segunda-feira, 24 de outubro de 2011

OS MERCENÁRIOS SENHORES DA GUERRA


Amanhã, se um grupo armado se insurgir contra o presidente da Venezuela,  Hugo Chavez,  e quiser o apoio militar dos  Estados Unidos, do bloco militar da OTAN, bastará fazer uma boa proposta. Que tal  2 milhões de  barris  de petróleo para dividir com todos, durante algo assim como 5, ou mesmo 10 anos?
 Aparecerão os argumentos de sempre para justificar  a agressão. Hugo Chavez é  uma ameaça à estabilidade do continente, é um ditador que destrói as instituições democráticas da Venezuela, os seus adversários são pessoas comprometidas com a liberdade, os direitos humanos, é preciso então apoiá-los. A Inglaterra, apequenada com Tony Blair, agora com David   Cameron, logo  se apressará em seguir os Estados Unidos, Sarkozy, querendo exibir força e prestigio não hesitará em ir à guerra. A Itália do capo Berlusconi, semifalida, nem precisará pensar duas vezes.
   Ao Caribe chegarão os porta-aviões, os submarinos nucleares. Deles sairão os jatos , os misseis, as aeronaves não tripuladas. As instalações militares de Chavez  serão arrasadas, os rebelados receberão apoio tático para o desimpedido avanço até  Caracas. Preferencialmente, Chavez será morto, um descontrolado ato de vingança dos rebeldes se traduzirá no linchamento que não pôde ser evitado. A  Venezuela estará pronta para retomar o caminho da democracia, ou seja, retornará ao poder a velha carcomida e corrupta   elite dominante. Por séculos, os privilegiados donos da Venezuela enriqueceram com os lucros do petróleo que dividiam com as grandes corporações multinacionais, enquanto    multiplicava-se uma massa esquecida de miseráveis.
 Depois de tudo os  ¨libertadores ¨ apresentarão a conta, e ela terá de ser paga.
O mesmo poderá acontecer em Cuba. Como a ilha não tem petróleo, os rebeldes terão de encontrar uma maneira de pagar aos  mercenários o custo da guerra. Serão escancaradas as fronteiras do país para a entrada dos antigos proxenetas e crupiês que comandavam o bom negócio  do lenocínio, da droga e  da jogatina nos lupanares de  Havana. E tudo acontecerá  em meio às grandes comemorações pela volta da liberdade e da democracia.  Os cubanos deixarão de lado as esperanças nascidas com uma revolução que simplesmente envelheceu, tornou-se até caquética, e assistirão o seu país voltar a ser um enorme cabaré, igualzinho ao que era nos tempos de   outro ditador, o sargento ladrão Fulgêncio Batista.
 Este é o novo cenário cínico- geopolítico  do mundo, depois que os países militarmente poderosos se transformaram em mercenários a soldo de quem eles mesmo identificarem como o lado bom em choque contra a banda podre do mal.
 Tudo começou na Líbia onde estiveram os mercenários ajudando a liquidar o ditador,  aliás covarde, como o outro do Iraque. Os dois se deixaram prender como ratos fugitivos, com medo de acionar um gatilho e morrerem com algum resquício de dignidade. Mas o mundo árabe é demasiadamente complexo. Kadafi, o ditador linchado,  será visto por uma boa parte da população   como mártir. Os mercenários começarão a cobrar a salgada conta. Um parlamentar americano já fez rápidos cálculos iniciais e apresentou uma cifra superior a um bilhão de dólares. França, Inglaterra, Itália, até a quebrada Espanha, também irão querer o seu quinhão.  A guerra   não custará menos de vinte bilhões de dólares aos novos governantes.  Depois do ritual de sangue, da dança festiva em torno de cadáveres, os líbios se verão diante da realidade, do custo da guerra a ser cobrado implacavelmente pelos seus  ¨libertadores¨.  Ai, aquilo poderá virar um   outro  Iraque.

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