MEIO A MEIO POR QUE A SURPRESA?
Preso, o traficante Nem
chefe do tráfico na Rocinha, logo
revelou: ¨o lucro do negócio é dividido meio a meio com a Policia¨. Houve então uma enorme reação de surpresa.
Não foram poucos os que se indignaram com a corrupção, com aquela associação
ilícita entre responsáveis pela segurança e bandidos. Entre esses indignados,
uma boa parte formada cínica ou contraditoriamente, pelos que, habituados a cheirar, querem ter o
pó sempre à mão, mas parecem ignorar que
os seus narizes alimentam o
tráfico, em última análise, fazem surgir as quadrilhas, e com elas a
corrupção, que não alcança apenas a polícia, como simplificou o traficante Ném
ao ser preso. Os tentáculos de um negócio que no Brasil já ultrapassa
folgadamente cifras de bilhões de
dólares, não poderiam ficar restritos à relação promíscua entre bandidos e
policiais. Eles vão bem mais longe, chegam, sem dúvidas, aos três poderes,
seduzem também formadores de opinião, afinal, cifras assim
tão vistosas não poderiam se resumir aqueles vestígios em dinheiro, banheiras com hidromassagem, carros
importados e motos, além de fuzis e granadas encontrados sempre em quantidade com
traficantes refugiados nas favelas dos morros e das marés. É óbvio
que o grosso dos lucros deve estar bem guardado, protegido em outros locais, a
salvo das incursões da polícia. O garoto
da favela que entra no tráfico e troca a havaiana pelo tênis importado, não é o único beneficiário de um portentoso
negócio que lhe retirará bem cedo a
vida, mas, proporcionará aos capos ocultos uma
dolce vita de nababos.
O negócio das drogas ramifica-se com um outro que está também no
ranking dos mais importantes do mundo: o tráfico de armas. Este é ainda mais
completo e igualmente lucrativo. Dele participam figuras ainda mais poderosas,
e que nem sequer se escondem ou fazem questão do anonimato. Exibem-se
desenvoltos nos grandes centros financeiros, nos points badalados por onde
passam celebridades, são os mercadores da morte. Vendem, de pistolas a misseis.
Os fuzis que estão nos morros cariocas são uma ínfima parcela das transações
desses negociantes, intermediários ou
donos das poderosas indústrias. Um AR-15 para chegar à Rocinha, sai da
fábrica nos Estados Unidos, deve ter
registro, por conseguinte, não poderia passar pelas mãos do contrabandista se
não houvesse uma conivência entre a indústria e o tráfico. Quando eles saem da fábrica, não se quer
saber se irão parar nas mãos legais de
forças da segurança, ou se irão para mercenários a serviço de ditadores ou de
traficantes. A fatura é a mesma , não
importa o destinatário. Por isso, drogas e armas se tornam negócios distintos, mas, tão imbricados que exigem parcerias múltiplas. Daí a necessidade da corrupção, porque não podem sobreviver sem
que os organismos da segurança sejam aliciados, sem que os órgãos do Estado se tornem
cúmplices.
Não há, por conseguinte, motivo
para surpresas ou indignações. Surpresa, grande mesmo, seria se o tráfico
agisse absolutamente sozinho, sem coadjuvantes,
parceiros diretos no crime, além dos milhões de narizes que não param de
cheirar, os parceiros indiretos. E como
não param, o tráfico não acaba. O que se faz no Rio de Janeiro, com a competência e o comando firme de
um Secretário como Jose Mariano Beltrame não vai
acabar o tráfico de drogas, vai apenas fazer o essencial, que é assegurar a indispensável
presença do Estado no território onde antes era terra sem lei, dominada por
bandidos.
