador.
 TRANSCREVEMOS:  ¨ Nos idos de 1934 e 1935  funcionava na rua do Tesouro em Salvador um hotelzinho chmado Hotel Apolo, que pouco mais era do que uma pensão frequentada principalmente por estudantes. Entre estes, quatro ocupavam uma mesa do bem cuidado restaurantes. Eram eles Sinval Palmeira, Paulo Costa, Clóvis Conceição e Lauro Porto. Os dois primeiros estudavam Direito e os outros  Medicina. Bacharelandos, doutorandos, enfim, todos que conquistavam essa posição, orgulhavam-se daquilo que mais vanglória podia oferecer-lhes. A vida de estudante ‘aquela época em Salvador, era bela e risonha, mesmo para aqueles que não contavam com facilidades financeiras. Tudo corria em ambiente de confiança ao amparo do excelente meio cultural, Após a formatura Paulo voltou a ocupar as funções de Promotor, em Maruim, das quais nunca  na realidade se afastara. Veio depois para Aracaju onde o casamento e resultante constituição de família, a política  o jornalismo e a advocacia enchiam os seus dias. Passou,  de maneira inesperada para o outro lado da vida, deixando um legítimo continuador na pessoa do seu também talentoso filho Luiz Eduardo.
 O Clóvis Conceição que era portador de  ¨uma pureza que o tempo não sujou ¨, já também se despediu, deixando como homem e como profissional, uma saudável lembrança da sua passagem pela vida.
Sinval foi agora afastado do nosso convívio, segundo notícia dos jornais. Com ele foi-se uma das figuras mais brilhantes da sua geração. Talentoso, bem apessoado, cedo  convenceu-se  como Amando Domingues, que a solução para os problemas sociais estava no comunismo. Isso não o afastou, de maneira alguma, da sociedade em que vivia. Foi destacado para  saudar Pedro Calmon, quando este inaugurou uma série de magnificas conferencias na Faculdade de Direito da Bahia, tendo  seu discurso tocado de perto o coração de uma jovem colega também estudante de Direito, depois sua grande companheira no curso da vida.
Os companheiros daquela época ainda comentam com saudade as com versas, as discussões, tudo em fim que enchia os dias da mocidade estudiosa e participante da década de trinta.¨

QUANDO A JUSTIÇA ESMAGAVA TESTÍCULOS


O incansável pesquisador, desbravador da História de Sergipe e do Brasil, Luiz Fernando Ribeiro Soutelo encontrou  uma preciosidade.  É a sentença de um Juiz que condena  à castração por esmagamento dos testículos um individuo que tentou estuprar uma mulher.  O episódio ocorreu na cidade sergipana de Porto da Folha no ano de 1833.
Transcrevemos a sentença que Soutelo nos enviou, conservando a ortografia original:
¨O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manuel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora Sant`Ana quando a mulher de Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de em uma moita de mato, sahiu  della de supetão
 e fez proposta a dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recusasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitando-a no chão deixando as encomendas della de fora  e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimonio porque ella gritou e veio em amparo dela Nocreto Correia e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises  que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio  do sucesso faz prova.
CONSIDERO
Que o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Chico Bento para conxambrar com ela e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque  casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana;
QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante  debochado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas tanto que quis também fazer conxambrar com a Quiéria e Clarinha, moças donzelas;  QUE Manoel Duda é um sujeito perigoso e que não tiver uma cousa que não atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens.
CONDENO
 O cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez  à mulher do Xico  Bento, a ser  CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa.
Nomeio carrasco o carcereiro
 Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos
Manoel Fernandes dos Santos
 Juiz de Direito da Villa de Porto da Folha Sergipe, 15 de outubro de 1833..