terça-feira, 30 de agosto de 2011

A CANTANTE SANGALO E O SEU CAMAROTE PODRE

Ivete Sangalo fez muito, muito pior do que o motorista que atropela, fere ou mata e sai em disparada sem prestar socorro. No caso do camarote apodrecido que desabou, a cantora não foi apenas irresponsável, foi também desumana. Afinal, toda aquela gente que despencou ao chão, muitos ferindo-se gravemente, lá estava para ver e ouvir a cantora baiana que atrai multidões.  A senhora Sangalo era a responsável pela festa, era o centro de todas as atenções. Então, caberia a ela mais do que a qualquer outra pessoa, demonstrar pelo menos alguma preocupação com as vítimas do acidente, pelo qual diretamente não teve culpa, mas toda a estrutura, todos os camarotes foram armados para que houvesse plateia, gente que paga muito caro, para ouvir o repertório um tanto estridente de uma mulher bonita que usa os atributos do seu corpo, principalmente as tão decantadas pernas, como eficientes chamarizes. Daniela Mercury, que tem voz suavemente harmoniosa, corpo com todos os meneios da voluptuosidade afro-baiana, que é fina, educada, sensível, tem presença marcante em ações sociais, inclusive em Sergipe, não faz o mesmo sucesso da Ivete, que é pesadona nos gestos, vulgar nas manifestações, e agora revelou-se também, insensivelmente egoísta. Em São Paulo, enquanto pessoas tinham pernas, braços quebrados, traumatismos diversos, ela, indiferente, gritava que nada iria impedir o show, e continuou a cantar, a pular como se nada houvesse acontecido. Depois embolsou o exagerado cachê e postou no twitter: ¨A todos o meu carinho, o meu beijo.  A volúpia de ganhar mais e mais dinheiro é tão grande que Ivete nem  teve tempo de ir visitar os feridos nos hospitais, de  fazer-lhes algum gesto efetivo de solidariedade.
 Quem assiste diante dos olhos um camarote desabar com 3 mil pessoas em cima e continua pulando e cantando como se nada houvesse ocorrido, saberá o que vem a ser solidariedade?
Como se dizia antigamente: alguém assim terá coração?
¨The show must go on¨,  o show  deve continuar,  frase surgida na Broadway  que foi para os filmes de Holywood,  traduz um sentimento de responsabilidade  do artista com o seu público. É aquela imagem do palhaço chorando por dentro e com a face escancarando um contagiante riso, porque aqueles que assistem o show querem rir, divertir-se, e os dramas do palhaço não lhes dizem respeito.  Há toda uma literatura e um repertório operístico sobre esse tema que, no caso da senhora Sangalo foi subvertido. Enquanto muitos choravam, gemiam, e precisavam de socorro urgente, o show continuou para que a Sangalo alegre e sorridente continuasse movimentando a máquina de fazer dinheiro, se lixando para as vítimas do seu palanque podre.

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