terça-feira, 30 de agosto de 2011

EDIVAN AMORIM E O TRATOR DE EUVALDO DINIZ

Euvaldo Diniz foi um político que fez durante sua vida breve, meteórica carreira em Sergipe. Quando se pensava que ele fosse somente um empresário ousado, Euvaldo ingressou na política, mesmo sem o aval do padrinho poderoso, o líder udenista Leandro Maciel, Deu a si mesmo o título de arrojado e fez o que a principio todos pensavam fosse uma aventura inconsequente. Candidatou-se em 1958 a deputado federal. Ninguém mais o conteve. Euvaldo se comparava a um trator descendo sem freios a ladeira do Santo Antônio.  Prometeu botar um prego no sapato do presidente Juscelino caso ele lhe negasse qualquer dos pedidos que iria fazer-lhe.  Na primeira audiência ouviu de Juscelino: deputado, eu tenho o costume de tirar os sapatos por baixo da mesa, mas agora estou calçado, prevenindo-me contra o seu prego. A partir dali fizeram uma boa amizade, que se ampliou ao ministro Mário Pinotti, da Saúde, e então,  Euvaldo começou a  despertar a inveja em  todos os outros parlamentares sergipanos. Reeleito em 1962, aproximou-se de João Goulart, e seria Ministro da Indústria e Comércio caso não houvesse o golpe de 64. Euvaldo desfilou pela rua  João Pessoa na manhã  do dia primeiro de abril com uma metralhadora na mão e à frente de um grupo de trabalhadores, gritando a favor da legalidade. Consumada a quartelada, entrou na lista dos que seriam cassados, escapou, seduzindo um militar influente, que tinha atração irresistível por rebrilhantes brilhantes, de preferencia, com mais de cinco pontos. Mas isso já é outra estória.  Euvaldo  morreu aos 36 anos quando o avião da VASP  chocou-se, no mês de agosto de 64, com o pico do morro  da Caledônia em Nova Friburgo, Rio de Janeiro.
Entre o Euvaldo Diniz que rápido projetou-se e tornou-se influente político e o empresário e articulador Edivan Amorim, não há exatamente uma semelhança, apenas o fato de que saíram das atividades privadas para o ingresso na vida pública com total sucesso. Edivan nunca se fez candidato, apenas, constrói projetos políticos com a habilidade de um artesão que sabe manejar com o mais sensível e complexo dos materiais que é o humano.  Edivan ao contrário de Euvaldo, não desce ladeira na banguela, pelo contrário, usa competentemente o freio motor, e não pisa para acelerar ou desacelerar, prefere o piloto automático que regula para determinados períodos, na velocidade que lhe for conveniente. Assim, Amorim desenvolve uma incrível engenharia política que, segundo assinala Gilton Garcia, ex-governador  do Amapá e ex-deputado, agora seu mais recente aliado, faz desaparecerem antigas e arraigadas desavenças, quando, por exemplo, colocou do mesmo lado votando para senador no seu irmão Eduardo, lideranças políticas adversárias  radicais em  Itabaiana, a deputada Maria Mendonça,  seu irmão Jose Teles e o prefeito Luciano Bispo. 
Com essas proezas de harmonização dos contrários, e mais muito planejamento estratégico e uma tática aplicável a cada circunstância, Edivan assistiu crescer em torno dele uma engrenagem política nunca antes montada em Sergipe durante períodos democráticos. Gilton  enumera cifras da última eleição para demonstrar o¨ efeito Amorim¨ na política sergipana. O médico Eduardo, seu irmão, venceu a eleição para o Senado em 65 dos 74 municípios sergipanos, e em outros 5 ficou em segundo lugar,  disputando com 3 dos mais expressivos nomes da política sergipana, o senador e ex-governador, Antonio  Carlos Valadares, o segundo eleito;  o duas vezes ex-governador  e ex-senador Albano Franco, e o ex-deputado Jose Carlos Machado, candidato apoiado pelo ex-ministro e três vezes governador João Alves Filho.
Gilton Garcia depois de uma reunião em Brasília com o presidente nacional do PTB Roberto Jeferson, cedeu à presidência do partido em Sergipe para Edivan Amorim, e ficou sendo vice, enquanto um dos seus filhos será o presidente do diretório municipal de Aracaju.
Gilton está satisfeitíssimo. Lembra Tancredo, repetindo dele uma das frases preferidas: A matéria-prima da política é o diálogo. Ele quer ser candidato a deputado estadual em 2014. Sonha, depois de ocupar diversos cargos públicos, retornar ao convívio da Assembleia Legislativa, de onde saiu em 1968 pela força das baionetas que eram a sustentação única da ditadura.
Há notícias bastante confiáveis de que um acordo político já estaria alinhavado entre o senador Antonio Carlos Valadares e os irmãos Amorim.  Eles tricotaram durante jantar em Brasília.  O grupo apoiaria o deputado federal Valadares Filho candidato a prefeito de Aracaju.
 Em todos esses entendimentos, dizem os que deles participaram, Edivan tem deixado a certeza de que,  mantida a atual estrutura do grupo, o candidato ao Senado Federal só não será o governador Marcelo Déda se ele não quiser  disputar a eleição.

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