O TREM BALA E O NOSSO ¨MARIA FUMAÇA¨ (I)
A presidente Dilma Rousseff já
deve ter aplicado naquele bilionário
projeto do ¨trem bala¨ aquele recurso,
que, na linguagem jurídico popular se denomina
¨embargo de gaveta ¨. Assim,
igual à compra dos caças supersônicos, a
ideia do trem velocíssimo entre Rio e São Paulo dormitará esquecida na mesma
gaveta. A aquisição das sofisticadas
máquinas voadoras de guerra, adiada por mais um ou dois anos, e o velocíssimo e dispendioso trem, se o bom
senso prevalecer, acabará mesmo definitivamente
arquivado. Será, para a presidente que
parece ser extremamente cartesiana, um
alívio racional, deixar de lidar com um projeto que encarece a cada dia,
que pela frente só tem encontrado
obstáculos, e, ainda mais, já saltou da casa inicial dos 15 bilhões para mais
do que o dobro do valor, sem que a
relação custo beneficio possa ser matematicamente demonstrada. O trem de alto
desempenho uniria as duas maiores cidades do país, não se definiu ainda se
passaria também por Campinas, aliás não se definiu praticamente nada, além do
anuncio envolvido nas dúvidas abismais sobre variação do custo da obra.
Correndo a 400 quilômetros por hora, o
¨bala¨ faria o trajeto incluindo Campinas, em cerca de duas horas. Quando a velocidade baixa para algo em
torno de trezentos quilômetros, o preço final do projeto cai pela metade, o que
demonstra uma carência absoluta de lógica, quando se tenta, a preço tão elevado,
chegar a um ganho irrelevante de tempo. Parece que o ¨trem bala ¨seria assim como um Maracanã do século XXI, algo de que
pudessem se orgulhar os brasileiros. A
nossa autoestima não anda mais em patamares tão baixos, a exigir um colosso de
trem de quarenta bilhões de reais para fazê-la elevar-se um pouco. O tempo , a luta do povo, e aquele ex-barbudinho, Lula, ( que a barba lhe volte logo ) nos fizeram superar definitivamente o complexo de
vira latas. Nem precisamos de nada mais a exibir, principalmente, se for à
custa de sacrifícios e inversão completa de prioridades.
Se tivéssemos, rodando sobre
trilhos por todo o país trens com velocidade entre cem e cento e vinte
quilômetros por hora já estaria de bom tamanho. Um trem assim, completaria o
percurso entre Porto Alegre e Belém, com paradas e tudo o mais em menos de uma
semana. Entre as grandes capitais, caso do Rio e São Paulo, um trem
entre 200 e 250 quilômetros por hora já
reduziria muito a pressão sobre
os aeroportos, aliviaria o tráfego nas rodovias, reduziria, com fretes mais baratos, o
impeditivo custo Brasil. Temos hoje apenas 24 mil quilômetros de ferrovias, e
desses, pelo menos 5 mil estão inutilizados. Precisaríamos, pelo
menos, triplicar essa rede , e isso exigiria investimentos superiores a 130
bilhões . Um país como a França, aproximadamente do tamanho da Bahia, tem mais
do que o dobro de quilômetros de trilhos
do que o Brasil. A Rússia, aquela imensidão, não tem nem projeta nenhum trem
bala, mas é possível viajar-se de Moscou a Vladivostock no extremo leste da
Sibéria, coisa de uns seis mil quilômetros em menos de uma semana. Entre Moscou
e São Petesburgo há o mais rápido dos trens russos, percorre mais
de 600 quilômetros em quatro horas, é confortabilíssimo e pontual, como todos os
trens europeus.
Em Sergipe, restam-nos,
totalmente abandonados, cerca de 400 quilômetros de trilhos, coisa das antigas
locomotivas a vapor, as madorrentas Maria Fumaça, lá do inicio do século passado.
Em meados da década de cinquenta a Leste Brasileiro modernizou a ferrovia,
introduzindo locomotivas a óleo e carros bem mais confortáveis para
passageiros. Lembra o nosso memorialista maior, Murillo Melins: ¨Nos anos 40 viajei algumas vezes nos Maria Fumaça. O trem deixava
a estação de Aracaju, ali, onde fica o Mercado, pelas cinco da tarde, às onze da noite chegava a Itabaianinha, e por volta
das nove chegava à Estação de calçada em Salvador. O trajeto era sempre animado,
jovens elegantes, enfatiotados em ternos
brancos usavam guarda –pó para livrar-se da fuligem que se despejava da chaminé, e invadia as vezes os vagões com
janelas abertas para que diminuísse o calor. Durante as paradas nas estações o
trem reabastecia-se de lenha e água,
pessoas embarcavam e desembarcavam, cargas entravam e saiam; quase sempre, nas plataformas, moças usando
seus melhores vestidos esperavam namorados, ou apenas flertavam com os rapazes
no trem. Os play-boys da época costumavam alugar um vagão inteiro para a viagem festiva com namoradas e amigos num clima de muita alegria.¨.
