sábado, 11 de junho de 2011

A SACERDOTISA DA DANÇA


Há pessoas para as quais todas as homenagens recebidas nunca correspondem ao que elas merecem. A calabresa, ou melhor dizendo,  a siciliana Lú Spinneli, ( na Itália seria uma prima dona) é uma dessas personagens assim, que se fazem credoras do reconhecimento, pelo que fazem, pelo que são, pelo protagonismo que exercem na sociedade. No tempo em que homem dançar “ era prova de viadagem “ e que mulher sofria restrições quando exibia o corpo, e isso faz só quarenta anos,  Lú, filha de Spinelli, o mais famoso alfaiate baiano ( Adão não se vestia porque Spinneli não existia) chegou ao acanhado Aracaju, lugar bem miúdo,  província assolada por todos os preconceitos e maledicencias.  Veio, vestindo roupas dos out-siders de então, e foi desafiando hábitos de um conservadorismo  rabugento. Fez um Studio e chamou as pessoas a dançarem a vida. O Studio Danças é hoje uma respeitada instituição, e a sua fundadora uma  festejada pioneira. Nesses quarenta anos que a fizeram sergipana reconhecida pelo Poder Legislativo, Lú  firmou presença ativa na cena cultural, foi ativista, foi batalhadora e nunca parou. É chegado o  tempo das homenagens, e Lú Sppineli aos quarenta anos de  sergipanidade, está a recebê-las. Ao tempo em que foi reconduzida para o Conselho Estadual de Cultura, juntaram-se o Governo do Estado, a Prefeitura de Aracaju, a Universidade Federal, para ainda mais a homenagear, e Lú, em meio a tantas deferências, só faz misturar lágrimas aos sorrisos.

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