Obama, o breve, anuncia agora a retirada das suas tropas do Afeganistão. Quando ele entrou na Casa Branca, lampeiro, fagueiro, loquaz, logo anunciou que retiraria suas tropas do Iraque, fecharia o campo de concentração, quase cópia do nazista Auschwitz, em Guantánamo, território ocupado de Cuba. Desenhou então uma nova geopolítica, transferindo para o Afeganistão o centro das operações militares; “a guerra contra o terror “, que Bush anunciou ao mundo sem definir exatamente quais seriam os seus inimigos. Para Obama, era no Afeganistão onde, dalí em diante, a juventude americana deveria morrer em defesa de vagos e suspeitíssimos conceitos de liberdade e democracia. Seria no Afeganistão, onde, cercado por suas tropas fieis, estaria metido em alguma caverna Osama Bin Laden, comandando, lá de dentro do remoto buraco, as ações terroristas da Al Qaeda , sua particular organização terrorista.
Escancarou-se para todos os norte-americanos sensatos, a formidável farsa mentirosa de Bush, amedrontando a nação com as repetidas denúncias sobre o perigoso arsenal de armas de destruição em massa, ou seja, artefatos nucleares, gases letais, produtos biológicos capazes de espalhar terríveis e mortais epidemias, e tudo isso nas mãos de um “louco assassino “, como era definido Saddam Hussein.
Os americanos arrasaram o Iraque com suas bombas “inteligentes “, capturaram um acovardado Saddam, maltrapilho e sujo, enfiado num poço infecto. E então , com o fracasso da ocupação, que consumiu trilhões de dólares, entenderam que Saddam Hussein era mesmo a garantia de estabilidade forçada, num país repartido entre tribos, etnias e seitas, raivosamente rivais.
Daí em diante, a “guerra justa “ seria somente no Afeganistão, onde estava a “grande ameaça ao mundo livre, à democracia”. Passa o tempo e os argumentos são sempre os mesmos. Terminada a “ameaça comunista “ era preciso encontrar um outro motivo para manter intacto o formidável aparato militar que exaure o tesouro americano, e Osama Bin Laden ofereceu o pretexto, com a insânia do 11 de setembro. Existem hoje plausíveis suspeitas de que a engrenagem da inteligência militar americana sonhava com um bom motivo para evitar o desmonte parcial da máquina de guerra, que seria inevitável, sem a existência de graves ameaças externas.
Obama fala em paz, ou em guerra, a depender das circunstancias, das tendências do eleitorado captadas pelas pesquisas eleitorais. Durante a campanha, prometeu paz, diálogo substituindo a força, nova política para o Oriente Médio, que, necessariamente, passaria pela criação do Estado Palestino. Capitulou diante do poderoso lobby sionista. Temendo a agressiva direita americana, cedeu às pressões do Pentágono, esqueceu do que prometera em relação a Guantánamo, centro clandestino de torturas. Começou uma tímida retirada do Iraque e ampliou a guerra no Afeganistão. Enquanto apertava um nó da gravata no quarto de hotel no Rio de Janeiro, autorizou os bombardeios na Líbia, abrindo uma terceira e desastrada frente de combate. Uma atitude deselegante, grosseira, um chute na diplomacia, que, em face das circunstancias, recomendaria respeito ao país visitado, que já se manifestara contra a intervenção na Líbia.
Acossado agora pela opinião publica que se mobiliza contra a guerra, premido pelas finanças que entram em colapso acelerado, Obama imprime um outro tom à sua retórica quase desacreditada, e inventa um diálogo com os Talibãs, tornando possível a retirada das tropas. Na verdade, diante da perspectiva de falência e do beco sem saída onde meteu seus exércitos, Obama, de olhos postos numa difícil reeleição, manda parar a carnificina.
É possível agora que venha a paz, não exatamente para preservar vidas, mas, como decorrência da necessidade de votos.
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