Murilo Mellins , ao relembrar,
não nos leva a um tom saudosista, apenas, um registro histórico a revelar o descaso enorme que acabou por inviabilizar o transporte
ferroviário no Brasil.
É tempo agora de reativá-lo, com
visão estratégica de Brasil, o que, de
saída, nos obrigaria a arquivar o trem bala em função de conquistas bem
maiores, integrando as regiões, criando novas alternativas para transporte de
gente e de carga, livrando- nos do caos que já se desenha nas estradas e nas
cidades.( Continua domingo)
SAEM OS POLÍTICOS ENTRAM OS
BANQUEIROS
As chamadas grandes democracias estão mudando a roupagem
clássica que sempre ostentaram, e as crises levam-nas a adotar um figurino
assim parecido com o das ¨bananas republics¨ que eram tão execradas. Nos
Estados Unidos o movimento legítimo, popular , legal e democrático do ¨Ocupe
Wall Street, está sendo reprimido de forma violenta pela polícia. Os
manifestantes que expressam o sentimento de indignação que percorre o primeiro mundo até tiros em plena rua já
levaram do aparato policial . Se uma
coisa dessa acontecesse na Venezuela de
Huigo Chavez, logo a grande mídia internacional estaria denunciando as violências do ¨ditador¨. O pau também está
comendo nas ruas madrilenas, em Londres, Paris, Berlim, nas capitais de Estados
falidos, Atenas e Roma. Até golpe
parlamentar já aconteceu, quando trocaram Berlusconi , fascista eleito, por
outro primeiro ministro, banqueiro não eleito, e na Grécia, saiu Papandreu,
eleito, e entrou um não eleito, por sinal executivo da Coca- Cola. Então, com
banqueiros e executivos da Coca- Cola a Europa começa a tentar sair do atoleiro
onde lhe enfiaram os mesmos que agora lhe dão a receita de salvação. Vão prescrever, como sempre, sacrifícios para
o povo, restrições, contenções, enorme austeridade, desemprego. Ou seja, vai bater
mais fome na casa do pobre, vai cair o padrão de vida da classe média,
todos os gregos , italianos, irão empobrecer, também espanhóis, portugueses, vítimas da irresponsabilidade das finanças
globalizadas, duplamente penalizados
porque pagarão a conta da
recuperação. A Europa temporariamente será salva, depois,
a banqueirada volta a agir com desenvoltura , a quebradeira retorna, o ciclo se
repete.
Faltam estadistas para que a
crise seja enfrentada, ou seja, faltam estadistas para colocarem um freio na
libertinagem da agiotagem global.
OS CAMPI E AS TRANSFORMAÇÕES
Acertou, o governador Marcelo
Déda, quando fez uma parceria com o
reitor Josué Passos para levar vários
campi da UFS ao interior do estado. Lagarto, que tem o campus da saúde, vive
agora uma movimentada fase de preparação
da sua estrutura urbana para hospedar as centenas de estudantes dos cursos que
ali irão funcionar. Houve uma considerável valorização dos imóveis, terrenos
principalmente, onde começam a ser construídos pequenos prédios que formarão as
¨repúblicas ¨universitárias. De um modo geral a economia do município é
beneficiada com a presença de professores, de funcionários, pessoal com renda
relativamente elevada, centenas de
estudantes, tudo enfim, gerando um novo dinamismo para o município, que também
se firmará como polo de ciências da saúde, o que se tornou possível, em virtude
também, da instalação pelo estado do moderno hospital já em funcionamento.
Em Poço Redondo no sertão
sergipano, onde os índices de qualidade de vida melhoraram nos últimos anos, a
instalação do campus do Instituto Federal de Sergipe vai começar a provocar os mesmos sintomas
positivos de desenvolvimento. Atendendo uma solicitação do prefeito Frei Enoque o
governador manteve contato com o presidente da CHESF, e aguarda uma
definição da empresa sobre o pretendido
apoio para que se instale no campus da IFS uma escola de engenharia elétrica.
¨FIEL DEPOSITÁRIO¨
Conceituado empresário
sergipano estabeleceu um ¨acerto¨ com um
conhecido político para lhe
¨transferir¨, todo mês, uma
determinada quantia em espécie. Transcorreram alguns meses e o político não
apareceu para levar a sacolinha. Um dia,
ele com ares de muita importância, chegou solenemente e foi logo dizendo: ¨eu
não vou levar agora o numerário, você continua guardando aqui mesmo. E quero
lhe advertir: você é o meu fiel
depositário.
ANA LÚCIA ANTECIPA PROPÓSITOS
Caso venha a ser eleita prefeita de Aracaju a
deputada Ana Lúcia já tem definidas algumas decisões que deverá tomar nos
primeiros meses. Desprezará a ideia de aterro sanitário como destino para o
lixo, um antiquado e superado procedimento, e trabalhará num projeto para
instalação de uma indústria de beneficiamento do lixo. Já fez visitas a alguns
projetos similares em andamento e formou a convicção de que a ideia é viável, é o melhor e mais correto caminho para o
destino final do lixo urbano. Também
fará um planejamento racional e técnico
para o caótico transito de Aracaju, contratando uma consultoria especializada.
Retirará de imediato os guardas que estão na rua com caderninhos na mão
exclusivamente para multar, e os colocará com apito na boca nos locais de maior
engarrafamento para fazer o tráfego fluir mais livremente. Quer também, a
deputada , se for prefeita, dar à Guarda Municipal a responsabilidade de
zelar pelos logradouros públicos,
auxiliando a polícia na segurança da cidade.
JOÃO ALVES E O POVO NA PRAÇA
Garantem os partidários do
engenheiro João Alves Filho que, se ele ainda tinha alguma incerteza sobre a
sua candidatura a prefeito de Aracaju,
as duvidas desapareceram de vez. Isso teria acontecido naquele evento organizado pela Igreja Católica em que
estavam presentes milhares de fieis, o
Arcebispo Dom Lessa, o bispo auxiliar Dom Henrique, e várias autoridades.
Quando o nome do ex-governador foi citado pelo mestre de cerimonias, houve uma
forte manifestação de continuado aplauso. Naquele instante, João definiu a
candidatura, e já começou a trabalhar para somar partidos ao seu arco de
alianças.
OUTRO ENGENHEIRO NA DISPUTA
Foi na undécima hora. O engenheiro Valmor Barbosa Secretário de Estado da Infraestrutura,
filiou-se ao PT. Teria recebido um aceno forte para que assim procedesse. Valmor, que vem conseguindo agilizar o ritmo das
obras públicas, desenvolvendo importantes
projetos, seria uma reserva estratégica para o caso de vir a ser politicamente
recomendável a apresentação do nome de um técnico para a disputa pela
prefeitura da capital. Ele seria, na visão de alguns setores do PT, um nome
adequado para debater com João Alves projetos para Aracaju.
O PSDB E JOÃO ALVES
Adierson Monteiro, empresário que sempre teve uma preponderante veia política, se diz satisfeito
por ter continuado no PSDB. Esse é o mesmo sentimento do ex-prefeito de Riachão
do Dantas e ex-deputado Roberto Góis. Os dois, egressos do antigo PSDB de
Albano Franco, e dele muito amigos, estão muito bem afinados com o dirigente do
partido, o ex-deputado Jose Carlos
Machado. Segundo Adierson Monteiro, que é respeitado por ser um homem de palavra
firme, o compromisso que ele assumiu para apoiar João Alves a prefeito de
Aracaju será integralmente cumprido.
UM CHAMPAGNE EM PARIS
Nessa terça-feira, dia 22, tem muita gente que
pretende acordar mais cedo para compensar o fuso horário e telefonar a Albano
Franco, que festeja em Paris mais um aniversário. Está acompanhado de filhos e
netos , este ano, certamente, livre do incomodo e desgastante peso de carregar
um PSDB que lhe exigia ser de oposição. Albano, que é figura festejada em todo
o país, caso não desligue o telefone, nem terá tempo para tomar o champagne, ¨
celebrando a vida¨ como diria a
colunista Thais Bezerra.
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